Histórias de uma portuga em movimento.
28
Jul 04
publicado por parislasvegas, às 07:11link do post | comentar
Já lá vão quase quinze dias desde que mudámos de casa. O jardim tem dado côr não só à casa, mas também à minha epiderme deprimida por 8 meses sem sol....Só de regar o jardim e nas brincadeiras com os miúdos e com os cães, já ando toda coradinha. Recuperei o meu ar de portuga, não só pelo bronze de agricultor, mas também porque me resolvi a devolver a côr original à juba. É que a história de andar a depilar as sobrancelhas já me andava a irritar.
Os cães lá se foram habituando, com o tempo, ao novo território. A Shar Pei passa os dias a trabalhar, numa agitação constante de cão de guarda. Como se calcula, a bulldog passa os dias a dormir. Os bulldogs são cães realmente extraordinários - só se mexem MESMO quando é preciso. Mas atenção: aquela gordura e bonacheirice engana! em segundos podem passar de Bela Adormecida ao Diabo da Tansmânia!
Escusado será dizer que o "duo maravilha" já me comeu uma parte das plantas do quintal. Para além de já terem começado a roer as escadas que levam ao andar de cima.
A minha teoria é que o fazem por vingança, por estarem proibidas de subir as escadas. Não é que eu seja daquelas pessoas que pensam que "cães só na rua" e coisas do género. Mas quem tem bulldogs deve compreender. O risco da Angie se baldar escadas a baixo e partir duas patas é demasiado alto para permissividades.
Tenho papado desenhos animados até dizer chega. O que até nem tem sido mau, uma vez que até ontem não tínhamos antena de televisão.
Aos poucos estamos a "melhorar" a cabana: tenho que substituir o telefone. Temos um telefone vermelho, verdadeiramente soviético. Palavra d'honra que tive vontade de perguntar aos senhorios se dava ligação directa ao Brezhnev. Mas tive medo que não tivessem sentido de humor para encaixar a piada...
O pior é que as fichas do telefone também são soviéticas e agora não conseguimos encontrar adaptadores. Enfim, a história de sempre aqui. De maneira que não podemos ter internet em casa, pelo menos por agora, ou até aparecerem ligações internet com fichas soviéticas da década de 30.
Na semana que estivémos sozinhos, compensámos a falta de televisão e internet com Jacuzzis e Saunas. Como vêem a falta de tecnologias avançadas tem as suas vantagens....Agora que andamos em versão familiar "upgraded" nem nos lembramos das deficiências cibernéticas da casa. Acho mesmo que se não tívessemos telefone nem daríamos por isso....

27
Jul 04
publicado por parislasvegas, às 01:50link do post | comentar
Adeus Ana

publicado por parislasvegas, às 01:10link do post | comentar

«Já me tem sucedido fazer as pessoas chorar enquanto eu toco... E eu não compreendia isto, mas depois percebi que é a sonoridade da guitarra, mais do que a música que se toca ou como se toca, que emociona as pessoas».
Carlos Paredes

Como se fosse "apenas" a guitarra, como se ele próprio não existisse. A guitarra nas suas mãos como entidade, ganhadora de alma, explodindo em acordes violentos para logo se suavizar.
Muitas vezes ouvi a sua música e fechei os olhos imaginando a rebentação das ondas. O Mar tem a mesma força contida e a mesma harmonia calmante.
Chamam-lhe "modesto" e o "artista tímido". Cá na minha opinião, simplesmente, o maior compositor para guitarra portuguesa do nosso tempo.


26
Jul 04
publicado por parislasvegas, às 02:36link do post | comentar
Os últimos dias têm sido um bocadinho mais agitados do que o habitual. Na quinta-feira meti-me no avião e desembarquei em Portugal ao início da noite. Ainda a tempo de participar no jantar de aniversário da minha mãe, de estar um pouco com o meu pai (que eu já não via há tempo de mais para o meu gosto) e, finalmente, cair na cama completamente morta com o desgaste da viagem (sempre são cinco horas...) e a excitação de estar novamente em casa.
Sexta-feira foi um dia entre o infernal e o maravilhoso.
Veio a calhar o Zé Pedro ter decidido nascer no dia 22. Eu a pensar que ia visitar uma amiga muito grávida e dou com o puto já cá fora e o hospital cheio de amigos que eu queria ver. Um "dois em um" do caraças! Não houve sol nesse dia, nem vi o "nosso" azul celeste que tanto me faz falta. Nem sequer consegui ir ver o mar. Mas compensei com boas conversas entre amigos e família.
No final do dia lá fui outra vez o correr para o aeroporto. Trouxe comigo os filhos do Alex, que cá passarão o resto das férias de Verão.
E como se o dia ainda precisasse de mais complicações, vi-me aflita para chegar à Portela e depois vimo-nos ainda mais aflitos para conseguir enfiar-nos dentro do avião. Já não passava um stress destes desde que, há uns anos, me rebentou um pneu a caminho do aeroporto.
Lá conseguimos cá chegar às 5 da matina, hora local. Aeroporto meio vazio e meio fechado. E nem sombras do Alex....
Para ajudar à festa, eu não fazia ideia do nome da minha própria rua (mudámos há pouco tempo e o nome não é fácil de fixar) e os telefones não funcionavam. Que raiva! dois telemóveis e nenhum dos dois conseguia a chamada!
Lá meti as duas crianças ensonadas dentro de um taxi e fui a explicar o caminho ao motorista. Quem me conhece sabe que isto é um perigo. Explicar caminhos é o meu ponto mais fraco. Sou completamente desprovida de sentido de orientação. Sofro de cretinice geográfica aguda. Mas isso fica para outra posta.
Cheguei a casa às 6 da manhã com as crianças completamente despertas. Afinal o nosso carro tinha dado o berro e o pobre do Alex nem conseguiu sair de casa.
Eu só queria uma cama para ver se, finalmente, descansava. Mas vão lá vocês convencer um miúdo de 4 anos que é preciso dormir àquela hora: "Mas está de dia! Não vês que já é de manhã?"
O fim-de-semana passou entre a decoração dos novos quartos, muita brincadeira com os cães, muitos desenhos e muita excitação e correria no jardim. Os adultos iam tentando arrumar o resto da confusão que sobrou da mudança, entre tratar de cães e dar atenção às crianças. Quando me deitei devo ter demorado 0.0009 segundos a adormecer, mas com um grande sorriso....

22
Jul 04
publicado por parislasvegas, às 02:16link do post | comentar
Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.

Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.

Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.

Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.

Longamente bebem
o silencio
nas próprias mãos.

O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.

Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.

Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.

É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar.

São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.

Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.


Eugénio de Andrade






20
Jul 04
publicado por parislasvegas, às 07:21link do post | comentar
Dicas para mudar de casa sem ter ataques de nervos:

Para sair da casa antiga:

1 - contratar equipe de empacotamento e transporte - pois é, fica caro. Mas infelizmente é condição essencial para uma partida rápida e indolor. Ter uma equipe de 6 ou 8 pessoas, altamente qualificadas, que empacotem tudo em 4 ou 6 horas (sem partir nada!) é, realmente, um descanso. Só é preciso supervisionar os trabalhos, e ter a certeza que os talheres não vão parar à caixa que diz "casa de banho" ou coisa que o valha.
2 - Preparar vários "kits de sobrevivência" - incluíndo TUDO o que será necessário para, em caso de algo correr mal, poder sobreviver sem os caixotes que a companhia vai transportar. Isto é, roupas pessoais, de cama, de banho, materiais de limpeza de casa e produtos de higiene pessoal, chaves, dinheiro, valores etc...(pode parecer óbvio, mas...). Estes Kits de sobrevivência deverão ser pequenos e compactos, de modo a poderem ser transportados pessoalmente em qualquer ocasião.
3- Manter crianças pequenas e animais domésticos longe das movimentações.

Para entrar na casa nova:

1- Desempacotem a aparelhagem de som em primeiro lugar. Não há nada mais chato do que trabalhar que nem um cão (limpar casa, desempacotar tralha, organizar espaços, etc) e...em silêncio! Temos seguido esta regra em cada mudança. Já lá vão três e tem dado bom resultado.
2 - Mentalizar-se que VAI DEMORAR. Que as coisas se fazem com tempo, e que não é possível montar a casa de um dia para o outro. ISTO também pode parecer óbivio, mas eu só comecei a meter isto na cabeça a partir da terceira mudança na minha vida (esta é a quinta em 6 anos...)
3 - manter os caixotes longe das crianças pequenas ou animais domésticos.

Por último, ter uma grande dose de paciência e bonomia para encarar a trabalheira, o cansaço e a confusão generalizada que uma mudança implica. Se forem religiosos, rezem para não se perder nada no meio do turbilhão.
E boas mudanças!

15
Jul 04
publicado por parislasvegas, às 07:47link do post | comentar
Só mais uma coisinha: parece que estes rapazes estão de volta. Muito boa notícia para toda a blogosfera portuga!!!

publicado por parislasvegas, às 07:40link do post | comentar
Wackiness: 34/100
Rationality: 44/100
Constructiveness: 62/100
Leadership: 44/100


You are an SECF--Sober Emotional Constructive Follower. This makes you a hippie. You are passionate about your causes and steadfast in your commitments. Once you've made up your mind, no one can convince you otherwise. Your politics are left-leaning, and your lifestyle choices decidedly temperate and chaste.

You do tremendous work when focused, but usually you operate somewhat distracted. You blow hot and cold, and while you normally endeavor on the side of goodness and truth, you have a massive mean streak which is not to be taken lightly. You don't get mad, you get even.

Please don't get even with this web site.

Ha ha, pois. O teste está aqui, via Bomba Inteligente

publicado por parislasvegas, às 03:21link do post | comentar
Local: Uma Maternidade e zonas circundantes

PRIMEIRA VOZ:
Possuo a lentidão do mundo. Espero pacientemente
Que o meu tempo se escoe, o sol e as estrelas observando-me atentamente.
A preocupação da lua é mais íntima:
Passa e volta a passar luminosa como uma enfermeira.
Será que lamenta o que está prestes a acontecer? Não me parece.
É apenas o espanto perante a fertilidade.

Quando eu sair daqui, serei um acontecimento notável.
Não vale a pena preocupar-me ou sequer ensaiar.
O que me está a acontecer, seguirá o seu curso naturalmente.
O faisão está de pé na montanha;
Exibe as suas penas castanhas.
Não posso deixar de sorrir ao pensar no que sei.
As folhas e as pétalas esperam-me. Estou pronta.

Sylvia Plath (1932-1963)
In Três Mulheres - poema a três vozes,Relógio D'Água, Abril de 2004

publicado por parislasvegas, às 01:02link do post | comentar

Chuva. Primeiro a rodos, em cascata. Com relâmpagos que despedaçaram árvores centenárias e arrancaram telhados a casas precárias. Com trovões que despertaram os alarmes dos carros. Com ventos que transformaram jardins em colecções de cadáveres de plantas exóticas. Agora de mansinho. Passada a fúria dos primeiros dilúvios ventosos, há dois dias que temos uma chuva miúda constante. Irritante. Entranha-se, humidifica, esfria e suja tudo por onde passa.
O céu e os edifícios formam um pano de fundo cinzento, quase a preto-e-branco, quebrado pelas árvores de um verde luxuriante. Parece um daqueles postais fotográficos antigos, com as cores desbotadas pelo tempo, a que alguém retocou o verde.
A população recuperou as gabardines de Outono, acabaram-se as cores berrantes na rua. As lojas mantêm-se num Verão imaginário.
A Natureza contraria as Estações.

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