Histórias de uma portuga em movimento.
31
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 15:23link do post | comentar | ver comentários (2)

...do arco da velha.

Aproveitando o "melancial" da sabedoria popular portuguesa, estas senhoras criaram uma loja de T-shirts com alguns slogans que toda a gente conhece - aqui.

Está fantástico!!!

É a minha opinião, pode haver outras.


30
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 15:37link do post | comentar | ver comentários (1)

Com o cérebro meio apanhado pelo frio do caraças que aqui se tem feito sentir, decreto hoje o final oficial da Silly Season neste blogue.

Ando ligeiramente lixada pelas temperaturas muito abaixo dos 20 graus, que me obrigaram a vestir roupa de inverno durante todo o mês de Agosto e a acender a lareira todos os dias. Caguei para a economia de electricitidade e já acendi o aquecimento geral da casa e tudo. Porra, passar frio em Agosto é que não. Isso já é demais. Quem haveria de dizer que após quatro anos a viver num iceberg, eu ainda haveria de passar o Verão mais frio da minha vida em França. Sorte filhadaputa.

De resto a minha actividade neural vai arracando aos poucos. Começo a ver que existem outras coisas para fazer profissionalmente que não estão ligadas ao Líbano ou a Timor. É sempre bom passar o Verão a trabalhar em guerras....

Neste momento, e seguindo a minha tradição pessoal de andar sempre contra-a-corrente, já só penso nas minhas férias, embora ainda faltem dois meses.

Já ando com a cabeça no ar, a comprar guias de tudo o mais alguma coisa para poder preparar a estadia com antecedência. Ainda falta decidir em que Continente é que vamos descansar, por isso já estourei o orçamento deste mês em livros de viagem a vários sítios exóticos.

É o meu "vá pra fora cá dentro". Tenho esta mania de sonhar com viagens e nada me dá mais prazer do que a preparação das férias. Muitas vezes, nem as férias em si me dão tanto gozo quanto esta fase de preparação. Não se pense com isso que quando arranco vou com tudo já milimetricamente planeado - não senhor, que esse tipo de férias (que eu chamo de "Guterristas" porque é o que o nosso ex-PM tinha a mania de fazer, mais do que mania - obecessão de fazer) não é pra mim. Mas gosto de ter um "overview" de tudo o que é possível fazer antes de chegar aos sítios e depois, só depois de lá chegar, é que decido se faço ou não.

Este Agosto foi fértil em notícias de amigos de Kiev. Infelizmente, nem todas positivas. O nosso "padrinho" de casamento perdeu o irmão mais velho no início do mês. Tenho muita pena, principalmente porque este choque lhe chegou na altura em que tem, obrigatoriamente, de mudar de país. A nossa vida é assim, nem sempre fácil. Espero poder vê-los aqui em Paris quando fizerem escala a caminho da sua nova casa- as Ilhas Maurícias. Passar da Ucrânia para um paraíso tropical até nem deve ser mau. Espero que se adaptem bem e tenham muita sorte no novo sítio.

Os meus amigos checos escreveram-nos esta semana a informar que se vão mudar para Praga. Como o filho chegou à idade da Universidade querem que o miúdo estude em Checo, o que é capaz de ser uma opção difícil porque o puto NUNCA estudou na própria língua....Em Kiev estava no liceu americano e estudava em russo e inglês. Mas os nossos amigos estão bem lançados nas respectivas carreiras e não acredito que fiquem em Praga muito tempo, não deve faltar muito para o Mila ir desempenhar funções de Embaixador algures...São pessoas tão calorosas e tão agradáveis que eu adorava viver novamente na mesma cidade que eles. Os nossos almoços checos de Domingo e as jantaras tailandesas na nossa casa eram sempre inesquecíveis. O Mila, com o seu metro-e-noventa-e-tal gostava de chocar o restante corpo diplomático da União Europeia, pegando-me ao colo nas reuniões, para demonstrar como a "cooperação entre Europeus" era possível (ainda estou a ver a cara dos outros colegas!!!).

Os espanhóis lá estão a secar em Ottawa. Uma das capitais mais chatas do mundo, a par do Luxemburgo e de Berna. Após a chegada ao Canadá, e do divórcio, são muito mais difíceis de contactar. Finalmente, passado mais de um ano, consigo estar em contacto mais ou menos permanente com os dois. A minha amiga ainda não se decidiu se regressa ou não à Europa, mas por enquanto está a curtir o novo mundo e a pensar mudar-se para Montreal...O que lhes aconteceu não foi nada invulgar nesta vida, muitos casais se divorciam quando mudam de país. Somos nós e os controladores aéreos que rebentam a escala da percentagem de divórcios. Mas a vida continua, e eu tenho a certeza que eles vão ser muito felizes, cada um à sua maneira.

Quero voltar a Kiev, um dia destes, para ver os amigos que ainda lá estão, na sua maioria ucranianos. Tenho sempre saudades das pessoas especiais que conheço nestas andanças e tenho muita pena de ter perdido contactos ao longo dos anos, mas, agora, já sei a receita e há amizades que não vou deixar morrer.


22
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 15:59link do post | comentar | ver comentários (4)

 

Calço os meus sapatos azuis e vou assim segura, exibindo uma diferença no meio da cidade cinzenta e das pessoas todas iguais. Gosto de exibir diferenças, de parecer que não tenho medo de nada disto. Que posso ser melhor do que os outros, mais confiante, sempre com uma resposta pronta a sair da língua, um comportamento estudado para todas as situações.

Fui construindo assim os meus dias. Enfiados e todos iguais, iguais entre si e iguais aos de toda a gente. As cidades vão desfilando com o passar dos anos, os tipos físicos que me rodeiam vão mudando, os sons e as linguagens também. Só eu continuo  a mesma todos os dias - as mudanças de cenário não nos salvam de nós próprios. 

Mas calço os sapatos azuis para mostrar que não tenho medo da neve, da solidão acompanhada e da loucura que se instala lentamente no meu cérebro. O azul dos meus sapatos aconchega-me no quente daquilo que eu sou, que sei que sou, longe, muito longe, da imagem que projecto no espelho.


18
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 22:25link do post | comentar | ver comentários (2)

A propósito da Silly Season:

A magricela no seu tapete favorito que, por acaso, também é o tapete preferido da gorda. Estão as duas em posição de :"vai haver merda sim senhor..."

Dois cães em transe...

Gorda pratica o seu desporto favorito

Os nossos monstrinhos mai uindos

 


14
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 17:20link do post | comentar

 

"World Trade Center Movie Sequel disrupted by British authorities"


09
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 13:54link do post | comentar | ver comentários (5)

Reminder to myself : cuidado com explosões de temperamento, a impulsividade é inimiga do sucesso, luta contra o ego é constante, há que ser tolerante com os outros, não fazer de tudo uma questão de vida ou de morte, cuidado com as ansiedades, não ser tão competitiva, trabalhar em equipe, não cobrar aos outros aquilo que não me podem dar, continuar concentrada nos objectivos. A inteligência ganha sempre sobre os instintos.

Cada vez que abrir a página do blogue vou repetir o mantra 100 vezes, para ver se me focalizo...

E pronto, foi o "momento bruxa" de hoje...

Ps - O que eu gosto desta carta é a sensação que ela me dá, sempre, de tranquilidade, ao mesmo tempo que transmite uma vontade inabalável. Se repararem, em todos os tipos de Tarot clássico, a mulher que força a boca da besta tem um ar completamente calmo de quem está a controlar perfeitamente a tarefa difícil de dominar um animal. Quem dera que na vida fosse tudo assim, controlado, sem dúvidas e sem dor ...


08
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 11:53link do post | comentar | ver comentários (1)

Névoas, chuvas e granizos é como andamos aqui nas terras gaulesas. Tempo de merda aqui e tempo de merda aí também, com as grandes caloraças e Portugal a arder, como já é infeliz traição nestes meses.

Os incêndios em Portugal impressionam sempre muito os franceses que, à falta de outra coisa para fazerem na Silly Season, nos inundam de cartas com conselhos, manifestações de solidariedade e, até, cartas de protesto contra o funcionamento da Protecção Civil e das condições precárias em que os bombeiros portugueses vivem. E não, não são luso-descendentes que escrevem estas cartas, porque os "nossos" estão todos em Portugal nesta altura, na terrinha, a assistir em directo à calamidade.

Eu sei que as pessoas até nem fazem por maldade, e que é uma forma de demonstrarem que estão atentas ao que se segue no nosso país e, por vezes, até é a única maneira que têm de mostrar que gostam de Portugal. Mas a mim irrita-me.

Nestes anos todos de trabalho, tenho sempre recebido cartas de cidadãos de outros países da UE, não-residentes em Portugal e que cagam sentenças sobre a maneira como deveríamos fazer isto ou aquilo. Houve um ano em que choveram, literalmente, milhares de cartas de ingleses sobre a legislação portuguesa de transporte de animais. Isto porque nos atrasámos alguns meses na implementação da Directiva da UE e os gajos começaram logo a refilar e a escrever para Lisboa aos magotes. Já recebi críticas à forma como os espaços verdes estão organizados nas cidades portuguesas, como não temos bicletas disponíveis para alugar, como nós conduzimos todos que nem uns loucos e a Comissão Europeia nos devia retirar a carta de condução a todos sem excepção.

Ora isto de ser bom aluno na UE também tem os seus limites. Não quer dizer que todo e qualquer cidadão europeu pode cuspir a sua posta de pescada sobre o meu país, apenas porque eles têm a convicção enraízada de que somos uns infelizes trogloditas que precisam de ser iluminados e guiados. Mas enquanto Relações Públicas da República, lá tenho que responder simpaticamente que agradecemos a preocupação, mas que não se inquietem porque sabemos bem tratar de nós.

O que eu gostava era que os portugueses fossem assim também. Isto é, não apenas que escrevessem aos milhares para os nossos governantes a explicar onde andam a meter a pata na poça, mas que escrevessem, também, aos outros europeus todos a apontar toda a caganice de defeitos que encontrassem num país quando lá fossem de visita. Por exemplo, podíamos organizar um grupo de protesto contra a chuva miúdinha de Londres e escrever magotes de cartas à Rainha a esse respeito.

E depois existem os loucos. Totalmente varridos. Que enviam manuscritos para apreciação, como se isto fosse uma editora. Manuscritos das mais variadas naturezas, o último em que passei os olhos era um projecto de comunidade cristã para combater a "ameaça muçulmana".

Trabalhar todos os dias com as dores do mundo não é fácil. Não pensem que não se perde a vontade e a força, ao assistir ao que se passa nos bastidores deste mundo cão, do qual as pessoas normalmente só vêm o que aparece nos telejornais. A verdade nua e crua é muito difícil de digerir, de lidar. Mas também não é fácil ter que lidar com os desarranjos mentais que os acontecimento mundiais provocam na cabeça de algumas pessoas mais sensíveis.

Estou farta desta Silly Season de merda.


07
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 12:18link do post | comentar

Promenade, Marc Chagall

 

Engraçado, irónico mesmo, que o quadro que melhor nos descreve tenha sido pintado por um russo apaixonado por Paris.


03
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 11:45link do post | comentar | ver comentários (4)

Às vezes intrigo-me com a capacidade das pessoas só perceberem aquilo que querem. É fantástico quando, por muito que se explique, nem que seja por escrito, cada um interpreta aquilo que lhe apetece.

Então na Web a tendência repete-se à exaustão. Escrevo isto a propósito dos "enganos" que tenho tido no meu hi5.

Como todos nós, quando comecei a ser convidada para aderir à rede, achei que talvez fosse outra boa forma de me manter em contacto com velhos amigos. Na minha condição de expat é importante não cortar o cordão umbilical com as origens, e as minhas raízes são as pessoas que eu gosto.

Na descrição do meu perfil, encontra-se expressamente mencionado o facto de eu ser de nacionalidade portuguesa, mas estar a viver, acidentalmente, em Kiev. Para além, claro de estar lá escarrapachado que eu sou casada.

Resultado: toneladas de mensagens de turcos, sírios e até alguns europeus, que me propunham encontros em Kiev ou procuravam "companhia de qualidade" durante estadias de negócios na cidade.

A mensagem mais deliciosa que eu recebi dizia "I'm an UK citizen, general-manager of a financial company and will be travelling to Kiev 11 July, looking for an intelligente good-looking woman for permanent company (...)" e acabava assim: "my salary is 100.000 pounds/year - please answer, you intrigue me....".

Pois se o gajo soubesse ler, já não o intrigaria. E a cena do salário então, é do mais cromático possível. Por outro lado, é uma tristeza que se tenha espalhado pelo mundo inteiro a facilidade com que as mulheres ucranianas se dispõem a "acompanhar" turistas por dinheiro, mas isso é problema delas e não meu.

Este inglês, triste pá, coitado, só deve conseguir mesmo engatar à custa das libras que lhe entram no bolso. Claro que "trashei" as mensagens todas e agora na minha descrição pode ler-se "I'm not looking for men or any kind of relationship on the web and STATING YOUR SOCIAL POSITION IS NOT GOING TO CHANGE THAT"

Para além de estar bem visível I'M NOT UKRAINIAN. Espero que agora se perceba bem....

Ps - se calhar o problema advém do facto de  não ter nenhuma foto minha lá postada, na volta tenho que por uma para desencorajar a malta...

 


02
Ago 06
publicado por parislasvegas, às 16:52link do post | comentar | ver comentários (3)

É verdade. Ando venenosa sim. E amarga e com mau feitio. Faz parte da vida e o essencial é termos capacidade para nos rirmos disso (também).

Vocês bem sabem que tenho poucas vacas sagradas e que não me levo lá muito a sério. Por isso, a convivência com gente que se leva demasiado a sério e com uma infinidade de tabus põe-me meio louca.

A culpa é vossa (claro). Vocês é que me habituaram a falar de tudo e um canudo sem barreiras, a rirmos de tudo e todos, principalmente de nós. E, claro, que o mundo dos outros não é assim e que maior parte dos seres humanos têm instintos animais demasiado aguçados para terem a humanidade de se rirem de si próprios.

Paris é o sítio ideal para se conhecerem triliões de pessoas pedantes, snobs, arrogantes e cheias delas próprias. Como não vos tenho cá, o Xano é que me atura e mesmo assim ainda nos fartamos de rir à custa das personagens que temos cruzado nesta cidade louca.

Mas, como tudo, o choque inicial está a desfazer-se. E o meu veneno aguça-se, não (já) no sentido da amargura, mas sim no sentido cómico.

Há algumas semanas juntámos lá em casa um grupo de cerca de 10 pessoas, tão diferentes entre si, que eu pensei que o jantar ia ser um desastre. Surpreendi-me agradavelmente quando os meus convidados me provaram que afinal não eram pessoas assim tão sérias que não soubessem valorizar boa comida e bom vinho e, a partir daí, tudo correu sobre rodas.

No sábado passado fomos a uma festa que eu pensei que iria ser uma seca, porque havia gente "tão bem", tão colunáveis e tão mediáticos que achei ser impossível ter uma conversa interessante. A festa em questão, embora tivesse todos os ingredientes para aparecer no "Paris Match" acabou por ser divertida, e acabámos a fazer conhecimentos interessantes com pessoas que, como nós, se riem das merdas que fazem.

Já passaram por nós milhentas figuras-tipo: o portuga de sucesso, o intelectual de serviço, o aristocrata sem tusto, o casalinho gay simpático, o bêbado inconveniente, a boazuda desmiolada, enfim, um manancial de personagens estranhas que eu pensava que se tinham esgotado com a minha saída de Kiev. Afinal a colecção de cromos continua.

Só queria era começar a ter mais tempo de convívio para retomar as minhas "crónicas insólitas" - é que aqui, afinal, também existe a matéria-prima.

 


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