Histórias de uma portuga em movimento.
31
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 17:28link do post | comentar | ver comentários (2)

Ontem, secando que nem um bacalhau, num salão de honra de um  dos inúmeros palácios desta cidade, deu-me um ataque de nostalgia, uma saudade da Ucrânia, como eu nunca pensei que me pudesse acontecer. Se eu não estivesse neste estado, diria que enlouqueci definitivamente, mas como as hormonas agora são desculpa para tudo (abençoadas..) digamos que o ataque de saudade foi provocado pelo sentimentalismo subjacente à minha condição de futura mãe.

Também não era para menos: de um alto de um grande palanque, coberto com uma tapeçaria do séc. XVIII, miravam-me com ares protocolares de grandes Excelências, uma série de gentes misturadas entre eslavo e persa, trocando impressões entre si na língua do império - o russo.

A primeira dama, uma espécie de Yulia Timoshenko sem as tranças loiras, resplandecia silicones com um vestido lindíssimo, muito embora com excessos de brilhantes para a ocasião. Gaspadin President , ouvia o hino nacional, firme e hirto, numa postura militar tipicamente soviética.

E ainda queriam que eu resistisse ??? Ali, metida naquele Salão, eu própria fazendo o melhor ar de Excelência que se pode arranjar (e a mais não se é obrigado...) só pensava na falta que me faz viver naquele ritmo de dia-a-dia tão surreal, que se chega a duvidar se é real o que se vive, que se chega a temer pela nossa sanidade mental de ocidental aculturado no lixo televisivo americano.

Já vos tinha dito que a Europa me maça????

 

 


23
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 17:33link do post | comentar | ver comentários (9)

Ontem, numa das minhas correrias pelas ruas de Paris entre reuniões, passo pelo stand da Ferrarri. Grande, mas grande asneira. Como tinha que passar defronte da tentação para regressar ao escritório acabei a borrar a pintura: um babygrow (imitação da combinação dos pilotos de F1, mas pra 3 meses!) e umas botinhas minúsculas, tudo com o Cavallino Rosso. Enfim, filho de peixe(s) tem que saber nadar!

 

 

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publicado por parislasvegas, às 11:55link do post | comentar | ver comentários (5)

Há gente que adora rituais e salamaleques. Desde o "Como está Senhor Doutor??" dito em voz pomposa, às precedências de passagem, rituais de cumprimentos, lugares protocolares e fórmulas de circunstância.

O protocolo foi inventado para eliminar conflitos. Quando toda a gente sabe as regras e, à partida, sabe o seu próprio lugar na dança não há razões para reclamar. Eliminando os conflitos inerentes ao facto dos homens de poder terem egos desproporcionados , já se pode conversar sobre o que realmente importa. Conclusão: as regras protocolares contribuem para o bom entendimento geral. Seja num salão de alta sociedade, ou numa sala de reuniões das Nações Unidas.

Compreendo perfeitamente e dedico-me a defender com unhas e dentes que aos meus seja dado o seu devido lugar e, se puder ser mais ainda, melhor. Afinal de contas somos latinos, todos gostamos de nos fazer passar por mais do que aquilo que somos. Mas daí até gostar dos salamaleques vai  uma grande distância.

Devo confessar que olho com o maior desdém os que à minha volta dão maior importância à forma do que à substância. Prisioneiros do próprio ego, adoram vestir-se de plumas imaginárias e desembainhar os brasões de família ao mais pequeno pretexto. Esses não consideram o cerimonial como parte do ofício, esses vivem para ele.

E enquanto se anda às voltas com quem é que é o mais importante e quantos minutos é que se aperta o bacalhau de Sua Majestade, que se lixem os desgraçados do Darfur , morra a malta de Mogadisciu , exploda o pessoal na Chechénia e etc. Mas pronto, já estou a descambar. Prometi que não escreveria mais sobre coisas sérias...

 

 


22
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 12:05link do post | comentar | ver comentários (1)

Mau mau é uma pessoa acordar Segunda-feira de manhã já cansada, depois de um Sábado a remodelar a sala e de um Domingo de pastéis de bacalhau e feijão-frade, para enfrentar os acidentes do périf . de Paris, o caos da grade Metrópole e, como se não bastasse, aterrar num inferno desorganizativo e desorganizado onde, como em qualquer casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

 

Estou velha pra estas merdas.


19
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 15:11link do post | comentar | ver comentários (2)

Bom, passagem mensal pelo médico para ver como param as modas e, uma vez mais, um ligeiro raspanete sobre a minha pouca obediência aos imperativos dietéticos (estou com dois quilos a mais do que deveria ter...). Passado isso, diz-me com um ar muito pesaroso: "bom vou ter que aumentar a fasquia. Em vez de 10, você deve engordar 14 quilos...". Como se fosse a coisa pior que me poderia acontecer na vida.

Isto quer dizer que, se me portar razoavelmente mal (sim, porque se me portasse bem, estava dentro do peso "permitido") chego ao final da gravidez com 63 quilos o que, convenhamos, não me matará, nem me transformará em trambolho, porque é um peso muito razoável para a minha altura. Ando a chegar à conclusão que o meu médico tem demasiadas pacientes que são modelos e que se habituou àquele ideal de mulher magríssima, coisa que eu era antes da gravidez. Talvez as modelos o processem se ficarem gordas, quanto a mim, vou mas é fazer ginástica que é o melhor remédio....

Por falar em processos, finalmente percebi a onda Talibã do homem. Desde o início que insiste para que eu não toque numa gota de álcool e para que eu não fume nem sequer um terço de um cigarro. Sabendo que os médicos em Portugal são muito mais tolerantes, dizia a mim própria que só a mim ( talvez a mais mal comportada de todas as minhas amigas) é me haveria de calhar tamanho fundamentalista. A semana passada fiz esta conversa a umas amigas que vivem cá há mais tempo, e elas é que me explicaram que várias mulheres alcoólatras e fumadoras inveteradas que tiveram filhos com deficiências graves,  processaram os respectivos obstetras por não terem sublinhado o bastante a importância de não beber e não fumar (é preciso ser-se mesmo estúpida...). Claro que as companhias de seguros já não querem segurar obstetras devido ao montante das indemnizações que têm que pagar nestes casos.

Quanto ao mais importante: está tudo bem e a ervilha já se transformou em ser humano miniatura. Agora já não é só a emoção de lhe ouvir o coração e distinguir a cabeça do resto do corpo. São os pézinhos e mãozinhas, é o distinguir o nariz, a boca e começar a ver  as feições.

Isto é o desporto radical mais emocionante que existe.

 

Ps - missrita : lembras-te quando te disse que isso do relógio biológico é treta???continuo a pensar da mesma maneira...

 

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17
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 11:00link do post | comentar | ver comentários (3)

O ano de 2007 vai ser uma ano diferente neste blogue. Tenham lá paciência, mas, pelo menos nos próximos seis meses ( e com grande esforço meu) não vamos falar em desgraças nem tragédias, nem vamos debater as grandes questões do mundo. Há alturas da vida que têm que ser vividas em beleza e na ignorância (abençoada) dos males deste mundo.

É assim que vamos tentar viver neste blogue, já que na vida real isso é bastante mais complicado...Ao menos que me reste um cantinho virtual cheio das coisas que gosto.

Então e já assim para abrir o novo espírito positivo, passem lá por aqui para conhecer o Carlos e as mil e uma facetas da arte que ele faz, sempre com a mesma luz que (vim a descobrir mais tarde) lhe vem do fundo da alma. Há gente assim, gente que se encarrega de trazer fantasia e beleza a este mundo feio e agressivo.


15
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 12:08link do post | comentar | ver comentários (6)

Saldos em Paris e desgraça total de uma grávida - devia ser proibido deixarem uma pessoa neste estado de "fashion weakness " ver coisas bonitas.

Ultimamente recuso-me a comprar revistas que não sejam de gajas prenhas. Aguentar com as magricelas da Vogue, em fatiotas hiper-luxo anda a ser demasiado para a minha auto-estima de seis quilos a mais e cú de dois quilómetros (mas com grande orgulho!). De modo que li numa dessas coisas-de-gaja-prenha uns conselhos fashion " que me deixaram totalmente horrorizada: usar as roupas do marido incluindo os coletes dos fatos) andar de sweats " desportivas (tipo adolescente do basquete ) combinadas com calções (é suposto ser "mais confortável) e outras tronguices do género.

Malta prenha de Paris e arredores: quem não tenha guito , há vestidinhos UINDOS ! étnicos, cenas indianas e túnicas marroquinas que se compram por três euros. Há sempre imaginação e costureiras de centro comercial que não são nada caras (se viverem no centro de Paris, vão aos subúrbios e mandem fazer a fatiota). Não andem de calções que fica horrível - dá uma silhueta disforme com a barriga enorme e a perninha curta. Se forem baixinhas, não usem as camisas do vosso homem pelamordedeus , porque vão ficar a parecer anãs. Aproveitem a barriga, usem coisas que colem, que mostrem, que digam ao mundo que estão prenhas. Não se deve ter vergonha e esconder a barriga. A grávida que esconde a pança parece....simplesmente GORDA.

Quem tiver guito , vá aqui fazer uma sessão de reelook " e escolher entre as inúmeras fatiotas sofisticadas que se podem trazer. Aproveitem a viagem para passear em Saint German e comprar umas jóias étnicas para combinar com o novo look .

Com guito , ou sem aproveitem que os saldos são só até dia 17/02.

Enjoy your   Shopping !

 


publicado por parislasvegas, às 11:45link do post | comentar | ver comentários (5)

Há anos que venho escrevendo sobre a necessidade de despenalização do aborto, tantos quanto tenho "voz" na internet. A minha posição não constitui novidade para a meia dúzia de amigos/leitores que me conhecem desde sempre, inflamada de indignação contra a prática medieval, católica fundamentalista e redutora das liberdades individuais que constitui a ilegalidade do aborto e a perseguição judicial das mulheres que se vêem forçadas a recorrer à sua prática.

Portugal é um Estado laico e republicano,  os nossos legisladores não podem impor ao geral da população valores religiosos. A consciência individual deverá reger as mulheres neste tema, uma vez que , cientificamente, não existem contra-indicações para a intervenção (dentro do prazo estipulado).

Tenho necessidade de dizer isto aqui e afirmar claramente a minha posição, agora que, grávida de 4 meses, compreendo plenamente a tragédia pessoal de quem se vê obrigado a recorrer a esta solução extrema. Devo também dizer que prefiro pagar impostos para matar criancinhas (é assim que os católicos põem a coisa....) do que pagar a diária da prisão às mães tresloucadas que matam os filhos com as suas próprias mãos, ou a estadia de mães adolescentes em casas de acolhimento, ou os subsídios aos desgraçados que nascem sem ter onde cair mortos e que dependem da sociedade o resto da vida. Se isto é uma visão fria, desprovida de humanidade??pode ser que seja, mas é a minha.

De qualquer das formas, desenganemo-nos, não é por causa da legalização do aborto que deixarão de existir abortos clandestinos ( das desgraçadas e pobres que não querem contar ao marido, ou aos pais ou etc - porque as ricas vão continuar a ir a Madrid ou a Londres), ou crianças mal tratadas ou grávidas adolescentes. Quero apenas crer que a legalização do aborto em Portugal vai contribuir, pelo menos um pouco, para a melhoria de alguns destes indicadores, reduzindo um pouco a miséria humana que grassa no meu país.

 

 

 


12
Jan 07
publicado por parislasvegas, às 17:23link do post | comentar

Reunião de peritos internacionais (ou como se diz em espanhol - espertos) numa questão qualquer ultra-complicada que não interessa para este blog.

De 14 "crânios" presentes (cada um a representar um país diferente) três eram portugueses. Ou melhor, PORTUGUESAS. Uma em representação da Suiça, uma em representação da França e outra, miraculosamente, em representação de Portugal....

O mundo que se cuide!!!

 


publicado por parislasvegas, às 17:21link do post | comentar

"Ai 'tá tão gorda!!!!! Deixou de fumar????"

Santa estupidez natural....


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