Histórias de uma portuga em movimento.
28
Mai 07
publicado por parislasvegas, às 12:35link do post | comentar | ver comentários (5)

Os dias têm passado demasiado rapidamente para dias tãos desocupados. Tento recuperar o tempo que perdi em correrias e stresses no início da gravidez e o resultado está à vista: acabaram-se os sinais de parto permaturo - finalmente, o kiko parece estar a sentir-se confortável na barriga da mãe e o meu sentimento de culpa desapareceu, dando lugar a uma sensação assim a modos que de ...cábula...

 

Decididamente não estou habituada a não fazer nada.

 

O terceiro trimestre, esse perído horribilis onde toda a gente se sente mal e pesada e dorida e etc acaba por ser, para mim, o melhor período da gravidez. As aulas de preparação para o parto, com acumpuntura incluída, ensinaram-me a controlar a posição deste malandro, que tinha tendência a instalar-se em cheio na bexiga e me estava a impedir de fazer coisas tão simples como estar de pé e andar.  Desde que aprendi a deslocá-lo a minha vida melhorou consideravelmente. 

 

As aulas de preparação são excelentes - pontos de energia, exercícios de relaxação, estímulos músculares através da concentração e respiração. É tudo fantasticamente new-age-hippie. Só falta fumar um charrito durante os exercícios. Claro que tenho poucas ilusões sobre a hora h propriamente dita. Quais respirações quais exercícios musculares. Duvido que me lembre de algum ponto de energia ou doutra merda qualquer, hei-de gritar pela epidural e mais nada. Mas enquanto a hora não chega, os exercícios neo-hipalhados ajudam-me a manter a serenidade necessária.

 

Isto porque como se não bastasse o facto de estar muito prenha, com a cria quase a saltar daqui pra'fora e com os nervos todos que isso implica para uma control freak like me, ainda tivemos umas semanas muito agitadas com o processo decisório que levou à definição do novo país, que será a nossa casa nos próximos 3-4 anos.

 

É isso mesmo. Perceberam bem. Vamos sair de Paris (chuif,chuif) e mudar, uma vez mais, de país. Por diversas razões, ainda não posso dizer aqui no blog para onde vamos (a informação que tenho é só oficiosa e não oficial) mas já posso adiantar que, provavelmente, não sairemos deste Continente.

 

Quer isto dizer que, para além da mudança de vida crucial que é ser mãe, ainda vou ter uma mudança de casa, adaptação a outro país, aprendizagem de uma nova língua (nenhuma das seis que falo serve naquele país) e, como se não bastasse, mudança de profissão, porque lá no sítio ser-me-á impossível exercer a minha.

 

Agora já perceberam o títiulo do post???

 

 

Bom, no meio disto tudo deixei de ter concentração para tudo o que sejam actividades intelectuais e passei a ter que ocupar o meu tempo com trabalhos manuais. Eu, a miúda das duas mãos esquerdas, ando a fazer bugigangas. Quinquilharia, pechibeque. As pessoas presunçosas chamam-lhe "bijuteria". Quando tiver tempo de tirar fotos logo posto aqui as cenas que tenho feito.

 

Wish me luck for another new life. Estamos como os gatos....

 

 


07
Mai 07
publicado por parislasvegas, às 10:31link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo  sem surpresas nas duas eleições que seguíamos: na Madeira, como sempre, o PSD a conseguir uma maioria superior a 60%, e aqui em França a vitória de Sarkozy por 53%.

 

Relativamente à Madeira até tenho vergonha de explicar a quem vê a coisa de fora que aquilo é controlado por uma espécie de Mobutu (que me desculpe o espírito do dito pela comparação) truculento que lá consegue, a bem ou a mal, convencer aquela gente toda a votar nele (gente que, diga-se,não tem grande nível de educação). Assim, mesmo sem recorrer a falsificações eleitorais (como quem vê de fora assume) o resultado é sempre garantido pela miséria dos ignorantes que votam no Senhor Doutor aliada à ganância dos dominantes que votam do Alberto João porque não querem perder o tacho. De resto, se os Madeirenses gostam tanto do homem, que fiquem lá com ele. Não lhe vá dar na cabeça reformar-se a vir para o Continente tentar armar-se em Mussolini com sotaque.

 

Aqui em França a coisa pia mais fino. Na minha opinião, o facto que explicou a derrota da esquerda nestas eleições foi muito simples: falta de ideias. Talvez em Portugal isso não importe muito -  desde que o candidato seja engenheiro diplomado e inscrito na ordem dos engenheiros, já pode falar, falar e não dizer nada, que ninguém se interessa. Os senhores doutores falam tãão bem (até temos um PR que é "professor"e tudo!) que está-se tudo cagando para o conteúdo do discurso. Pois aqui não. Quando os candidatos alinhavam duas promessas seguidas, têm que justificar, argumentar, explicar de onde vão retirar o dinheiro para baixar os impostos, ou aumentar o salário mínimo. E o único que tinha capacidade técnica para o fazer foi Sarkozy .

 

Por outro lado é triste chegarmos ao ponto de ter eleitorado de direita, centro e esquerda a votar na mesma pessoa só porque é o único que pensa. É o desespero de querer ter um projecto de futuro nesta Europa moribunda que levou 53% dos franceses a optar pelo candidato agora vencedor.

 

Outro aspecto triste é o facto de Ségolène Royal se ter defendido da derrota com o argumento de que a sociedade francesa é muito conservadora e ainda não estar preparada para dar a Presidência a uma mulher. Enquanto mulher, este tipo de argumento ofende-me. Descartar a própria incompetência e, no fundo, a incompetência crassa do aparelho do Partido, com o argumento do machismo é um golpe baixo. Isso é verdadeiramente "bater à menina". Puxar cabelos em vez de dar um murro bem assente nas ventas. E eu não aprecio mariquices.


02
Mai 07
publicado por parislasvegas, às 15:45link do post | comentar | ver comentários (1)

Recebi hoje a lista de antiguidades do meu Ministério. Não percebo a utilidade.

Desde 30 de Agosto de 2005 que estamos todos no mesmo sítio. Freeze! Tudo congelado - progressão na carreira, salário, subsídios.

Vá lá que continuamos a ser pagos ao fim do mês. Já é muito bom.

 

Podem pensar que estou a ser irónica, mas não estou. Há uns anos atrás, estaria agora aqui a escrever uma posta de revolta sobre as horas de trabalho que dou de borla à República, sem esperança de poder a vir passar de escalão, quanto mais de ser promovida à categoria seguinte. Mas, dada a desgraça geral, devo dizer que até acho bem. É preciso fazer sacrifícios para podermos melhorar. Há que ser racional e reconhecer que não estamos em condições financeiras para aumentar salários, por muito injusto que isso seja para os trabalhadores. É imoral aumentar os trabalhadores do Estado quando milhares de portugueses perdem o seu posto de trabalho ou têm salários em atraso. Pena que este filme esteja em reposição e pena que a corda quebre sempre do lado mais fraco.

 

Ando a começar a preocupar-me comigo. Ou muito me  engano ou estou a ficar conformista. Isto devem ser as putas das hormonas...

 


publicado por parislasvegas, às 11:50link do post | comentar | ver comentários (2)

30 semanas de gestação e estou mesmo muito grávida. Demoro duas horas a despachar-me de manhã entre o duche que se tornou uma eternidade de gel especial para isto, leite  antialérgico para aquilo e shampô XPTO para não ficar a parecer a madame min .

 

Solução de água mineral e pepino para a cara para controlar o acne, gel vegetal para evitar as estrias, creme gordo para o peito. Enfim...Tornei-me hipersensível a tudo, qualquer coisinha me provoca acnes, alergias, comichões inimagináveis.

 

Podia ser pior.

 

O vestir tornou-se um show acrobático do qual saio já a precisar de outro duche, toda transpirada com as contorções que o simples facto de calçar um par de ténis implica. Teimosa como sou ainda consigo cortar as unhas dos pés, muito embora apanhar coisas que me caiam ao chão já seja mais difícil.

 

Quase nunca peço ajuda para nada mas acho que vou ter que começar a pedir ao Xano que me ajude a levantar de algumas cadeiras cá de casa (nomeadamente das cadeiras reclinadas da Ikea, verdadeiras armadilhas: atraem porque são confortáveis mas depois já não me levanto) antes que me espalhe a tentar armar-me em independente.

 

Ir trabalhar tornou-se um sacrifício monstruoso - enfrentar o trânsito infernal de Paris em hora de ponta quando não se consegue ficar sentado mais do que um quarto de hora é obra! Passa-se o dia todo com dores de rabo e costas à conta do carro, mais o exercício de ter que ficar sentada e imóvel à frente do computador.

 

 Ir a reuniões tornou-se uma tortura da estátua. À conta do sofrimento físico deixei de ser capaz de me concentrar e ouvir o que se passava à minha volta. Tudo isto aliado ao stress e ao facto do kiko estar muito baixo e todo preparado para sair disparado cá pra fora, tem-me provocado contracções regulares desde a 28ª semana.

 

De forma que, como podem imaginar, foi com grande alívio que ouvi os ralhetes do médico a semana passada e que recebi o papelito da baixa. Pela primeira vez em sete meses não discuti com ele, nem tentei negociar dias para ir trabalhar. Disse que sim senhor e acabou. Acho que o homem deve ter ficado espantado...

 

Como já vem sendo hábito levei outro ralhete fenomenal por causa do meu peso. E ele teve razão. Não me dei conta, mas engordei 5 quilos este último mês, nem percebo como. Estou um verdadeiro bisonte, um elefante enorme com dificuldades em dormir por causa do meu próprio peso. Agora ando em dieta que me lixo. Para além de passar fomeca (psicológica, mas fomeca ) fico intratável, brusca, mal-educada e irritada. Acho que isto é uma questão de me habituar a comer melhor e menos e para isso também preciso de estar em casa. Sem stresses para "compensar" com comida.

 

 Bom e agora tenho que ir ao escritório arrumar papéis e fazer uma série de telefonemas para encerrar os meus dossiers que ainda estão pendentes. A baixa também é um estado psicológico...

 

 

 

As fémeas cá de casa com a mais gorda de todas já nos 65 quilos (auch!).

 


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