Histórias de uma portuga em movimento.
22
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 21:13link do post | comentar
Dia ensombrado pela notícia de uma morte de uma pessoa querida. Dizem que é a vida. Não. Por acaso até é a morte. Mas não era este o post que eu queria escrever.


A nossa casa transborda de alegria com os três filhos. É neste formato que somos verdadeiramente a família que deveríamos ser. Os cinco da vida airada funcionam lindamente. Hoje foi o primeiro dia de praia. 30 graus e com previsão de ficar ainda mais quente. Mar como uma sopa. Maravilha.



E a melhor das notícias: vamos viver estas duas semanas de páscoa ordotoxa COM ÁGUA. Chegaram carregamentos de água da Grécia. A malta vai poder tomar banho para ir à igreja. Não se pode cheirar mal na casa do Senhor, não é verdade???Para nós, a notícia é maravilhosa. Para além dos cinco da vida airada esperamos mais quatro dos nossos grandes amigos de Paris. É das poucas ocasiões em que os feriados religiosos me dão jeito...

18
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 20:40link do post | comentar

que eu nem sei como começá-los. Coisas difíceis, dolorosas de se dizer, talvez, mas que precisam de ser ditas com todas as letras.

Crescer é difícil e dói. Mas há coisas para as quais eu não estava preparada.

Por exemplo, sempre pensei que toda a gente vinha equipada de origem para adversidades. Não é verdade. Há gente que aguenta e gente que nada suporta.

A vida não é fácil. É feita de mortes, separações, desencontros, esperanças goradas. É assim.

Se calhar sou eu. Eu que apesar de ter perdido pessoas queridas, de sofrer separações involuntárias , de ter a promessa de  filhos nos meus braços que nunca chegaram a nascer, devo ser eu que sou muito exigente comigo. Com todos.

Eu estou viva. Gosto de viver, gosto de participar neste caos, por vezes insuportavelmente doloroso, mas é isso que eu sou: um ser que luta pela sobrevivência acima de tudo. E isso é o grande desafio. Já que nenhum de nós sai vivo desta aventura, pelo menos que ela seja o mais agradável possível.

Por isso não tenho um tostão a que possa chamar meu, por isso não tenho raízes, por isso não tenho paragem.

Tenho pensado muito nesta forma de ver a vida, porque se ela me fez insistir em ter filhos, ela também pode prejudicar a vida do Kiko de várias formas: crescer sem poiso, sem identidade, ficar sem herança, entre outras. Mas e as partes positivas??? andar por este mundo, falar sei lá quantas línguas (eu comecei tarde e falo seis) conhecer o mundo. Tem preço? para mim não. Mas, quem sabe, para ele terá.

 A vida não é fácil. E eu quero, como todas as mães, facilitar o mais possível para o Kiko . Mas não dá não é?? Não se pode ser o capacete de serviço. Há que bater com os cornos na parede até aprender.

Mas eu, olho para o meu bébé ainda com os nove meses e penso: que tipo de homem me sairá??não depende só de mim, mas muito do resultado final depende de mim. Como, com esta vida de loucos, educar uma criança que possa resistir às dores de crescimento? que aguente separações, mortes, altos e baixos, bom e mau nesta vida??


Não sei. Mas nenhuma mãe pode dizer que sabe.

Faz-se o melhor que se pode.

E nisso o Kiko vai ter que fazer como eu -  ter confiança na mulher que sou, na educação que os avós dele me deram, a mim e ao pai, e seja o que o destino quiser!

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publicado por parislasvegas, às 15:24link do post | comentar | ver comentários (3)
Eu sei que tenho escrito bastante sobre peso, emagrecimento, exercício, celulites e tais. Escrevo sobre isso porque quero recuperar a forma e ser e parecer saudável. Agora, isto, meus amigos, NUNCA MAIS.



Kiev, 2003

Até me custa a acreditar que isto sou eu....

17
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 19:24link do post | comentar | ver comentários (2)




A blimunda recomendou-me o filme Caramel da realizadora libanesa Nadine Labaki que, para retratar as solidariedades e condição femininas em Beirute, escolhe centrar a acção da película num salão de cabeleireiro .

Adorei o filme que, para além de um excelente argumento, me transportou para um sítio que eu adoro: o salão típico, mais ou menos decrépito, onde as conversas oscilam entre o insignificante e o sentido da vida.

Das viagens que tenho feito e nos países onde tenho vivido, fujo dos cabeleireiros franchisados e arrisco sempre (por vezes com péssimos resultados) o salão local, com o décor de há 20 ou 30 anos atrás.

Tenho conhecido personagens impagáveis e saído com os penteados mais loucos que se possam imaginar.

Em Kiev, frequentei um salão minúsculo, praticamente um corredor. Sem decoração que não fossem as cadeiras de barbeiro e os espelhos, porque não havia dinheiro para mais.

A Vita , minha manicure e o marido, meu colorista e cabeleireiro, tinham vivido até à independência como operários metalúrgicos em Donetsk . Construíam carruagens de comboio e viviam num pequeno apartamento comunal para operários. Pode parecer-vos incrível, mas eles falavam com saudade desses tempos em que tudo o que era preciso para poder comer decentemente era passar uma garrafa de vodka ao talhante.

Depois de 91, a única oportunidade de mudar de vida foi emigrar temporariamente para a Alemanha para tirar cursos de estética. E eles agarraram a nova profissão com as duas mãos. Ou era isso, ou os três filhos do casal não comeriam.

Em Banguecoque fui a um salão todo cheio de dourados forrado a veludo verde-irlanda e saí de lá loira platinada, cor que durou quinze dias....o tipo não teve culpa. Ninguém pinta o cabelo de loiro por aquelas paragens.

Tive uma conversa alucinante com o cabeleireiro que, aparentemente, conhecia todos os portugueses da cidade.

E o que dizer do meu casamento em Pequim?? eu saí do hotel para comprar o bouquet (só isso dava outro post) e quando cheguei  o mulherio da festa estava em pânico: tinham ido arranjar o cabelo e pareciam saídas de uma sitcom dos anos 60. Tudo de cabelão enorme e ripado. Felizmente a cerimónia foi ao final da tarde, o que deu tempo a todas de lavar a cabeça e mudar para algo mais simples.

Mesmo assim, enchi-me de coragem e lá fui. Afinal, noiva que é noiva vai arranjar o cabelo no dia em que se casa. As fotos documentam bem a minha banana ao estilo rocka-billy.

Melhor do que esta, só a vez em que fui arranjar as unhas a um salão de bairro em Pequim e saí de lá com unhacas de acrílico de 5 cm cada. Um must.

Aqui a experiência é muito parecida com a do filme da Labaki: duas horas para arranjar o cabelo. Uma para beber café e outra para lavar e secar a cabeça.

O salão parou no início dos anos 80, decoração mais pirosa não há. Mas o mulherio cá do bairro adoptou-me: quando eu estou só se fala inglês para eu poder participar nas conversas e ando a aprender mais grego com elas, uma vez por semana, do que nestes últimos seis meses de permanência na Ilha.

Até em Paris, capital do cabeleireiro franchisado, consegui encontrar no meu bairro um salão tranquilo ("só" era preciso reservar com uma semana de antecedência) que tinha a seu desfavor o facto de não ser piroso - isso não existe nos bairros finos de Paris - e a seu favor o facto de ser propriedade de um português enorme, gabiru latino de rabo de cavalo e mulherengo até dizer chega, mas que fazia milagres com a tesoura (e, segundo as outras senhoras, com outras coisas também...).

Em conclusão - não se conhece a alma feminina de um país enquanto não se frequentam os salões de bairro.

Não se esqueçam de agendar uma ida a um salão na vossa próxima viagem. Por vezes, é uma aventura maior do que ir escalar uma montanha ou passear na selva, porque tal como estas, tem os seus riscos. O que vale é não há mal capilar que sempre dure...

 

13
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 20:56link do post | comentar


Este é um post que está para sair há anos...Não o fiz porque irritava sobremaneira o meu marido. E eu percebo porquê. Nós, que vivemos esta vida de nómadas doidos, não há um único canto do mundo em que tivéssemos estado que não perguntem ao Xano: Sabes que és a cara do Charlie Sheen ??? E ele sabe. E irrita-se com a coisa. Eu percebo, mas a semelhança é demasiada para não fazer a pergunta, e também entendo a tentação da malta em fazer a comparação.

Hoje, estávamos a ver o Bobby " do Emílio Estevez   e a conversa do sósia veio, uma vez mais, à baila. Eu pensava que eles (Emílio e Charlie ) eram filhos de mães diferentes, por terem nomes diferentes, mas afinal não. E afinal a semelhança do meu marido e do Charlie (que, por coincidência, nasceram com dois meses de intervalo) é muito facilmente explicável. O Sheeen , que pensava ser um gajo anglo-saxónico é do mais hispânico que existe: nascido Carlos Estevez , cubano até ao tutano.


A semelhança física não deixa de irritar o meu marido. Mas, hoje em dia, pelo menos já admite que sim, ele até é a cara deste gajo (o Charlie é quase três meses mais velho...). O que, bem vistas as coisas, até não é assim tão mau...
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12
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 19:59link do post | comentar

Já que se inaugurou aqui no blog a tag "coisas de gaja", resolvi acrescentar-lhe outra - coisas de primadonna - em homenagem à minha faceta de gaja, mimada e egoísta. São pequenas paixões confessáveis por coisas bonitas e inúteis.

Neste primeiro post, ficamos com a minha lingerie favorita. Do mais sexy que existe neste mundo, a Chantal Thomass - aproveitem e vejam a colecção de garda-chuvas. Simplesmente delicioso....

Ps - deve ser umas das únicas linhas de roupa interior e fatos de banho onde a maioria dos modelos está disponível "só" a partir do 36/38, até ao 46. Isto pode vos parecer idiota, mas TODAS as marcas de grandes costureiros franceses só produzem 34/42. Isto quer dizer que para além de sexy, é feita para mulheres reais. Tinha que ser uma mulher a faze-lo, certo?

O meu mais  que tudo ofereceu-me um conjunto da colecção Outono/Inverno 2006 que só me serviu depois das 15 semanas de gravidez (o S....) e agora voltou a servir para grande alegria cá da casa....


10
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 23:19link do post | comentar

E agora falando sobre coisas de gaja:

Muita gente me pergunta se é verdade que um creme é capaz de prevenir as estrias da gravidez. Para mim funcionou e não conheço ninguém que se tenha dado mal com o dito. Aconselhei-o à minha prima quando ficou grávida e ela falou dele à sua médica italiana que admitiu que, realmente, é o melhor creme anti -estrias do mercado - o LIERAC anti vergetures - passe a publicidade. Eu engordei quase 30 quilos, estiquei como  se não houvesse amanhã e estou aqui impecável, sem uma única marca.

Outra pergunta frequente entre mulheres é o creme anti -celulite. Funciona? é só para gastar dinheiro?

 Bom, tenho boas notícias - funciona sim. Com dieta, exercício, beber muita água, e uma aplicação regular. No meu caso, tem sido até sem exercício e tem funcionado maravilhas. O efeito pele casca de laranja desapareceu, as peles extras continuam, mas isso só com muito ginásio é que desaparece, Uma vez mais vos afianço que ninguém me paga a publicidade, mas eu uso ROC anti -celulite para as coxas e em 60 dias a diferença é abismal. Para a barriga e linha da cintura uso o BIOTHERM ABDO-CHOC que tem feito maravilhas.

A nível de peito, eu que amamentei "só" seis meses nem tenho grandes estragos, mas o BIOTHERM BUST tem o efeito de um banho de água gelada todos os dias, sem o inconveniente do frio dum caraças. Também uso um sabonete massajador da BODY SHOP anti -celulite, diariamente, para activar a circulação, já que exercício é mentira.

E de 78 quilos, em nove meses passei para 57 e meio, sem dietas malucas, sem exercício  doido (lembro que tive uma ruptura dos adominais quando o Kiko tinha quatro meses e jurei para nunca mais....). Com uma alimentação racional e com algumas ajudas a coisa vai.

Se eu tivesse um orçamento maior faria endermologia (funciona MESMO, caramba...só fiz um tratamento e vi logo diferença) e pilates , e yoga e tal. Assim, vai como se pode e não está a correr assim tão mal.

Só por causa disso ontem até fiz um bolo. Agora estou tão "magrinha" que até já posso!


08
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 15:40link do post | comentar


Não é costume neste blog comentarem-se livros ou filmes. Mas há alguns que são tão bons que se impõem. Sobre o filme, apenas digo que vale a pena ver. O que eu quero escrever é sobre as críticas que eu tenho lido ao filme.

Parece-me idiota que se diga que este filme dá "outra visão do Irão". É preciso ser-se muito ignorante para pensar que os iranianos são todos uma cambada de fanáticos religiosos e anti-ocidentais.

A história da Marjane Satrapi não é diferente da história de outras iranianas que conheço, como a minha amiga A. (da mesma geração) que foi recambiada aos 14 anos, sozinha, estudar para Marselha.

Actualmente a viver em Paris (tal como a Marjane) a minha amiga tem sempre a casa cheia de alguém que escolheu "imigrar", ou que precisa de sair de lá temporariamente. Estes "alguéns" são família, vizinhos, amigos e até amigos de amigos. Para o marido francês de A. era difícil lidar com a situação, o apartamento minúsculo sempre debaixo de uma invasão persa. Mas é a vida.

Este filme pode, realmente, informar muita gente distraída sobre o Irão moderno e como se vive a vida nas casas  da elite bem-pensante, mas, para mim, é muito mais. É a história Universal de uma mulher que se descobre através de uma vivência multicultural e o encarar de frente das suas raízes. A isso chama-se crescer. É verdade que as pessoas crescem depressa nas adversidades, mas dói mais.

Por isso vos peço que vejam o filme sem pensarem que estão a ver uma história iraniana. Para mim, é uma das melhores películas sobre dores de crescimento.


 

publicado por parislasvegas, às 15:13link do post | comentar | ver comentários (2)
Já fez seis meses que chegámos à Ilha. O semestre é o breaking point em qualquer novo país. Aquele ponto em que se ama ou se começa a odiar.

Até aqui, as coisas correram muito bem. A Ilha tem a seu favor o facto de o clima não ser muito mau (tirando o calor insuportável e as tempestades de pó e areia), de ter coisas muito bonitas para se visitar, de ter praias espectaculares com mar quente, de ter pessoas simpáticas e hospitaleiras (talvez o mais importante). Logo, uma pessoa não se pode queixar.

Os frescos no supermercado são caríssimos e de má qualidade , como em qualquer sítio isolado sem sector agrícola que se preze. Os serviços são lentos e maus, mas existem. Já vivi em sítios piores e estava a gostar imenso de cá estar.

Isto até me cortarem a água.

Neste momento, devo confessar que só me apetece pegar outra vez na trouxa e zarpar. Pode viver-se sem muita coisa a que estamos habituados, mas tomar banho numa taça de lavar mãos e limpar a cozinha com a água do filtro da máquina de secar roupa não tem piada nenhuma. Eu sei que vou acabar por me habituar a carregar baldes de água e a juntar loiça de 3 refeições para não gastar mais dois litros de água. Mas, neste preciso momento, não estou a ver o humor da situação....
 

03
Abr 08
publicado por parislasvegas, às 13:21link do post | comentar | ver comentários (2)
Bom, lá tenho que comer as minhas palavras. A rua Ledra abriu hoje de manhã à livre circulação. O único ponto da Ilha em que se pode passar de um lado ao outro, sem controlo de passaporte, sem guardas com metralhadoras às costas. Pelo que vi hoje na TV, ainda com muitos capacetes azuis, mas pelo menos já sem guardas armados.

Este fim-de-semana vou fazer o mesmo que muitos milhares de pessoas da Ilha: gozar a liberdade de poder  subir e descer a rua.


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