Histórias de uma portuga em movimento.
17
Mar 09
publicado por parislasvegas, às 09:41link do post | comentar

Há quase oito anos que ando a viver em países diferentes, e há quase 15 que ando a saltar pelo mundo.

 

Como eu, existem muitas pessoas que, por diversas razões, andam nisto, mas já há 20 ou 30 anos. Não paro de me surpreender com a falta de flexibilidade mental dessa gente, relativamente aos costumes dos outros.

 

Quer dizer, quem nunca saiu da sua rua, aldeia ou cidade, pode muito bem ficar chocado com as diferenças de costumes, comida, religião e etc de outros povos, ou até mesmo do pessoal da aldeia do lado, mas quem anda nisto há 30 anos?? Tenham paciência e mudem de vida.

 

Como tudo, eu acho que um vagabundo geográfico tem que gostar de o ser. Não vejo maior sacrifício do que andar desenraizado uma vida toda, sem sequer encontrar prazer nisso.

 

E depois há situações perfeitamente ridículas. Ainda há uns tempos uma amiga belga, que anda a mudar de país há cerca de 19 anos, dizia que odeia a Ilha porque os locais são demasiado agressivos ao volante. Apitam muito, insultam e tal. Outra amiga francesa que estava a ouvir a conversa ainda começou a dizer "mas a mim não..." e interrompeu graças a uma discreta cotovelada minha. Pois a mim também ninguém me insulta no trânsito e raras vezes me apitam, por isso a belga deve conduzir extremamente mal para ser tão frequentemente alvo das raivites dos locais.

 

Ora o ridículo da situação está na diferença cultural, pois os belgas conduzem muito devagar e são extremamente respeitadores das regras, e aqui, como noutros sítios do mundo, as pessoas guiam depressa e há que haver flexibilidade para o caos do trânsito fluir minimamente. O acidente mais estúpido que eu já vi na minha vida foi em Bruxelas: dois carros chocaram a cerca de 20 Km/h - e chocaram na mesma! porque nenhum dos dois teve flexibilidade para evitar o acidente. Mas quem já esteve em 10 países diferentes ao longo de quase 20 anos devia reconhecer isso e esforçar-se minimamente para se adaptar. Ou então andar de taxi.

 

Pelo menos os condutores aqui não se comportam selvaticamente como em Portugal, não conduzem tão rápido nem insultam tanto como em Itália, ou Espanha, ou França, e mantém uma ordem, ao contrário do caos generalizado do Egipto ou do Líbano (que aí, juro, pensei que não saía do carro com vida). Guiar aqui é facílimo, uma vez habituada à mudança de mão, nunca mais tive problemas em ir seja onde fôr. Há cidades em que eu sei que iria ser muito difícil para mim guiar: Pequim, Bangkok, Beirute ou Cairo, são tão caóticas que a coisa iria demorar muito tempo e tenho a certeza que iria amolgar muito carrinho até me atinar. Mas uma merdice tão pequenina nunca me faria ir abaixo. Adaptação é a palavra-chave.

 

Eu respeito piamente as diferenças culturais de cada povo e tento dançar consoante a música local, só há uma parte do mundo em que eu nunca conseguiria viver e que fica aqui mesmo ao virar da esquina. Burka não, muito obrigado.


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