Histórias de uma portuga em movimento.
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Out 10
publicado por parislasvegas, às 15:14link do post | comentar | ver comentários (1)

Do chorrilho de asneiras que se disseram ontem no "prós e contras" da RTP1 (a sério - aquilo é uma jornalista??) o que mais me impressionou foram as declarações de um tal rapaz que lá andava no público e que era Secretário-Geral de uma coisa qualquer dos alunos da Universidade de Lisboa e tinha feito uma tese sobre a "geração à rasca". Eu nem fixei o nome da criatura porque não estava a prestar a devida atenção, confesso, mas fiquei siderada quando o rapaz em causa, barbado e com certeza mais perto dos 30 do que dos 20 afirmou com um ar de inocente que a nova geração não podia encontrar soluções para os problemas nacionais, porque nem os "adultos" tinham conseguido fazê-lo.

 

Assim mesmo: "adultos", o que quer dizer, que o rapaz, tese e tudo, doutorando, mestrando o raio que o parta, considera-se uma criança desprotegida. Que maior parte do povo português esteja infantilizado e espere que "os outros" encontrem uma solução "para isto" não me admira. São pessoas que cresceram em ditadura, são pessoas que não têm educação, pessoas que nunca foram ensinadas a ter iniciativa e nunca foram encorajadas a pensar. A culpa é sempre "da situação" e cabe sempre aos "lá de cima" a resolução de seja do que for, desde o mau tempo que se faz sentir à falta de produtividade. Mas que a nova geração seja igual, crescendo em democracia consolidada, tendo muito mais oportunidades de desenvolvimento do que a anterior, com os sacrifícios todos dos paizinhos e depois continuar à espera que "alguém" resolva a crise, quando já nem votam, nem têm consciência política nem envolvimento de cidadania, é obra!

 

Eu sou da geração rasca. Sou daqueles que andaram nas manifestações contra coisas várias. Reconheço que não teve efeito nenhum andar a mostrar o rabo à Ministra da Educação, reconheço que poderia ter ser feito de uma forma mais civilizada e mais simpática.

 

Sou da geração que andou sempre a refilar e hoje, gordos e alguns já carecas, nós as gajas de cintura mais quadrada e já a pintar o cabelo, hoje só queremos que os tostões sejam suficientes para pagar os ATLs aos miúdos e a gasolina para ir trabalhar.

 

A geração rasca que, metida em fraldas a tarde e a más horas (consequência de se tirarem cursos superiores e se querer fazer uma carreira de jeito para dar o melhor aos filhos), já quase quarentões e pais de miúdos pequenos,  nos vamos reformar aos 70 anos sem direito a pensões do Estado e aos 60 ainda vamos estar a pagar propinas às crianças. Não podemos educar os nossos filhos neste rame-rame.

 

Se não educarmos os miúdos para serem activos, para se desenrascarem, enfim, para pensarem e agirem pela própria cabeça, estamos tramados. Nós, eles e o país. Porque temos que ser nós a formar uma próxima geração de jeito, uma vez que estes, os que deveriam agora estar a entrar no mercado de trabalho (e não entram porque não há mercado) vão ficar infantilizados e dependentes para todo o sempre.

 

Não deve ser fácil ir tirar um curso superior para se ficar desempregado, não deve ser fácil viver na casa dos pais até aos 35 anos, querer independência e não ter recursos financeiros para isso, mas a vida não é só fado. A vida é, acima de tudo, acção. E, sobretudo quando estamos "à rasca" não se pode ficar à espera que "os adultos" resolvam "isto".


04
Abr 06
publicado por parislasvegas, às 15:41link do post | comentar | ver comentários (21)

Desculpem lá, mas ando mesmo.

Hoje, enquanto passava à frente do liceu mais fino de Paris, deparo-me com um cenário apenas possível nesta terra:

milhares de jovens, cuja mesada é o triplo do meu ordenado, enfiados em sapatinhos de 400 euros e casaquinhos de mil e muitos a protestar contra a precaridade do CPE.

Assistindo a isto tudo, com um ar de ironia, estavam uma meia-dúzia de tropas de choque. Imagino que a vontade de arrear nos meninos-bem seja difícil de controlar.Pelo menos para mim foi...

Ando facha e reaccionária sim senhor.

Na minha opinião tudo o que aqueles pipis ali estavam a fazer era chocar os paizinhos e brincar às manifestações. Eles que experimentem ir trabalhar e ganhar o ordenado mínimo e depois venham manifestar-se. Os gajos que tenham juízinho nas suas cabeças coroadas de IPods-edição-especial-chanel e ganhem alguma vergonha na cara.

Isto irrita-me porque vi ao vivo e a cores a gestação da nova geração "esquerda caviar" em França - coitadinhos dos pobres que giros que eles são, bora lá fazer uma manifestação de apoio a quem não tem emprego, coitadinhos dos não-escolarizados que nem sequer têm dinheiro para andar de griffes.

Enoja-me pá. Enoja-me a sério e faz-me ter vontade de desatar a distribuir estalo.

Quem não tem pedigree pra protestar fica em casa. Não é o que os gajos fazem nas coisas lá deles??não são só pra ricos??então? Manif. é pra descendente de proletário e mais nada!

Continuamos nesta e qualquer dia temos a "escumalha" do Jet7 a incendiar os Twingos da classe média. Ordem nesta bandalheira pá!


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