Histórias de uma portuga em movimento.
29
Dez 10
publicado por parislasvegas, às 16:57link do post | comentar

Ou como às vezes é preciso uma opinião de fora para ver que isto não está assim tão mal:

 

a mensagem do Embaixador Britânico aos portugueses, em hora de saída (pela segunda vez) do nosso país:

 

"coisas que nunca devem mudar em Portugal"

 

Muito bom, obrigado ao Embaixador por nos fazer lembrar dos muitos (bons) valores que temos e que, por vezes, ficam ensombrados com tanta névoa miserável.

 

ps - o blog do Embaixador chama-se "um bife mal passado", genial não? Só mesmo um brit para ter este sentido de humor!

 

 


29
Abr 10
publicado por parislasvegas, às 15:40link do post | comentar

Os dias em Lisboa foram muito agitados, não se pode dizer que tenha corrido pelo melhor, mas também não correu mal. Digamos que já tenho onde cair morta, muito embora não seja o mausoléu de mármore que eu queria, isto é, as entrevistas profissionais deram resultados, mas a pasta ao fim do mês não vai ser aquela que eu queria.

 

Em altura de crise, não me posso queixar. Claro que tenho a certeza que certos e determinados anónimos que aqui vêem para destilar raivites (e que nunca são publicados, que o blogue é meu e o resto que se lixe) vão ficar muito contentes por saber que o meu rendimento vai diminuir substancialmente e que vou ter que mudar a família para um cochicho de apartamento, ficando a trabalhar muito mais horas para muito menos ordenado. Se ficarem contentes com isso, parabéns. Saibam que eu não me vou abaixo, que estou tão optimista por voltar ao meu país (mesmo com crise, mesmo sem dinheiro) que tanta alegria da minha parte chega a passar por estupidez.

 

Entretanto o cão já está vacinado e despachado, só faltam os certificados que o médico diz que lhe quer passar mais em cima da altura da mudança mesmo. Falta falar com a companhia aérea e obter uma licença de transporte o que, visto os preços descabidos que eles cobram pelo animal, não deve ser difícil. Nestes últimos 3 meses a bicharoca vai é ficar de dieta porque o preço é a peso e a gaja está gordíssima. Ainda falta correr a casa de alto a baixo, deitar o eventual lixo fora, para não pesar no transporte, decidir quais são os móveis que vão e os que ficam (meter o Rossio na Rua da Betesga nunca é fácil), alugar uma casa em Portugal (apesar da crise ninguém quer fazer um contrato a iniciar em Julho ou Agosto, preferem continuar a perder dinheiro) e tratar das papeladas de legalização dos carros. Esta última parte que é sempre a mais complicada, desta vez vai ser facilitada porque o ACP trata disso para os sócios.

 

Para além disto é preciso fotografar as peças da casa para o seguro, fazer um inventário de tudo a transportar, empacotar as coisas todas e encerrar os contratos todos da casa, electricidade, telefone, telemóveis, seguros, tvcabo e água. Depois é entrar no avião e rumar a Lisboa onde começará tudo de novo: desempacotar a casa, fazer contratos, legalizar carros, etc, etc..

 

Os papéis da escola dos miúdos já estão tratados, estou agora à espera da resposta da instituição. Parece que para o ano do Kiko as coisas estão muito entupidas, mas não quero nem perder a esperança nem dramatizar.

 

Aliás o essencial numa coisa destas é não dramatizar. Acho que estou farta de dizer isso. Os psicólogos comparam o stress de mudar de casa ao stress do divórcio ou de perder um ente querido. Quem muda de casa e de país tantas vezes quanto eu, não pode cair na dramatização ou fazer-se de vítima, antes pode e deve chamar todos os nomes feios que sabe aos empreiteiros, senhores do transporte, seguros, burocratas, gente da companhia telefónica e etc (nas costas dos próprios, claro), tem um efeito bastante terapêutico. Aliás este blogue vai começar a servir para essas coisas outra vez.


24
Mar 10
publicado por parislasvegas, às 08:32link do post | comentar | ver comentários (1)

Não me surpreenderam os dados do estudo sobre a saúde mental em Portugal.

 

Eu que não vivo no país, há muitos anos que reparo que as pessoas não podem estar a bater bem da cabeça. Como é que se pode ser um povo produtivo e bem-disposto quando a situação económica piora de ano a ano, quando se perdem cada vez mais empregos, quando os salários que se têm não chegam para sustentar a família, quando as pessoas andam afundadas em empréstimos e más relações com colegas, vizinhos e família?

 

É coisa que transparece no dia-a-dia, no nervosismo geral, na forma de brusca de tratamento social e na falta de paciência e tempo que a generalidade das pessoas têm seja para o que fôr.

 

Não é que os portugueses sejam uma cambada de desgraçados sem culpa do que está a acontecer, é verdade que os desgovernos generalizados e a irresponsabilidade dos privados contribui em larga medida para isso. Mesmo as famílias, muitas com prioridades trocadas, que nos anos 90 aproveitaram o boom económico para consumir e não para poupar, têm culpas no cartório.

 

Tudo isto é verdade mas, na minha opinião, agora que sabemos, preto no branco, que 23% dos portugueses sofrem duma doença mental, o essencial é atacar o problema.

 

Não sei como é que a estatística é feita, e sei que, em Portugal, como nos Estados Unidos, uma pessoa que esteja a passar por um desgosto ou quebra grave na sua vida é imediatamente diagnosticada como depressiva pelo médico de família. Alguns não são tratados porque se recusam, ou mesmo porque nem sequer têm acesso a tratamento. Outros levam logo com anti-depressivos e ansiolíticos e ficam a vegetar num limbo de paragem mental. Infelizmente, no nosso país o luto e o desgosto já não têm o mesmo respeito e espaço social que tinham antigamente. Hoje em dia, uma depressão circunstâncial e normal, transforma-se num problema de saúde sério.

 

Quando os tratamentos não são feitos à base de terapias, mas de químicos, é mais do que normal que as pessoas fiquem "presas" à medicação e que não  consigam recuperar.

 

Talvez a razão de tudo isto seja o falhanço da nossa rede social. Eu lembro-me que quando morriam pessoas da família, a minha avó se vestia de preto o tempo regulamentar. que ia chorar para a casa das vizinhas o tempo regulamentar, que só falava da pessoa morta o tempo regulamentar. Passado esse tempo acabava-se. Era assim, havia um espaço, uma rede social e um tempo para se desprender, para sofrer a perca, o divórcio, a tragédia. Hoje em dia há que estar normal no dia a seguir e engolir o prozac da ordem.

 

Os 23% de portugueses que sofrem (na sua maioria de ansiedade e depressão) podem dizer-nos que este método não está a resultar. E já agora, uma melhoria nas condições de vida também ajudava....

 


02
Mar 10
publicado por parislasvegas, às 20:20link do post | comentar

Diz o Diário de Notícias que emigram 75 mil portugueses por ano, uma média semelhante aos anos 60. Aqui.

 

Olha que altura do caraças para voltar!!!! 

tags:

publicado por parislasvegas, às 08:29link do post | comentar

 700 mortos no Chile é impressionante.

 

Se tivermos em conta a dimensão do sismo (8.8 é obra!), só se pode concluir que a qualidade das construções é mesmo boa e que foi feita uma preparação para uma eventualidade destas. De qualquer das formas, tragédia é tragédia, e dois de seguida (com tsunami e tudo) assustam qualquer cidadão, principalmente os portugueses, sentados (des)confortavelmente em placas teutónicas instáveis. 

 

Dá medo.

 

*

Leio nos jornais que a Madeira vai continuar a receber o mesma ajuda da UE do que até aqui.

Ainda não vi os documentos oficiais da UE, mas parece-me uma notícia estranha.

Estranha porque os quadros da verbas para a convergência de zonas ultraperiféricas da UE estão mais do que decididos até 2012 e, mesmo num quadro de catástrofe, não podem ser mudados em 15 dias.

Estranho porque ninguém sabe ainda ao certo as verbas que vão ser disponibilizadas para o quadro seguinte.

Mas pronto, isto sou eu com a mania que quero saber tudo, os senhores jornalistas até estão a dar uma boa notícia e eu aqui a ser chata e a querer dissecar a coisa...

 

*

 

Ainda sobre a Madeira. Era capaz de ser boa ideia pensar bem nas consequências da catástrofe e não começar uma reconstrução à maluca. Ou não?

 

*

 

Sobre o acordo ortográfico: Não me interessa muito que entre em vigor ou deixe de entrar.

 

É um acordo que serve maioritariamente os interesses das editoras e o ego das academias, não é coisa para o normal cidadão (seja em que lado do Atlântico ou em que Continente estiver).

A meu ver a harmonização da língua portuguesa é uma tarefa impossível e o acordo não muda essa impossibilidade.

A nossa língua é tão nossa, que cada um de nós Cabo-verdianos, Brasileiros, Portugueses, Angolanos, Moçambicanos, Timorenses, Macaenses e São-tomenses há de continuar a moldá-la à sua maneira.

 

Somos irmãos de leite, mas não nos tirem as nossas diferenças tão lindas.

 

Por isso, com acordo ou sem ele, eu vou continuar na minha, escrevendo "à velha", como os meus velhos Professores na Universidade ainda escreviam "necessàriamente" e "philosófico". 

 

Recusarei o bisturi gramatical e exibirei com orgulho as minhas rugas semânticas. Serei uma relíquia!

 

(E nunca mais recorrerei a um corrector ortográfico!)

 


23
Jun 09
publicado por parislasvegas, às 13:03link do post | comentar

E os diálogos imaginários do costume.

Apesar de todos os face liftings e maquilhagem das fachadas, boutique-hotels e restaurantes design, Lisboa continua a ser a velha senhora de sempre, com os mais de oitocentos anos de existência e cansaço a transpirarem em cada esquina.

É verdade que Lisboa está a tornar-se mais ecológica, mais limpa e mais bonita, mas nenhum equipamento público altamente high-tech pode esconder a verdadeira essência da cidade que continua a ser, acima de tudo, um Porto, com marinheiros e putas, estrangeiros exóticos, vagabundos profissionais e vigaristas.

Não há como não amar a vagabundagem enconstada às igrejas manuelinas, o contraste das tias finas que passam enquanto as senhoras vestidas de preto rezam a chorar dentro das igrejas, os africanos vestidos de mil cores, os camônes côr-de-lagosta a petiscar nas esplanadas e os chatos engravatados  a caminho dos bancos.

Por mais que a vida nos mude, a mim e a Lisboa, esta é uma história de amor que vai durar enquanto eu respirar.

 

Agora outra coisa completamente diferente. O que vai na cabeça das mulheres portuguesas??? Alguém me explica?? Será que a crise económica tem obrigado as pessoas a comprarem só metade das roupinhas?? Não percebo o que passa pela cabeça das quarentonas que tenho visto, metro e meio e 70 quilos, vestidas com calças curtas e blusas sem costas ou (pior ainda, blharrrgh) pelo umbigo. As crises de meia idade andam a bater forte no pessoal e nem sequer percebo bem porquê. Lisboa deve ser uma das poucas cidades do mundo em que mais se vêem casais de mulheres de meia idade com homens muito mais novos. Não há explicação a não ser o mau gosto genético. Salve-se quem puder.

 

 


10
Jun 09
publicado por parislasvegas, às 22:58link do post | comentar

 Há 8 anos atrás, o 10 de Junho era só um dia em que eu ia à praia sem os meus amigos militares, que estavam sempre lixados nos deveres de paradas e celebrações.

De há 8 anos a esta parte, o 10 de Junho transformou-se num dia de trabalho, mas também de orgulho, de gente a falar a minha língua com um sotaque estranho, de gente a comentar as qualidades que temos, mas que ninguém parece ver, pelo menos nesse rectângulo, à beira-mar plantado.

E agora, que para mim este dia já passou, mas para vós, ainda é dia, digo eu, talvez com engano, viva Portugal!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

p.s.- às vezes também me dá para isto....


27
Mai 09
publicado por parislasvegas, às 08:22link do post | comentar | ver comentários (6)

 Já passei por muitas fases desde que saí de Portugal: a fase em que acompanhava tudo o que se passava no país e que tinha saudades loucas de casa, a fase em que não queria saber de nada e não sentia falta nenhuma, a fase em que queria saber, mas ficava enojada com tanto disparate e a fase do optimismo estúpido em que tudo o que era português era bom.

 

Ou seja, dentro ou fora, continuo uma portuga típica, com sentimentos esquizofrénicos em relação ao meu país e aos meus conterrâneos.

 

A minha prima diz-me que o meu maior problema de cabeça é o relacionamento que tenho com Portugal, eu tento explicar-lhe que ela, enquanto italiana, nunca conseguirá perceber a maluquice da portugalidade. 

 

Agora ando numa fase de acompanhar tudo o que se passa, mas a esforçar-me por não fazer juízos de valor. No entanto, isto é demais para mim. Aliás, acho que é demasiado até para 10 milhões aguentarem em colectivo.

Só na última semana, os chorrilhos de asneiras nos telejornais, no parlamento, nos debates, na campanha eleitoral, a piroseira dos Globos d'Ouro e, last but not least, o caso da Alexandra, têm-me feito contorcer de dores na alma.

 

E depois, isto da internet é tudo muito bonito, especialmente porque é democrático e permite que qualquer imbecil opine em qualquer lado (eu incluída). É alucinante a quantidade de comentários nos sites dos jornais nacionais de grande tiragem que são boçais, ordinários, mal escritos ou simplesmente idiotas.

 

Este fenómeno não é português, é global, a estupidez humana não é exclusivo nosso, muito embora às vezes pareça que nos doutorámos em parvoíce, com tese em imbecilidade colectiva. Quanto um diz mata, há logo vinte comentários a seguir que dizem esfola e com erros de ortografia e gramática.

Palavra d'honra que às vezes, por muito que me esforce a ler determinados posts ou comentários não consigo perceber o que a pessoa quer dizer, tal não é a algarviada.

No fundo, quem não consegue falar ou escrever em condições também não consegue pensar, e isto não só um problema de educação nacional. Os meus bisavós eram iletrados e falavam bem, com clareza e lógica. 

 

Mas que porra, e eu que tinha prometido a mim mesma não me chatear mais com isto.

 


26
Set 08
publicado por parislasvegas, às 14:39link do post | comentar | ver comentários (4)

 Regressada de terras lusas, com a mesma impressão de sempre - se é verdade que o queixume é desporto nacional, nada paga a cegueira de quem não tem termos de comparação.

 

Isto funciona para os dois lados - nalgumas coisas somos uma pocilga do mais medieval possível e achamos que somos os maiores, noutras coisas estamos melhores do que os países mais avançados do hemisfério Norte e achamos que somos uma bosta...O mais  engraçado é que não vale a pena tentar convencer um português de que o país funciona bem (pelo menos alguns aspectos). Quando nós estamos convencidos de que somos uma bosta, ninguém nos ganha em teimosia.

 

Também não vale a pena tentar explicar o que está mal. Quando estamos convencidos de que somos os maiores, ninguém nos ganha em teimosia.

 

Por isso esse país tão pequeno é tão difícil de governar. A casmurrice só nos dá para empatar. Ainda se fossemos teimosos para trabalhar...

 

Muito mais haveria a dizer, mas agora ando a por as ideias em ordem para fazer um balanço dos primeiros 12 meses passados aqui na Ilha.

 

Volto já.


16
Mai 08
publicado por parislasvegas, às 20:17link do post | comentar

É de aproveitar e escrever "embróglio" sem acordo ortográfico.

 

Mas adiante.

 

Há coisas nesse país que mjornais.e enojam, uma delas é a puta da polémica do cigarro do PM no voo Lisboa-Caracas. Ó gentes, acordem lá desse transe.

 

O voo, como é óbvio, NÃO ERA COMERCIAL, era um voo privado, não obedece a regras da IATA e, como tal, a proibição de fumar não se aplica, ao contrário do que os nossos famosos constitucionalistas (que não devem ter mais nada que fazer) andam a dizer.

 

Bonito, bonito é o posicionamento dos nossos queridos amigos jornalistas no meio disto tudo: viajam à bórliú, com o cacau de todos nós, e vão-se chibar de um pequeno pecadilho porque vende jornais. Trabalhar que é bom...

 

Às vezes, há que advogar na causa do diabo. Estas merdices não abonam a ninguém, antes pelo contrário.

 

Como dizia o Chico:"Vai trabalhar vagabundo".

tags:

mais sobre mim
Fevereiro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25


arquivos
2014:

 J F M A M J J A S O N D


2013:

 J F M A M J J A S O N D


2012:

 J F M A M J J A S O N D


2011:

 J F M A M J J A S O N D


2010:

 J F M A M J J A S O N D


2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


2007:

 J F M A M J J A S O N D


2006:

 J F M A M J J A S O N D


2005:

 J F M A M J J A S O N D


2004:

 J F M A M J J A S O N D


pesquisar neste blog
 
blogs SAPO