Ando agora a fazer uma coisa que já todas vocês devem ter feito: consultar esse grande manancial de informação que é a net, sobre algumas dúvidas que tenho relativas a cuidados de saúde que se devem ter quando se está a pensar engravidar.
Tenho encontrado todo o tipo de sites, 99% por cento dos quais me stressam tanto, que nem vale a pena ler aquilo, sob pena de nem sequer conseguir ovular, quanto mais engravidar. Agora a sério: o que é uma pré-grávida? alguém me explica??
Será que só porque estou a pensar nisso agora tenho que comer só não sei quê, eliminar os cafés e o vinho da dieta normal que faço, tomar bué de pílulas de suplementos vitamínicos e o diabo-a-sete? É que só de ler essas merdas já entro em paranóia total: uma bica por dia pode provocar sei-lá-oquê no feto, um copo de vinho pode fazer com que a criança nasça abaixo do peso, a minha idade pode influênciar negativamente tudo e mais alguma coisa - desde a produção de óvulos até a mal-formações fetais e o raio-que-os-parta.
E a cena do sexo??Tem que se fazer não-se-quantas-vezes-por-semana a partir do dia x, quando a temperatura está Y - e se não me apetecer caramba? e não apetecer ao meu parceiro bolas?
Alguém me explica o que aconteceu com o "milagre da vida"? Assim tira-se a magia toda à coisa...
Esta ideia de inventar a categoria do "pré-grávido" é mesmo um espelho da sociedade actual: temos filhos cada vez mais tarde, já num stress desgraçado de pressões familiares, pressões monetárias, faltas de tempo e dificuldades várias na vida do dia a dia que fazem com que a palavra "stress" ande braço dado com "engravidar". Também achamos que a ciência pode resolver todos os problemas e dar todas as respostas. Achamos que, se não somos capazes de conceber, ou se os nossos filhos nascem com problemas de saúde, que a culpa é toda nossa.
Não é. Pelo menos não a 100%. A aventura de conceber uma vida continua a ser isso mesmo: uma aventura.
Nem todos os problemas de infertilidade têm solução. Nem sempre um comportamento irrepreensível por parte de uma futura mãe resulta numa criança saudável (infelizmente).
Tenho apanhado coisas escritas por gente que ficou com cicratizes psicológicas para o resto da vida, por coisas tão simples como não ter leite suficiente para amamentar os filhos. Antigamente, ainda dizia que estas coisas só aconteciam em Portugal, tal é o "síndrome" da "Super-mãe" que todas as mulheres portuguesas têm e que as fazem criticar venenosamente todas as outras que não conseguem ser o modelo de perfeição. Mas não. Isto é um fenómeno do Mundo Ocidental, provocado pelo facto de termos cada vez menos filhos e cada vez mais tarde.
Pois fiquem sabendo que malta cá em casa não vai em stresses destes. Claro que vou eliminar (definitivamente) os cigarros antes sequer de começar a tentar, claro que não vou andar grávida a apanhar pifos de vodka ou a beber 10 cafés por dia, claro claro claro. Mas não vamos deixar de sair (para "acalmar o casal e preparar terreno para a gravidez" como vi escrito num blogue americano-atrasados....) nem de fazer a nossa vida normal. Se fôr é, se não também não será. Com muita pena nossa, é verdade. Mas não será.
Esta a primeira e última vez que falarei de pré-qualquer-coisa no blogue. O assunto só voltará a ser abordado se houver resultados palpáveis.
E quando ao resto do pessoal que anda a escrever sobre isto na net: descontraiam pá, a sério, essas merdas só vos fazem mal à cabeça, afastam os vossos companheiros de vós e lixam a vida à família toda.
Eu sei que todas queremos muito e que isto é muito sério, não levo de ânimo leve, nem pensem (quem me conhece sabe bem). Mas olhem à vossa volta: não são só as mulheres que sofrem com a falta ou perca de um filho.
Por favor, pensem nisto.