Enquanto almoçava hoje, começo a ouvir a seguinte conversa, meio berrada: "Pois é pá, já cheguei. Não, estou mesmo mesmo no centro de Paris, aqui mesmo ao pé da Torre Eifel.Está um frio incrível, pá".
Não foi preciso levantar a cabeça do prato, para perceber que quem estava à minha frente a falar ao telemóvel era um senhor africano. O sotaque coimbrão e a correcção gramatical do português já só são utilizados pela elite Angolana. Português de Luanda, o melhor que conheço. Dominada pela curiosidade, levanto a cabeça - Bingo!Africano pintoso, vestido de Armani a falar num telefone de última geração.
A conversa continua: "nem vais acreditar no que estou a fumar!SG Gigante! Isto é fantástico! A sério, comprei aqui no quiosque do lado. A dois euros e quarenta. Dói um bocado, mas vale a pena - é SG Gigante pá!"
A conversa termina e chegam a mulher e filha do senhor em questão, envoltas em visons e cheias de compras, prova provada que os lucros dos diamantes e petróleo ficam apenas nas mãos de alguns.
No entanto, mesmo carregadas de sacalhões Chanel e Gucci, ambas tinham aquele ar triste e enjoado característico das pessoas ricas em geral.
O homem não. Estava feliz da vida. Entre os seus dedos fumegava calmamente o bom do SG Gigante.