O Che com a camisa tradicional dos camponeses ucranianos e o tridente kievita na boina.
Ucrânia outra vez. As confusões habituais. Os jornais vos dirão que a divisão entre pró-ocidentais e pró-russos se aprofunda, que apoiantes das duas facções se reúnem em cada vez maior número na rua. Que as eleições antecipadas marcadas pelo Presidente foram rejeitadas por um Parlamento que já não existe, mas que não pára de fazer leis e de resuscitar instituições do tempo da velha senhora.
Muito do que prevíamos nas conversas escutadas atentamente pelos senhores da carrinha branca está agora a acontecer. Muitas noites do inverno de 2004 (até a noite de Natal) foram passadas diante da lareira a discutir este assuntos em inúmeras línguas.
Seja o que fôr que os jornais nos digam, uma coisa é certa - não existe aqui nenhuma revolução libertadora do povo, nem a mão de ferro de Moscovo a querer oprimir um povo desgraçado. Eu também cheguei a cair nessa, mas há que abrir os olhos. O povo é realmente desgraçado e continuará a ser. Não há lado dos "bons" e tão pouco existe o lado dos "maus". Como em tudo neste mundo, apenas existem interesses antagónicos que se degladiam pelo poder económico e político. O resto são tretas.
Aplique-se esta fórmula (chamada "realpolitik" e velha de muitos séculos) a todos os telejornais que se vê, e o resultado é uma imagem muito mais nítida do mundo. Atenção: nem toda a gente gosta de usar óculos.
Ps - ando a torçer-me com vontade de lá estar...decididamente não sou boa da cabeça.