Magritte
Estou há horas a fazer a puta do inventário - a casa é enorme e o seguro tem limites, de modo que é preciso escolher o que se quer que esteja coberto, o resto se o barco se afundar, se se partir pelo caminho se chegar tudo torto que se lixe, paciência...O pior é que não consigo decidir o que entra e o que sai.
Aquela estátua que comprámos em Bornéu não é valiosa o suficiente para entrar na lista. E se se parte? e se se danifica na viagem? para mim tem um valor sentimental enorme porque foi comprada na viagem em que o kiko foi feito. O mesmo posso dizer dos pequenos souvenires da URSS (óculos de aviador, capacetes, posters, etc) ou dos posters da china comunista ou de milhentas outras minúsculas coisinhas recolhidas em anos de viagens.
Bem sei que não passam de coisas e não se pode estar preso a coisas neste mundo. De resto, nunca me deu para ser materialista, não vou começar agora. O que me entristece, na eventualidade de se perder esta tralha, é que cada objecto tem uma pequena história que envolve pessoas, lugares, cheiros e sensações que não são substituíveis.
Quando a nossa tralha começa a ter história é um sinal definitivo de que estamos a ficar velhos...