Já não me lembrava do que era passear na Av. Montaigne a fazer window shopping na Dior , passar aos Champs Elysés e passear no meio do frenesim.
Os turistas japoneses atacam a Louis Vuitton em massa, os parisienses passam indiferentes a tudo, ao telemóvel.
Os últimos dias têm sido stressantes : as greves. Meus Deus as greves! mas para que querem mais direitos os trabalhadores?? nós por cá cagamo-nos nisso, queremos é o metro a funcionar para que a populaça não traga o carro e nos arruíne a disposição e os lugares de estacionamento para os smarts .
A Av. Foch e os seus jardins suspensos nos terraços, os apartamentos de milhões de euros, com os mercedes A estacionados em infracção. Não percebemos nada de pensões, as nossas reformas são as heranças de muitas gerações passadas a ter yorkshires e criadas de dentro.
Hoje o elevador dos senhores estava a ser reparado, toda a gente fazia cara feia a usar a escada de serviço. Diz-me a vizinha do lado: hoje fazemos comme les Bonnes - como as criadas, só por ter que passar a porta das traseiras e seguir no mesmo corredor que a conduta do lixo.
Já me esquecia que esta Paris também existia, a Paris de contrastes. Não tão gritantes como noutras partes do mundo, mas de qualquer forma, de contrastes e de conflitos. Isto para um português é angustiante, ver um operário a queixar-se que "só" ganha 1800 euros, que não consegue viver com isso e que a mulher foi obrigada a trabalhar part-time para poderem pagar um apartamento melhor do que a espelunca de renda controlada onde viviam. Para um português é impensável, mas é verdade que aqui é difícil viver com um ordenado médio infinitamente superior ao nosso. Esta cidade está mesmo feita para os ricos. Paris é uma amante cara e não perdoa. Gosta de diamantes e não faz a coisa por menos.
Paris é uma puta cara, daquelas que faz um homem desgraçar a vida, largar a mulher e deixar os filhos na miséria e morrer com dívidas. Mas que saudades que eu tinha dela!