Em França, para além das greves generalizadas, novos motins nas zonas suburbanas. Aquando das eleições, um dos canais de TV convidou um painel de jornalistas estrangeiros para comentarem a política francesa, entre os quais uma portuguesa (acho que da Visão). A nossa compatriota dizia "se os franceses tiverem que enfrentar um quarto das reformas pelas quais os portugueses já passaram, teremos uma nova revolução nas ruas". E não é que a rapariga tinha razão??
Qual a diferença entre os dois povos? porque é que os portugueses não se revoltam? somos moles? Não. Nós nunca tivémos o que os franceses já tiveram: um verdadeiro sistema de assistência social. Um país rico que sustentava os seus cidadãos mais (ou menos) carenciados. Agora esse sistema está em falência generalizada. Há que procurar um novo modelo social. Estou como a D.: se procurarem bem no bolso das chaves, talvez o encontrem.
Nunca vi tamanho disparate como na cobertura mediática de Annapolis. Quem ouvisse os jornalistas de variadas proveniências (aqui não foi só a CNN que teve culpa) até parecia que iriamos sair dalli com um acordo de paz e o problema israelo-arabe resolvido.
Um problema com mais de 50 anos, entre uns tipos que ainda há quinze dias se andavam a metralhar na faixa de Gaza, com ramificações em todos os países vizinhos. Mas basta o Bush convidar a malta para se sentar à mesa que a coisa resolve-se num abrir e fechar d'olhos. Afinal de contas, até a Síria lá estava. Não há pachorra para tanta diarreia mental.
Mas, neste tema, o prémio do disparate vai para o Economist da semana passada que trazia na capa uma foto do Bush, com os dizeres "Mr. Palestine". Detesto quando o jornalismo se confunde com a publicidade. Ainda mais quando é a minha revista favorita que comete tal atrocidade.
Aquilo que os jornalistas deveriam ter dito é que a Conferência foi um sucesso mesmo ainda antes de ter começado. Sentar os vários actores do processo a uma mesa, passados sete anos de paralizia total nos contactos já foi excelente. Os discursos finais denotaram optimismo e o aperto de mão entre o Presidente Palestiniano e o PM Israelita mostrou ao mundo que existe uma base de comunicação. Podem ter a certeza que os detalhes dos assuntos tratados e negociações futuras não aparecerão nas capas dos jornais desse mundo fora.
O que eu não consigo perceber é se os jornalistas inventam porque não têm informações, ou se simplesmente são alimentados com chorrilhos de disparates, ou ainda, se dizem apenas aquilo que pensam que "alguém" vai gostar de ouvir. Sendo que esse alguém pode ir desde o accionista principal do órgão de comunicação social, aos políticos e e até mesmo ao público em geral. É uma profissão lixada. Uma que eu não gostaria de ter...
E o estatuto do Kosovo quase a rebentar...