Lise Meitner, (1878-1968) física austríaca, que mudou a sua nacionalidade para Sueca durante a Segunda Guerra Mundial, foi a cientista que conseguiu perceber a razão pela qual um núcleo bombardeado produzia neutrões. O seu colega alemão, que acabou por receber o Nobel em vez dela, não só não precebeu o fenómeno como pensou que se tratava de um erro experimental. Meitner conseguiu logo ver que se tratava de uma demonstração prática da fómula de Einstein E=MC2, i.e., a massa transformara-se em energia.
Originalmente formada em química, numa altura em que as mulheres não tinham outro remédio senão estudar privadamente, em casa, Lise conseguiu doutorar-se com uma tese fora da Universidade e trabalhou durante anos como investigadora sem receber salário.
Talvez por se ter convertido ao cristianismo muito jovem, Lise pensou que se iria safar da perseguição Nazi. Mais tarde, já nos anos 60, admitiu que fez asneira em ter esperado tanto tempo para sair da Alemanha. Mesmo à distância, continuou a trabalhar com seus colegas do Instituto Keiser Guilherme, até perceber as implicações da sua descoberta. Passado meses de ter inventado a expressão "fusão nuclear", apercebeu-se do potencial de explosão do material que se formava com o bombardeamento dos núcleos (uranium). De experiências efectuadas para fins médicos, até à criação da Bomba Atómica foi um passinho de bébé.
No final da sua vida lamentou que a bomba "tivesse que ser descoberta". A ela se deve também a descoberta de alguns dos isotopos que ainda hoje se utilizam no tratamento do cancro (radioterapia). Todas as equipes em que trabalhou receberam o Nobel, mas ela nunca foi incluída. Talvez por ser mulher, talvez por ser considerada uma Judia relutante porque conversa. O porquê permanece desconhecido, mas o trabalho de Lise continua a dar frutos. A salvar e a tirar vidas...