Fim de férias, back in the USSR arregaçando as mangas para o muito trabalho que aí vem...Tá um frio que não se pode nesta terra. Parece que este ano até o verão decidiu não mostrar a cara por cá. Não o censuro...Escusado será dizer que com a diferença de temperaturas apanhei uma carraspana de todo o tamanho que está a ser curada à base de mimo. Pois é, não foi fácil este primeiro ano de "férias repartidas". Sei bem que a grande maioria dos casais portugueses (e não só) até agradeceria aos céus a oportunidade de passar férias sem a "cara metade", mas nós ainda não chegámos a esse ponto e custou.
As minhas férias não tiveram praia, nem piscina, para ser honesta - as minhas férias nem sequer tiveram muito sol. Também é normal, para quem escolhe ir à Tailândia na época das monções. Aconselho a toda a gente. Os templos, palácios e ruínas diversas estão às moscas, sem turistas. Claro que para fazer isto nesta altura do ano é preciso gostar de apanhar com tempestades tropicais em cheio na pinha e ter um prazer especial em andar constantemente peganhento.
A viagem engradeceu em muito o meu espírito patriótico. Por duas razões: uma foi o futebol (confesso...).
Não há nada como estar a tomar o pequeno-almoço às 7 da manhã (os jogos passavam às 3), roída de curiosidade para saber o resultado do Portugal-Espanha,e ver os empregados do hotel a virem com grandes sorrisos à nossa mesa felicitar-nos pela vitória!
Outra foi o facto de termos decidimo metermo-nos por atalhos diversos e ir visitar a primeira aldeia portuguesa instalada na Tailândia, que fica a uns cento e tal quilómetros de Bangkok. Visitámos as ruínas em pleno dilúvio tropical e tivemos de esperar que o Noé aparecesse, enquanto fazíamos companhia a uns portugas que morreram de uma peste qualquer no séc.XVI.
O que raio terá passado pela cabeça destes desassossegados para se virem instalar aqui em 1511?
Aparentemente a história é simples: andavam os nossos Domincanos na tarefa inglória e inútil de tentar converter budistas à religião católica, ao mesmo tempo que o Rei do Sião se via às aranhas para controlar as incursões Birmanesas pelo seu território. Proporcionou-se então o estranho negócio, que vários povos europeus seguiram mais tarde, mas da qual nós fomos, sem dúvida, os percursores: armas de fogo e treino para o seu uso em troca de liberdade de fixação, comércio e envangelização. E como sempre escolhemos um sítio lindo. Bem à beira-rio (nunca se sabe quando vai ser preciso aparelhar o barco e zarpar...) e com terra fértil. Tão fértil que a vegetação tratou de cobrir toda a aldeia. Apenas o mosteiro e o cemitério estão descobertos, num trabalho arqueológico pago pela Fundação Gulbenkian em 1984. Estes dois factores misturados, fizeram-me ter um fundinho de remorso por aquilo que escrevi ali atrás sobre a venda a retalho desse país.
Tudo isto para regressar à Europa e ver a bandalheira que para aí vai. O PM manda o país às ortigas (o segundo PM com tal atitude, em 5 anos!)e por muito que o povo esteja sereno (ou anestesiado pelo EURO) é claro que a nossa "classe dirigente" não sabe para que lado se há-de voltar. Penso que é altura de encarar a dura realidade: ou o país é ingovernável, ou os portugas são tão chatos que não há pachorra para ser PM desse sítio. Se assim não é, parece. Até porque nos outros países democráticos existe uma coisa que se chama "compromisso com os eleitores", que, pelos vistos, perdeu o valor no nosso país. Mas é bem-feito. Pode ser que os nossos caros cidadãos se apercebam da importância de ir depositar o papelinho na urna em vez de ir curtir para a Costa da Caparica.
Espero, muito sinceramente, que o Santana Lopes consiga ser nomeado PM. Por várias razões, algumas delas ocultas. Para já avanço duas:
1. os portugueses merecem. Em Portugal não se vota para PM, vota-se o PARTIDO, não se esqueçam disso....
2. De momento parece-me o único voluntário.