Ontem um dos nossos amigos gregos dizia-nos que, na final do EURO, a euforia grega o tinha, obviamente, contagiado, mas confessava que a única coisa que lhe tinha deixado "um espinho no coração" foi a cara desiludida do Eusébio. "O melhor jogador europeu de todos os tempos". "Como é que um tipo pode estar ali contente, se o nosso ídolo está quase a desfazer-se em lágrimas?". Gostei.
Os gregos ficaram alucinados com o facto de terem ido festejar para as ruas e os portugueses se terem juntado à festa. Nós somos assim, de quando em vez até somos capazes de ser simpáticos (pelo menos para quem vem de fora). Parabéns portugueses.
Outro espanto para mim, foram as declarações do nosso PR falando aos jogadores da selecção. É incrível como um discurso de incentivo pode emocionar tanto um chefe de Estado. Será pela desgraça em que o país se encontra actualmente? Seja como for, não são apenas os nossos rapazes que precisam de palavras motivantes e confortantes. Neste momento, toda a nação precisava de agarrar no espírito de trabalho e organização com que se fez o EURO e começar a funcionar assim no dia-a-dia. Mas isso é sonhar ainda mais alto do que o tal sonho que impulsionou os nossos rapazes....
O terceiro espanto de ontem foi a entrevista do PSL à RTP. Pois. É verdade que não há crise nenhuma, é verdade que o PSL é bem capaz de ser o único disposto a ocupar o cargo (dentro do PSD, quero eu dizer) e é verdade que esta situação já se repetiu outras vezes na história da nossa curta democracia (embora não nas mesmas circunstâncias), tendo sido sempre encontradas soluções de estabilidade e continuidade política. Por isso, racionalmente não tenho argumentos para contrariar o que se passa em Portugal. Calculo que a decisão do nosso PR seja no sentido de manter o PSD no poder. Não quer dizer que goste...Mas o que me espanta mesmo é a segurança com que PSL se apresenta, já na pele de PM, já falando em continuidade de políticas (alguém ainda tem furos no cinto para apertar?) e em escolha de equipas.
Onde anda a nossa esquerda?