Assim à queima-roupa senti-me velha. Principalmente quando começei a verificar os endereços dos colegas e cheguei à conclusão que não me lembro das caras de 50% da ex-turma. Também não posso dizer que tenha sido muito social na Faculdade. Uma das minhas alcunhas era mesmo "bicho do mato". Hoje, à distância, vejo que não foi a melhor opção. Mas na altura eu tinha muito pouco em comum com a maioria das pessoas e o ambiente pareceu-me demasiado competitivo e agressivo. Eu quando não gosto de algo, retiro-me. Como já disse, sou super não-conflituosa. Até demais. Hoje em dia mantenho algumas preciosas amizades dessa altura. Algumas delas feitas depois de acabar o curso!
Após alguma reflexão (não muito demorada, que não tenho tempo para mariquices) pareceu-me que de qualquer modo a partir dos 30 começamos a medir tudo em décadas. Logo não há necessidade de me sentir velha por uma efeméride destas!
Tenho pena que já tenham passado 10 anos desde que se acabou a minha boa vida, mas tenho um balanço tão positivo destes anos que acaba por compensar a sensação que já passei a jarreta.
E depois também se diz que com a idade vamos ficando mais experientes e bla bla bla. Eu não quero saber dessa conversa. Ainda ando a tentar equilibrar o meu lado infantil com as minhas responsabilidades de adulta. E para dizer a verdade, não quero que isso mude. Embora me torne a vida mais difícil, a verdade é que eu não quero crescer. Quero guardar os meus entusiasmos, as minhas excitações com novas descobertas. Quero continuar a dispôr de uma parte do meu tempo para as minhas divagações malucas. Seja a estudar a cartografia medieval chinesa ou a tratar das minhas orquídeas, quero manter a sanidade de ser menina quando me apetece.