Enquanto todo o mundo que se interessa por política anda suspenso esperando o resultado das eleições americanas, nós também andamos suspensos, mas com as presidenciais cá do sítio. Os candidatos não têm a pinta de um Kerry, por exemplo (porque toda a gente tem mais pinta do que o Bush), mas há cá cromos para todos os gostos e feitios, principalmente para quem tenha saudades de ditaduras, sejam elas comunas ou fachas.
A campanha eleitoral tem sido um verdadeiro circo, com intimidações à oposição (seja ela de esquerda ou direita), à sociedade civil em geral e aos jornalistas em particular. Os funcionários de um dos canais nacionais de tv (considerado "imparcial") encontram-se em greve de fome. Ontem quando liguei o meu aparelho já nem conseguia sinal do dito canal, mas anteontem estavam lá todos sentadinhos à frente das câmaras em greve de fome, perante as ameaças de encerramento da estação. O governo acusa a oposição de fascismo, a oposição acusa o governo de totalitarismo e venha o diabo e escolha. No meio disto tudo, os preços da comida já subiram outra vez, há um polícia em cada esquina desta cidade, a gasolina está a começar a escassear e o mexilhão é que se lixa, como sempre. As pessoas andam meio alheadas do "combate político", no fundo porque sabem que sobrará para eles. Neste ano em que o pão aumentou 300%, já ninguém acredita em promessas.
Enquanto escrevo isto decorre, aqui no centro da cidade, uma
parada militar, ao velho estilo soviético, com a presença de Putin
himself para comemorar os 60 anos de vitória sobre as forças nazis. Até aqui tudo bem. Mas não era preciso encher a cidade de militares com uma semana de antecedência. Eu não sei a vossa opinião, mas eu fico nervosa se me cruzar todos os dias com tanques e kalashnikovs a caminho do emprego.
E agora o cenário é este: uma capital cheia de militares até aos cabelos, um Governo com medo de perder as eleiçoes, uma população assustada que já fez as suas "provisões de guerra" a avaliar pelo estado das parteleiras dos supermercados, e uma oposição que sabe que vai perder as eleições, provavelmente de maneira "menos-transparente". Conhecendo este povo, como penso - e sublinho, penso - que conheço, isto é apenas uma grande agitação prévia e vai ficar tudo na mesma. Mas pelo sim, pelo não, o meu fim-de-semana grande vai ser passado mesmo é em casa (
chuif, chuif) não vá o diabo tecê-las....