Este fim-de-semana foi cómico para dizer o mínimo. Como tive receio que isto entrasse MESMO em estado de sítio e que os aeroportos fechassem e coisas do género, acabámos por não sair daqui. Até porque recebemos um carregamento fresquinho de móveis e tivémos que redecorar a casa toda, andar a limpar e essas coisas que toda a gente tem que fazer, mas que ninguém gosta assim muito.
No meio da confusão desta "mudança", os amigos e colegas iam entrando e saindo, trazendo novidades da situação que se vivia nas ruas, enquanto nós mantínhamos a TV acessa para ver se a coisa estava dentro de controlo ou não. Bem, tudo se passou calmamente e não houve problemas por enquanto. Os dois principais candidatos lá anunciaram vitória, numa daquelas situações rídiculas que se vivem em eleições de todo o mundo. Fez-me lembrar os anos 80 em Portugal em que o PC vinha sempre declarar grandes vitórias no final de cada escrutínio, mas sem nunca ter ganho uma eleição que fosse. Agora esperamos pacientemente pela segunda volta. Espero que tudo corra tão calmamente como a primeira, mas não posso ignorar que o cenário é volátil e a situação ainda pode explodir.
O fim-de-semana deu azo a discussões surrealistas nos canais de TV - por exemplo: não existem comentadores políticos. No dia das eleições não havia uma alminha de um partido político que se visse na TV. Só o porta-voz do candidato apoiado pelo Putin é que teve ordem de aparecer. Os canais resolvem o problema como podem, até ASTRÓLOGOS foram usados para comentar a situação política!
No Sábado um amigo nosso ficou bastante enervado com uns senhores (três para ser precisa) que se instalaram com uma carrinha enorme, quase à nossa porta, bloqueando por completo a nossa rua. Claro que ficou convencido que os senhores estavam ali para controlar quem saia e entrava e- quem sabe? - que a carrinha servia o propósito de escutar o que se passava dentro da nossa casa. Talvez sim, talvez não.
Podiam estar ali plantados, numa rua sem movimento, numa hora já fora do normal horário de trabalho, num Sábado, à espera de uma qualquer ordem de um patrão qualquer para um serviço de transporte. Talvez sim, talvez não.
Sinceramente não percebo a nervoseira do nosso amigo. O que é que ele queria? Que deixassem a comunidade estrangeira aqui sem vigilância? Impossível. Que fossem mais discretos? Pois, talvez. Eu, pessoalmente, prefiro que sejam ostensivos. Gosto de saber quando estou a ser observada. Já se sabe que assim funciona o sistema, também me incomoda sobremaneira ter a minha privacidade invadida, mas a vida é assim por estas bandas e não há alternativa. Nós enquanto estrangeiros temos outros valores e outra perspectiva da vida. Nos nossos países isto seria impensável, mas aqui não. "Em Roma sê romano", não há outro remédio.
Bom, mas se foi realmente para escutar o que se passava, não ouviram outra coisa que não fossem conversas sobre cozinha grega, móveis chineses, vodka ucraniana, Durão Barroso e os seus Comissários , bolo de chocolate e receitas de pasta italiana, acrescidas de Joe Jackson aos altos berros. Bom proveito.