Isto anda tudo marado! Passou-se o fim de semana entre manifestações políticas (segunda volta das eleições....) e a porcaria das obrigações sociais que se criam quando se tem esta profissão. Juro que quando me reformar só vai entar em minha em casa QUEM EU QUERO E QUEM EU GOSTO. Maior parte das vezes nem é difícil fazer o número, mas às vezes encontra-se MESMO gente muito, mas muito chata. Tipo "nurd" - estão a ver? que não são capazes de falar de nada que não seja assunto profissional e que adoram ouvir-se a si próprios. Mas pronto, são ossos do ofício, não há forma de escapar. Por vezes o que mais me incomoda é não ter um minuto que seja "privado", não poder dizer "este sábado só faço o que me apetecer". O que acaba por ser irónico: não tenho filhos, em parte porque não quero perder a minha liberdade e depois, de qualquer modo, não a tenho por razões profissionais. Bem feito!
Mas não era nada disto que eu queria dizer aqui hoje. Queria dizer, que para além dos meus telefones, que não funcionam (pelos vistos) até a única maneira de entar no blogger foi um esquema paralelo que eu descobri, porque pela porta da frente não entro nem que me desunhe. Tenho cá a sensação que estes tipos fecharam o acesso aos blogues, pelo menos até à data da segunda volta das presidenciais. Por muito que eu ponha o meu user e a minha password, aparece-me sempre o mesmo écran a pedir os dados novamente. Tive a mesma experiência em Pequim, mas aí eu já sabia que o acesso ao blogger era impossível, tentei mesmo só para ter experiência prática da coisa.
E neste ambiente saudável e transparente, só nos faltava mesmo a bombita da ordem para animar a malta. A dita cuja logo foi explodir mesmo em frente à casa de um amigo nosso (que se salvou de ser transformado em hamburger porque o cão mijou mais depressa do que o habitual). Sabemos que foi um carro armadilhado, sem matrícula, que estava estacionado em frente ao edifício e calculamos a quem foi destinada. É impressionante a forma como a censura funciona nesta terra. Uma bomba destrói parte de uma das ruas mais frequentadas da cidade e nem uma palavra nos órgãos de comunicação social. A explosão foi na madrugada de sábado, nós estivémos lá no Domingo, a apreciar os estragos (é mesmo de quem não tem nada que fazer...) e a recolher informações (se a montanha não vai a Maomé...). Belo final de dia para um Domingo....
Continuando com experiências surreais - e até já me tinha esquecido como esta terra é fértil nesse tipo de encontros - começo a segunda-feira com uma reunião sui generis com uma viúva mal-reciclada dos tempos soviéticos. Esta senhora, que eu tenciono ajudar como puder, pegou na quixotesca tarefa de ensinar português aos jovens, sem qualquer tipo de apoio, seja ele local ou de Portugal. Não sei o que raio motiva alguém a passar 40 anos da sua vida a bater com a cabeça na parede para divulgar a nossa língua na União Soviética, mas gostei de conhecer tal personagem, tão invulgar, com um amor desmesurado por Camões, de quem sabe versos de côr, e com obra vastamente publicada na Rússia (diversas traduções de poesia portuguesa e espanhola). Como não temos nem dinheiro, nem estruturas que possam apoiar este tipo de pessoas, o que faço geralmente, é tirar dinheiro do meu próprio bolso para financiar compras de livros portugueses e vários outros materiais que ofereço depois em nome do nosso Governo. Por enquanto, lá foi a senhora toda contente com uma resma alucinante de jornais e revistas antigas. Pelo menos, as turmas do liceu onde ela ensina terão textos em português "real" para analisar.
Por enquanto, esta semana promete....