Histórias de uma portuga em movimento.
26
Nov 04
publicado por parislasvegas, às 01:56link do post | comentar
Enquanto espero por imagens de hoje, aqui fica um roteiro ilustrado dos últimos dias:


Praça da Independência - Ontem calculavam-se 200.000 manifestantes
Este é o tal Senhor Yushchenko - Sim, é verdade, o gajo dos bigodes é o Lech Walensa.



Viktor Yanukovich, Primeiro-Ministro e vencedor "oficial" das eleiçõesApoiantes do Sr. Yanukovich, ontem num complexo fabril em Donetsk.
Pelo ar de "entusiasmo", não dá pra perceber se estão apenas preocupados com a situação ou se alguém os obrigou a estar ali...



publicado por parislasvegas, às 01:34link do post | comentar
Ontem o Supremo Tribunal da Ucrânia proibiu a publicação dos resultados definitivos das eleições enquanto não forem analisadas todas as queixas da oposição quanto às supostas falsificações antes e durante a votação.
Um parte da polícia já declarou o seu apoio ao povo que está nas ruas. Esta parte é nublosa porque, pelo que me parece, foi a polícia regular que aderiu ao movimento (talvez toda, talvez parte, não sei bem ainda), mas a polícia anti-motim ainda continua no seu posto com ar de poucos amigos. Os militares declararam ontem, a vários canais de televisão, que não avançarão contra o seu próprio povo (uf, com esta já fiquei mais descansada...).
O Solana e o Presidente da Polónia vêm os dois a caminho para ver se sentam estes gajos à mesa para se resolver a situação. Mas o que me parece agora é que a oposição, vendo o poder que tem nas mãos, e os milhares de pessoas que conseguiu mobilizar até agora, não deve estar com muita disposição para negociar. Deve ser mais do estilo: "passa mas é o poder aqui prás mãos, se faz favor e não se armem em parvos, senão vai tudo pró exilio que é uma beleza"
Num dos canais estatais de televisão, a redacção de informação passou-se toda, em massa, para o lado do Ishchenko. E agora, em maior parte dos canais, só se vê gente vestida de côr de laranja a falar.
A oposição já montou uma "junta de salvação nacional" (o que é que isto me faz lembrar?????) e tentam organizar o povo a partir da praça principal, para bloqueios aos edifícios estatais. Há alguns edifícios municipais que estão a servir de dormitório colectivo, hospitais de campanha improvisados em tendas no centro da cidade e refeitórios colectivos com voluntários a trabalhar para "ajudar o povo".
Para um espectador estrangeiro é intigrante como tipos que se batem por um país democrático, pela liberdade de expressão e por uma série de direitos civis (que já existem, mas até agora não passaram do papel) utilizam métodos decalcados dos levantamentos marxistas do século XIX. É giro ver que alguma "cultura de subvelação" lhes ficou....
Devo dizer que já estou um pouco mais optimista do que nos dias anteriores. Parece-me que, neste momento, a coisa já se tornou demasiado grande para ser abafada - mesmo com violência. Como sempre, repito a frase que se tem tornado popular neste blogue nos últimos dias: vamos lá ver o que isto dá....


25
Nov 04
publicado por parislasvegas, às 03:10link do post | comentar
Hoje dia amanheceu frio, cheio de sol e já sem nevão. Está um dia lindo. A metereologia prevê temperaturas entre os -8 e os -10, mas com sol e sem nevar.
Quando me levantei para tomar os medicamentos (10.00h) já a praça central estava outra vez cheia de maralhal. Continua tudo na mesma - povão de um lado, polícia do outro e ninguém se mexe.
Como sempre, nestas situações, os boatos de rua são mais do que muitos. De tal forma que eu nem preciso sair de casa para que venham ter comigo. Desde ontem que a população comenta que os polícias anti-motim que protegem o edifício da Administração Presidencial são de nacionalidade russa. Supostamente, Putin "emprestou" os seus meninos das forças especiais para que não fossem sensíveis à guerra psicológica dos manifestantes da oposição (que, como já disse, tratam os polícias por "irmão" e lhes oferecem flores).
Eu cá sou como o S.Tomé - é ver para crer. A única coisa que eu reparei, numa das muitas transmissões ao vivio a partir do centro da cidade, foi que as "forças da autoridade" não falam ucraniano, e parece que não percebem metade do que a população lhes diz. De qualquer forma, é bem capaz de ser uma força especial ucraniana mas formada com tipos de etnia e língua russa (embora a lei ucraniana proiba a formação de unidades especiais cujos membros provenham todos da mesma região do país).
Ontem também assistimos à chegada dos Cossacos à capital. Os Cossacos têm uma história rica e que sempre me despertou a curiosidade. Tornaram-se no símbolo da valentia guerreira ucraniana, mas nem sempre estiveram do lado do nacionalismo. Como por exemplo agora. Ontem fizeram questão de aparecer, aparentemente sem armas, mas fardados, para apoiar o "presidente oficial".
Há registos históricos das tribos de Cossacos que remontam ao século XIII. Eram grupos de homens que recusavam a escravatura a que eram obrigados pelos grandes latifundiários, e que se rebelavam contra tudo e contra todos. Raramente tinham lei, ou ordem. Nos sécs XV a XVII lutaram contra o que lhes aparecesse à frente: polacos, lituanos, alemães e russos. Só a ameaça do Império Otomano os fez aliarem-se a Catarina a Grande. A partir daí lutaram sempre do lado do império russo, transferiram-se mais tarde para o exército regular da União Soviética, onde serviram com bravura da Segunda Guerra Mundial.
Para os ucranianos foi uma grande desilusão, ver o regimento de Cossacos do seu exército do "lado russo". Mas a verdade é que há 300 anos que eles estão desse lado. Acho que os homens só estão a ser coerentes...
Entretanto, com esta confusão toda, eu que não falava uma pinga de ucraniano não tenho outro remédio senão fazer um curso acelerado da língua. Em três anos nunca precisei de saber muito mais do que "olá" e "obrigado" porque toda a minha gente fala russo, e é essa a língua utilizada no comércio e nos serviços. Uma espécie de "língua de negócios" enquanto o ucraniano era a "língua da administração". Agora de um dia para outro, ninguém quer ser "colado" aos russos e em todo o lado - rua, tv, rádio, etc - só se fala ucraniano. Mas a papar tanta transmissão directa ultimamente a coisa já vai mais ou menos. Acho que vou sair daqui a falar o mais puro "surgik" que algum estrangeiro alguma vez conseguiu falar.....
Tenho a ideia de que os dois lados, e os intervenientes internacionais ( não tenho outra palavra a não ser "intervenientes", dadas as declarações da comunidade internacional até agora) estão todos à espera de "resultados" da Cimeira UE-Russia para ver para que lado é que isto cai. O equilíbrio de forças é complicado, principalmente numa altura em que a Rússia está a ser a primeira responsável pela valorização do Euro, tendo já anunciado que vai substituir as suas reservas em dólar por reservas em Euro. Isto para UE constitui uma ameaça económica que não será de menosprezar, uma vez que um Euro demasiado forte, significa baixa das exportações e uma recessão económica, ainda pior do que a que já temos na zona Euro. Ou seja, ou muito me engano, ou os russos trazem-nos atados pelos tomates. Sim porque isto da democracia e da liberdade do povo é muito bonito, mas não é nada prático - estão a ver?
Se eu não soubesse já o que a "casa gasta" teria ficado extremamente chocada com as delcarações do Putin em Lisboa. Ou então fui eu que vi o canal errado e não me mostraram tudo. O que eu vi foi o Presidente da Federação Russa, dizer nas barbas do nosso que a UE estava "deslocada" em relação à questão ucraniana. Ou seja, o Putin foi a casa de um dos membros da UE dizer - metam-se na vossa vida, não chateiem porque não percebem nada daquilo, sejam bons meninos que a gente resolve a cena à nossa maneira - o que eu não vi foi o "dono da casa" a defender as suas próprias posições. Desculpem lá, mas é triste. Não estou a dizer agora que nos devíamos zangar com a Rússia por causa disto, nada do género. Mas pelo menos, se o visitante tem direito a dar a sua opinião, o anfitrião deveria, quanto muito, esclarecer o público quanto à nossa posição. Se isso aconteceu, eu não vi. Tenho pena. Baixar a cabeça na nossa própria casa é muito mau. Já bastou a Cimeira dos Açores para isso.
Também ouvi na rádio e vi em sites internet que a meia dúzia de gatos pingados da comunidade ucraniana em Portugal protestou ontem do Porto (frente à CMP) e em Lisboa (frente à Embaixada). Mas nas televisões não vi nada. Tenho visto as manifestações em Atenas, nos Estados Unidos, até no Vaticano, mas em Portugal nada. Alguém me sabe dizer se passaram em algum canal de tv?
Nota - "surgik" - espécie de dialecto urbano, falado principalmente em Kiev, que mistura russo e ucraniano. Geralmente incompreensível para quem fala bem uma das duas línguas....

24
Nov 04
publicado por parislasvegas, às 12:36link do post | comentar
Como seria de esperar, o pessoal na rua não pára e a oposição não aceitou o resultado das eleições. Apelam agora à desobediência civil, à paralisação total do país, à ocupação do aeroporto, etc. Os Estados Unidos dizem que não vão aceitar o resultado das eleições, o Barroso diz que pode rever o relacionamento da UE com a Ucrânia e bla bla bla. Eu só sei é que por aqui o caso está mal parado. Porque entretanto, as forças anti-motim continuam no seu sítio e não arredam pé. Nem as pessoas que aqui andam ao frio nos últimos três dias. Esses também parece que não estão com vontade de ir pra casa.


publicado por parislasvegas, às 08:55link do post | comentar
Acaram de ser anunciados os resultados oficiais das eleições. Obviamente ficámos no mesmo. Era uma impossibilidade matemática dar a volta a resultados com uma diferença de 49-46, quando estavam apurados 99% dos resultados. Por isso, ou muito me engano, ou a partir daqui é sempre a abrir...
E eu aqui enjaulada dentro de casa, porra.
De qualquer maneira, a única solução aqui era reconhecer que houve algum tipo de problemas com a votação e entregar o escrutínio dos resultados a uma entidade independente. Claro que o Governo nunca iria aceitar uma coisa dessas, afinal não precisam que ninguém venha fazer o trabalho da Comissão Nacional de Eleições que, legalmente, é um órgão independente. Dificilmente alguém consiguirá saber em que medida uma fraude eleitoral terá afectado os resultados finais. Ainda para mais, é verdade que a parte russófila do país apoia este Presidente e votou nele.
O perigo que a Ucrânia enfrenta neste momento, não apenas o de um levantamento civil, um golpe de Estado ou um banho de sangue nas ruas. O perigo que a Ucrânia enfrenta, é precisamente o de se desintegrar enquanto nação independente, se continuar esta divisão entre ucranianos "europeus" e ucranianos "russófilos". Esta é uma ferida que este povo vem tentando sarar há 500 anos, mas que, pelos vistos, vai continuar aberta.

publicado por parislasvegas, às 05:01link do post | comentar
Não sei o que me preocupa mais neste momento. Se o levantamento popular lá fora se a puta do valente nevão que me está a isolar a casa. Tenho tido uma posição geográfica meio estranha no meio desta confusão. Mudei-me do centro à pouco tempo e não sei se hei-de estar contente ou triste. Por um lado, estou aqui muito mais sossegada, fora das multidões e dos batalhões da polícia de choque. Como se deu a infeliz coincidência de estar proibida de pôr o nariz fora de casa até Segunda-feira, também estou totalmente isolada do Alex (sempre à espera do dia em que ele já não consegue vir dormir a casa) e de todos os meus amigos (que vivem no centro). Às vezes quase preferia estar no meio da confusão.
Por outro lado penso que se situação dêr pró torto, a nossa casa é a única com tamanho suficiente para albergar e alimentar todos os nossos amigos durante uns dias, e também é a que está mais próxima do aeroporto. Só que para cá chegar é preciso contar, não só com eventuais barreiras policiais, como também com o raio da neve que não pára de cair deste ontem.
Está tudo branco, o nosso jardim parece coberto de algodão doce. Pelo menos as cadelas devem pensar que é. Da maneira como elas comem quilos de neve cada vez saem. Outra coisa que estas tipas adoram fazer é corrida de obstáculos na neve. Como a neve cobre qualquer objecto que esteja no jardim (baldes, vasos de flores, candeiros, etc) não se consegue distinguir o que está lá de baixo. Elas usam esses montinhos como barreiras e fazem corridas completamente loucas. Chegam a casa mais enxarcadas do que uns pintos, todas orgulhosas nas T-shirts que lhes arranjámos para a neve. Pelo menos essas, andam felizes no meio desta confusão.
Mas o nevicar de Domingo está a transformar-se num pequeno "blizard" de neve valente e vento forte. Enquanto escrevi este post, assustei-me duas vezes com dois predegulhos de gelo que me cairam do telhado ao jardim. Se uma pessoa não tiver cuidado, mata-se ao sair de casa. Enquanto a neve está mole, apanhar com uma avalanche nos cornos (desculpem a expressão) magoa o pescoço e provoca ataques de riso às testemunhas, mas com gelo a história já é mais séria. Pelo menos diziam ontem na BBC que a temperatura não iria descer mais, isso já ajuda.

publicado por parislasvegas, às 00:30link do post | comentar
Afinal estive a ler o post de ontem e não me enganei nada(ver comentários) - o candidato da oposição não ganhou as eleições. Vamos lá ver se a malta se entende: Os resultados oficiais (que estão apurados em 99%) dão a vitória ao candidato "do aparelho" com uma diferença de dois vírgula qualquer-coisa - ou seja, não há volta oficial a dar. O que eu quis dizer no post anterior é que os resultados oficiais não condizem com o aquilo que eu constatei pessoalmente no dia das eleições. É verdade que a Ucrânia é um país muito grande ("só" 50 milhões de pessoas) e que não se podem tirar conclusões nacionais apenas com base na votação em Kiev. Mas também é verdade que nem os ucranianos conseguem perceber como é que o candidato da oposição ganhou as eleições na maioria das regiões deste país, mas não ganhou a nível nacional - estão a ver o problema matemático?
Eu não penso nada, sou estrangeira aqui e não tenho nada que cagar sentenças, estou apenas a basear-me na observação que fiz das irregularidades que ocorreram durante todo o dia de Domingo. Para além da desestabilização geral - foram encontradas algumas bombas em mesas de voto - o ambiente foi bastante tenso durante o dia todo. Ainda houve gente que votou com documentação falsa, boletins de voto que foram falsificados etc...
Isto é um país que tem Constituição, Parlamento e outras instituições como qualquer país normal e democrático. Poderia ter havido uma investigação sobre as irregularidades, poderiam ter sido marcadas novas eleições, isto é, havia outras soluções que não a de ter milhares de pessoas na rua. Infelizmente, e apesar de isto já durar há três dias, só ontem de madrugada o Presidente em funções, aceitou negociar uma solução com o candidato da oposição. Vamos lá ver o que isto dá....
Só mais uma palavra final: estes gajos são tesos comó caraças - três dias de nevão intenso e temperaturas negativas e ninguém arreda pé das ruas deste país. Devo confessar que para mim foi uma surpresa. A verdade é que estes coitados só querem uma vida melhor, por isso raramente se metem em confusões. Para arriscarem levar uma bela duma carga de porrada e estarem alí já há tanto tempo é porque já estão fartos de serem sempre os entalados. Pode dizer-se que é a verdadeira revolução do mexilhão - estão a ver?

23
Nov 04
publicado por parislasvegas, às 07:29link do post | comentar
Isto não é lá muito habitual, mas a situação justifica. Tinha prometido a mim mesma não utilizar este blog para assuntos deste calibre, mas lá terá que ser. Pelo que tenho ouvido das televisões portuguesas, tá tudo muito baralhado com o que se anda aqui a passar. Se tiverem TV cabo vejam a BBC World que anda com ligações em directo e percebe o que se está a passar.
O candidato da oposição não ganhou as eleições coisa nenhuma. Os resultados oficiais divulgados não condizem nem com as sondagens à boca das urnas, nem com aquilo que esta vossa amiga viu com estes olhinhos que a terra há-de comer. Fiz parte da missão da OSCE para observação das eleições, como o relatório já foi divulgado ontem, estou à vontade para dizer o que vi.
Eu andei o Domingo todo metida nas assembleias de voto, eu vi porque as pessoas estavam sem medo e recusavam-se a dobrar os boletins. Eu vi porque as urnas eram transparentes, e o que eu vi, não tem nada a ver com o resultado oficial - acreditem. Neste momento, temos cerca de 50.000 pessoas na rua, o Parlamento está reunido de emergência, o governo acusa a oposição de "terrorismo" e de excitarem deliberadamente os jovens para servirem de "carne para canhão". O Presidente "eleito" fez uma declaração pungente às mães deste país, do estilo - Quando a polícia secreta matar os vossos filhos não venham dizer que eu não avisei - por isso, já vêm como o ambiente vai bom por aqui.
Eu estou enfiada em casa, porque acabei por ficar doente com a maratona de Domingo - das 6 da manhã à 1 da manhã de segunda-feira, com temperaturas entre os 0 e os -5. Hoje tentei chegar ao Hospital (de ambulância e tudo) - mas um caminho que demora 5 minutos, demorou meia hora, tal não é o controlo e o maralhal espalhado na rua.
Kiev está vestida de laranja (confesso que não gosto lá muito da côr...) que é a côr do candidato da oposição. Seja qual fôr o desenvolvimento da situação, devo confesar que estou ligeiramente pessimista. Isto porque acredito que as regiões que votaram em massa no candidato do governo (as regiões na fronteira com a Rússia) também não irão aceitar uma mudança brusca de rumo no caminho do país. Por enquanto, aguarda-se a decisão do Parlamento (validar ou não o resultado das eleições) e a confusão só deve começar depois disso. Enquanto se aguarda, há autocarros, aviões e comboios que vêm das outras regiões (da fronteira com a Polónia) em direcção à capital com ainda mais maralhal para ajudar à festa. O que eu duvido é que eles cá cheguem, a avaliar pelo controlo policial em todas as estradas que conduzem à capital.
Bem, e por agora é tudo , se puder, isto é , se tiver ligação à net, vou dando mais notícias, à medida dos desenvolvimentos.

17
Nov 04
publicado por parislasvegas, às 05:19link do post | comentar
Hoje em dia, quase tudo tem um manual de instruções. Pensando bem, as únicas na vida que vêm sem manual são os maridos e os filhos, de resto para qualquer merdice, lá temos o manual, ou livro de aconselhamento ou seja lá o que fôr.
Quando estávamos a pensar em estender a família e incluir o nosso primeiro animalito, comprámos todos os manuais e mais alguns sobre as raças que nos interessavam, incluíndo os bulldogs. Lemos aquilo de uma ponta à outra. A mim, pessoalmente, pareceu-me que o bulldog era o cão mais indicado para nós - altamente inteligente, independente e amoroso com crianças. Basicamente era isto que o manual dizia e eu, feita estúpida, acreditei.
Com os dois anos de experiência que já tenho de criar e conviver com a espécie, tenho que dizer que as merdas que vinham escritas nos manuais sobre esta raça de cães, são apenas uma visão cor-de-rosa do temperamento destas bestinhas e, talvez a única maneira dos criadores conseguirem vender os seus cachorinhos (que, por acaso, até valem uma fortuna).
Quando se diz que os bulldogs são altamente inteligentes, é verdade. Um cão "normal" bem treinado pode reconhecer até 5 ou 6 ordens, enquanto um bulldog reconhece 11. Mas o que os gajos não dizem é que os bulldogs utilizam toda a inteligência que têm apenas para um objectivo: levar a sua avante. É verdade. E quando se diz que os bulldogs são independentes, deve ler-se estupidamente teimosos. Quando entendem que não lhes convém cumprir determinada ordem são lixados: fingem que não estão a ver o humano, vão-se esconder para não terem que nos ouvir, fogem, etc... Quando dizem que são extremamente amorosos com crianças é verdade. Mesmo. Um puto pode magoar seriamente um bulldog e o cão nem sequer pia. Mas tem o reverso da moeda: estão constantemente a chagar as criancinhas para brincar.
São cães que se aborrecem com facilidade, portanto têm que estar sempre ocupados. Caso contrário, em vez de se deitarem a um canto como qualquer outro cão, chagam os humanos a um ponto indizível. Odeiam televisões. Põem-se à frente, não deixam ver nada, nem ouvir, porque ressonam mais do que qualquer homem feito.
Pensava eu que o defeito era da educação que eu tinha dado aos cães. Depois de ter tido dois (embora agora só reste a Angie) e ter constatado vários comportamentos que não vêm nos manuais de instruções, comecei a ir a sites e ler impressões trocadas por donos de bulldogs. Aí, pecebi que maior parte dos donos desta raça ainda tem muitos mais problemas do que eu. Maior parte das pessoas queixam-se que estes cães lhes dominam a casa e alguns humanos perderam os seus direitos ao sofá e à própria cama.
Por isso, meus amigos, se quiserem inserir um bicho qualquer na família, não se fiem nos "manuais", são apenas publicidade de criadores. Mas se algum de vós pensar em adquirir um bulldog existe uma salvação teórica: antes de comprar o cão, encomendem na Amazon um livro que se chama "So, Your Dog Is Not Lassie.....Tips and Tricks to Educate Dificult Dogs" e se mesmo assim, depois de o lerem, ainda quiserem o cão - força.
Os bulldogs, são sem dúvida, uma das melhores companhias para se ter em casa!


publicado por parislasvegas, às 05:14link do post | comentar


Já é oficial, o primeiro nevãozito caiu hoje. Preparem-se para as "crónicas do frio"!

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