Histórias de uma portuga em movimento.
02
Mar 05
publicado por parislasvegas, às 04:59link do post | comentar
...muito bonito. Sim, a oportunidade de trabalhar fora, conhecer novas culturas, aprender novas línguas, conhecer outras pessoas e fazer uma vida melhor. Esta é a sina de todos os migras (um grande saravá para todos nós!) e o nosso desejo de melhorar a vida empurra-nos para o desconhecido. Mas.....Trabalho que nem uma cadela, mas pelo menos ganho mais. Claro que nem vale a pena falar dos preços do supermercado aqui e das rendas de casa exorbitantes (parece que estou a falar de Portugal, mas não é!!!...). Tão pouco vale a pena falar do isolamento, da dificuldade em encontrar (des)conhecidos que te possam fazer companhia, do stress de mudar de sítio, mudar de casa, mudar de língua, mudar de vida. O custo é muito mais do que monetário. Obriga a deixar os amigos de sempre, a família mais próxima. Obriga a crescer, aprender todos os dias a ser só. A ser completamente independente. A organizar tudo e um canudo sem ajudas, encarar a vida como uma escada que se tem que subir sozinho, e muitas vezes com fardos às costas. Esta experiência tem me mostrado as minhas verdadeiras capacidades de adaptação e até que ponto consigo sustentar a minha psique, sem recurso a muletas exteriores. Não é fácil, mas ganhei muito com isto. Obrigado Ucrânia por me teres mostrado a força que tenho e por me teres provado que tenho pêlo na venta, sim senhor, e dois tomates dos valentes.
Agora bora lá arregaçar as mangas que há muito trabalho a fazer. Primeiro para nos tirar daqui, e depois para começar tudo de novo....
Ps - mesmo com os meus tomates, tenho umas saudades vossas cada vez mais alucinantes. Já vi que consigo cagar pra Portugal, não consigo é cagar prós meus amores portugueses...

01
Mar 05
publicado por parislasvegas, às 07:59link do post | comentar
Pois é, ando a pensar seriamente na quantidade de vantagens que terá a minha saída desta terra. Uma das vantagens, que não é assim muito óbvia, mas que para mim é importante, é a melhoria substancial da minha qualidade de vida nocturna. Eu ainda tenho tendências boémias, e continuo a gostar de sair à noite (vê-se mesmo que não tenho filhos). Acima de tudo, gosto de, ao fim de um dia lixado no escritório, poder voltar-me para o Xano e dizer: bute lá beber um copo para afogar o dia. Mas para isso é preciso ter "embiente". Ora aí é que está o busilis da questão. Aqui temos 3 tipos básicos de ambiente:
1 - o estudante - são bares ou discotecas muito baratas, com música dos anos 80 (blhargg) ou com música mais ou menos pimba russa, onde se vêem pessoas normais. O ambiente é bom, mas não se consegue interagir com os nativos, que, geralmente, ficam a olhar pra nós como boi pra palácio e borram-se de medo. Se alguém quiser meter conversa, geralmente o nativo foge a sete pés. Claro que tenho histórias interessantes sobre este tipo de bares - por exemplo, uma vez que eu estava com o Xano e outro tuga, e uma das raparigas (pensando que eu era índígena também) me preguntou se os dois estrangeiros eram meus, ou se eu lhe dispensava um, porque ela tinha a renda do quarto para pagar no dia seguinte (eu sei, é triste, mas cada um se safa como pode-não se deve julgar ninguém). Disse-lhe que os dois estavam ocupados e que eu própria era estrangeira. A moça acabou por me pedir um cigarro e ficar ali na conversa comigo sobre a triste sina de ser gaja nesta terra....
2 - O Casino - esta terra tem, literalmente, um casino em cada esquina. Com preços diferentes e com decorações melhores ou piores consoante o nível da clientela, estes são os piores sítios que se podem frequentar aqui. Basicamente todos os elementos masculinos presentes são membros das mafias (alguns dos quais armados) e todos os elementos femininos são prostitutas. Depois há assim uns camones que lá vão parar por engano. Nós já fomos várias vezes (quando nos apetece um joginho nas máquinas) mas, mais uma vez, não convém interagir com a fauna. Destes sítios não tenho histórias cómicas, apenas sustos...
3 - o bar finório - Há vários restaurantes e bares, giros, caros comó raio, nos quais qualquer mortal esquece que está na ex-URSS e se convence que foi parar a Nova Iorque a uma festa da Vogue. Os homens têm todos barriga de rico, rolexes nos pulsos, limusines ou Hummers com motorista à porta e, pelo menos, duas modelos de 2 metros cada em cada braço. Ou seja, o verdadeiro estilo "novi ruski" uma imitação daquilo que se tornou a riviera francesa e o Mónaco, que estão agora inundados de russos ricos, passeando os seus Iates. Admitindo que no Lago Baikal é difícil circular de Iate, mesmo assim é irritante ter que levar com estes gajos, ilhas de "show off" neste mar de pobreza. O irritante neste "embiente" é que - primeiro é extremamente difícil levar o homem a um sítio destes, onde um gajo nem sabe para onde é que há de olhar, porque qualquer fêmea parece saída do concurso Miss Universo. Segundo, porque qualquer gaja que entre nestes antros e não esteja vestida como se fosse fazer uma sessão fotográfica da Versace, tá, automaticamente, tramada. Todo o pessoal olha pra ti com um ar do estilo " odeio pobre!" E eu odeio sítios onde as pessoas só vão para ser vistas e para criticar os outros. E assim se estragam os únicos sítios que se poderiam aproveitar.....
De modo que, uma das muitas grandes alegrias que eu vou ter quando sair daqui é o facto de passar a poder ir beber um copo em paz, sem ninguém estar a verificar se os meus sapatos verde-alface são Manolos, ou se são comprados na feira.

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