Histórias de uma portuga em movimento.
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Mai 05
publicado por parislasvegas, às 05:34link do post | comentar
Uma das coisas que mais me irrita, mas, devo dizer, também mais me diverte, é o facto de termos aqui uma espécie de "corte" de estrangeiros,onde toda a gente se conhece e comenta as vidas de cada um. Isto, por um lado, põe-me os nervos em franja, por outro, há situações de tal ordem ridículas, que acabam por me fazer rir durante dias seguidos.
A última tem tido bastante piada. Há uns tempos atrás, um dos nossos amigos expatriados, entrou em pânico com a notícia de que uma ex-namorada sua (de longa data, e da qual se separou no maior dos estrilhos) vinha viver cá pró burgo, pois tinha realizado o sonho da sua vida - casar com um Embaixador - que, azar dos azares, logo tinha que ser cá colocado.
Digamos que a posição deste nosso amigo piora ligeiramente, pois esta ex (de uma nacionalidade diferente da dele) casou-se, nada mais nada menos, com o embaixador DELE. É chato. Quer dizer, uma pessoa nunca mais consegue entrar na embaixada e pedir o seu passaporte, sem ter toda a minha gente a comentar que ESTE é que é o ex da embaixatriz....Bom, mas já me estou a afastar da coisa...Como eu dizia, o nosso amigo entrou em pânico, pois a própria ex lhe deu a notícia, acompanhada de várias ameaças do estilo "ainda bem que vou viver bem pertinho de ti, meu querido, pra poder finalmente foder-te a vida toda e fazer-te pagar a merda do sofrimento que passei quando me largaste" e outras pérolas de poesia romântica linda, que logo aí, nos fizeram cagar de riso.Por mais que o tentássemos chamar à razão - "calma, que a gaja vai ter uma posição social que não lhe permite andar por aí na peixeirada" "calma, que se a gaja mija fora do penico o embaixador-marido vai ter que a recambiar" e outros argumentos fortíssimos que lhe deviam ter acalmado o pânico (do estilo - "ó pá, se a gaja entra a matar, marcas uma audiência com Sua Excelência e passas meia hora a falar das taras sexuais da gaja e ameaça logo que pões essa merda do jornal) - nada,mas nada fez acalmar o tipo.
Pela descrição que ele nos fez, esta jovem senhora, com menos uns bons 7 anos mais nova do que eu, é uma mulher deslumbrantemente linda, altamente inteligente, maquiavélica e desiquilibrada. Ora o que nos tem provocado a risota toda é que a senhora chegou cá e verificámos que:
1. É feia
2. Não tem conversa que se aproveite
3.Aparenta uns 37 anos bem vividos
4. Não sabemos se é mais maluca do que nós, porque não se nota
Claro que fomos logo perguntar se aquela é que era a perigosa Mata-Hari, informação que o nosso amigo confirmou, no meio de inúmeras queixas que continua a receber telefonas ameaçadores e ela lhe faz gestos obscenos em público, coisa que nenhum dos acompanhantes conseguiu alguma vez verificar. Claro que no meio da risota que isto tem provocado, muitos de nós andam seriamente preocupados com a sanidade mental do amigo em causa. Eu não. Acho que ele já enlouqueceu há uns bons dois invernos atrás e agora é que se está a notar com a força toda.
Conto esta história não pelo interesse desta narrativa de caca,em si própria, mas apenas para demonstrar até que ponto o isolamento de expatriado, aliado aos invernos soviéticos podem afectar o cérebro de uma pessoa (ou neste caso, de várias - do nosso amigo que está paranóico, e as nossas que ainda nos rimos com isso...)

publicado por parislasvegas, às 01:38link do post | comentar
Como a todos os deslocados e desanraízados, imigrantes, ou, para ser fina, expatriados - o regresso de Portugal, fez-me uma impressão danada.Acho que não emcontrei outra defesa melhor, senão passar os dias a dormir. Daí o facto de não ter actualizado o blogue. Não é que nesta última semana não se tenham passado coisas interessantes nesta terra, antes pelo contrário. O Festival da Eurovisão, passou qual circo itenerante, pela cidade, enchendo o burgo de camones vários, pequenos mafiosos e muitas putas. De maneira que a coisa até esteve animada, mas eu andava sem paciência nehuma e preferi viver a coisa de maneira mais recatada.
Confesso que eu, sempre desejosa de alguma actividade diferente,em vez de andar feita maluca metida no meio dos camones e a ir às festas todas e mais algumas que se organizaram em honra de variadas personalidades que não conheço de lado nenhum,meti-me mas foi na caminha e passei oito dias de profundo coma emocional, do qual começo a emergir, embora muito lentamente. A excepção foi aberta para a delegação portuguesa, composta por gente altamente simpática e profissional, com a qual me deu muito gozo conviver,mesmo que apenas por pouco tempo- como sempre, nem passámos da meia final, mas pronto, o que interessa é o convívio...
No sábado, e à falta de bilhetes para a final, fomos com os latinos, jantar ao melhor japonês da cidade, onde chateámos a gerência até à exaustão,para transmitirem a eurovisão nos plasmas gigantes do restaurante. Lá fizeram a vontade aos doidos dos latinos mas - sem som...Enfim, não se pode ter tudo...Constantando que os portugas já tinham sido eliminados, que a Itália não participa e que Espanha só teve uns míseros votos de Portugal e da Ucrânia (!), ficámos chateados, pois claro, e resolvemos organizar uma eurovisão-karaoke lá em casa, que durou até às seis da manhã e teve os seus vencedores por KO - o espanhol e o Xano, que se aguentaram a cantar até ao último raio de sol da madrugada de Domingo!
E assim vão as glórias deste mundo pós-soviético.

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