Parece que este início de Junho provocou uma paralesia blogueira ao pessoal barreirense. Não sei o que se anda a passar aí prás bandas do Tejo, mas por cá, à beira-Dnipro, muita água tem passado por baixo das pontes, e a corrente não me tem dado muitas oportunidades de escrever.
As últimas duas semanas foram passadas a trabalhar freneticamente, graças à curiosidade turística que o nosso país (ainda) suscita, à preparação das comemorações do 10 de Junho e à preparação da minha próxima ida a Pequim, já neste sábado.
Isto tudo intercalado de muitas dificuldades técnicas e de pouco ou nenhum acesso à net. A verdade é que, passados quase 4 anos de luta com as conexões internéticas nesta terra, já cheguei à conclusão que estas são completamente místicas. Ou seja, existem por vontade de Deus e funcionam quando as estrelas estão todas em boa posição e o alinhamento é propício à navegação cyber-espacial. É um daqueles mistérios da vida, em que uma pessoa tem que ter paciência e aceitar a sua insignificância face aos grandes desígnios do Universo....Se tivesse chegado a esta conclusão há quatro anos atrás, teria-me poupado a mim mesma uma série de dores de cabeça e uma pipa de massa, pois nestes casos, pode-se poupar o dinheiro em técnicos e ir à igreja acender umas velas, que ficam mais baratas e fazem o mesmo efeito ao funcionamento do computador e da ligação.
De resto, ando cheia de trabalho por razões óbvias. O Verão é sempre uma altura de grande movimento para nós. Apesar da "Silly Season" nos retirar conteúdo político ao trabalho, sempre nos compensa com uma horda de turistas a quem é preciso informar e dar vistos. E, assumindo, que uma grande parte da população aqui tem alguém da família a viver aí, já podem imaginar a loucura que isto é.
A semana passada foi ocupada na preparação das comemorações do dia de Camões. Como a comunidade portuguesa aqui é assim a atirar para o reduzida, não houve grande coisa para portugas. A festa (que, mesmo assim, foi grande) foi direccionada para os nossos colegas estrangeiros. Preparámos, como fazemos todos os anos, uma grande recepção ao corpo diplomático, nas margens do rio Dnipro, com muito vinho português. Se se interrogam sobre a proveniência do financiamento para tal "extravagância" digo-vos já que sai tudinho do bolso privado do chefe aqui da xafarica. Fiquem descansados que não vos estamos a meter a mãozinha na carteira. No decorrer desta semana, vou ter eu que abrir os cordões à bolsita e oferecer uma festa ao nosso colega espanhol, que com a graça de Deus Nosso Senhor (já vêem como ando mística...) se vai pirar pró Canadá. Isto é uma tradição que temos, para mostrar aos outros o bom relacionamento entre países, oferecemos festas quando os colegas acabam as missões.Já fizémos isso ao francês, agora estamos a fazê-lo com o espanhol, acho que não vamos ter tempo para oferecer despedidas a mais ninguém, a não ser a nossa.
Enquanto trabalho, preparo a recepção ao espanhol, ando com os cães nos tratamentos veterinários e tento ter pachorra para os lados menos controláveis desta vida passageira, também ando em preparações para me pirar para Pequim durante uma semana. Mais uma semana daquelas em que tenho férias, mas tenho que pensar o que raio hei-de fazer sozinha.
No ano passado uma das soluções foi passar uma semana na Tailândia, com a minha mãezinha, e várias em Portugal. Este ano vai de ir sozinha para a China e pronto. Não é propriamente com intuítos de turismo,mas sim para ajudar os meus cunhados com um projecto que aparecerá, brevemente e em exclusivo, neste belogue.
Entretanto ando à procura de escapadelas para Agosto, uma vez que só temos uma semana de férias juntos (e já é um pau!), excluí a Malásia, porque a viagem é muito longa. Isto para grande pena minha, pois há uns anos que tento realizar o sonho de passar,pelo menos uns dias em Kota Kinabalu. Por isso ando à procura de alguma agência de viagens por aqui que faça pacotes para as Maurícias ou, em alternativa, estou a pensar em ir pela enésima vez ao Egipto, seja para mais uma semana de mergulho no mar vermelho, ou para um cruzeiro no Nilo, ainda não sei.
E pronto, estes assuntos vão me afastando do que realmente me preocupa neste momento: estou transferida para Paris, não sei quando vou, não tenho casa, não tenho data para a mudança, não conheço nada da cidade, não....enfim, não...Imaginem-se a ponto de mudar toda a vossa vida, mas sem saber de nada, até porque nada depende de vós. Se isto fosse uma mudança de vida privada, já eu teria casa em Paris a esta hora, com datas de mudança e etc,mas como depende do andamento do nosso déficit orçamental, tanto pode ser adiada para as calendras gregas como pode haver massa já amanhã e põe-nos a tocar daqui pra fora, sem ter nada preparado, de um dia para o outro. Isto é mais fácil para maior parte dos meus colegas que têm mulheres e/ou maridos com disponibilidade e tempo para tratarem de tudo, nem que seja de repente. Nós estamos com as mãos atadas por 8 a 12 horas de permanência diária no escritório.Mas não há-de ser nada. Isto no fim corre sempre bem, não é verdade?