Cá estou de regresso, após mais uma semana de Pequim, alucinada,como sempre. Das primeiras vezes, nunca percebia lá muito bem porque me estafava que nem uma doida, quando nem sequer estava a fazer muita coisa ao mesmo tempo, e quando o ritmo da cidade até é bastante vagaroso se a compararmos com Hong Kong ou Shangai. Desta vez, que tive de andar à procura de uma série de produtos e materiais para ajudar os meus cunhados com um negócio que agora procuram desenvolver (a divulgar, aqui neste blog, em exclusivo!) é que percebi a razão de tanto estafanço. Aquela cidade é grande como o raio!!!!!!
Nunca se podem planear duas actividades no mesmo dia, a menos que fiquem relativamente perto umas das outras (máximo 20 minutos de carro). Mesmo assim, há sempre o risco de alguma coisa correr mal, o trânsito empana e depois é que são elas.....Há três anos atrás, na minha primeira ida, a cidade ainda tinha mais bicicletas do que carros. Agora o ratio inverteu e circular converteu-se num inferno. Isto para nao falar da absoluta inépcia dos chineses para guiar o que quer que seja motorizado. Devem ter um handicap genético ao volante. Nunca vi povo a guiar tão mal. O que vale, é que para compensar a falta de jeito, guiam todos a 20 à hora, por isso não há grandes desgraças nas estradas.
Num dos dias, vimos um acidente que, de tão estúpido, nos pôs a rir durante meia hora. Numa das faixas das bicicletas, vinha um desgraçado daqueles muito magrinhos, pedalando a custo um velocipede de carga (com jerricans de água). Sem se perceber lá muito bem o que aconteceu, esse tipo parou de repente. Os 20 que vinham atrás cairam todos uns por cima dos outros, os jerricans foram ao chão, alguns rebentaram, e eram já centenas de chineses molhados e furiosos a gesticular e gritar com o desgraçado do magricelas que provocou a coisa....
Noutro dos dias, tínhamos planeado duas actividades em bairros relativamente próximos, mas o plano estoirou-nos porque rebentou a conduta principal do esgoto numa das Avenidas pela qual tínhamos de passar. Bom, meus amigos. Se vocês pensam que Lisboa é complicada quando chove, deviam ter visto isto. Uma só avenida de Pequim inundada é pior do que Lisboa inteira encharcada ( e provavelmente afecta mais pessoas).
Continuo a esforçar-me estupidamente para falar Mandarim. Não é que agora faça muita falta, os chineses estão a preparar-se para os Jogos Olimpicos e agora até a velhinha da esquina já sabe dizer "hello". Devem ter aulas obrigatórias através da televisão, ou coisa que o valha para poderem "ajudar" os estrangeiros que vão invadir a cidade. Mas a verdade é que mesmo com a minha má pronúncia qualquer chinês me respeita e agradece o esforço. Os estrangeiros de Pequim, na sua maior parte, são uma vergonha. Racistas, recusam-se a falar a língua (para encobrir a sua própria estupidez de não conseguir pronunciar uma língua tão difícil) criticam os chineses em tudo, sem sequer tentar entender as atitudes, e, claro, põe-se a jeito para serem os primeiros a serem multados, enganados, roubados e coisas várias que nunca me aconteceram naquela cidade. Para esconderem a sua dificuldade de adaptação a uma cultura tão complicada, preferem simplesmente dizer que os chineses são todos lentos, estúpidos e ignorantes.
Eu, com o vocabulário de uma criança de dois anos, lá me vou safando e nunca ninguém me fez mal.
Desta vez não fui em turismo. Fui para observar a sério. Perceber se seria capaz de guiar na cidade, por exemplo. Ou se seria capaz de em quatro semanas ter vocabulário suficiente para orientar a "Aí" e o supermercado. Ou se seria capaz de fixar o caminho seja para onde fôr sozinha. Este namoro à China dura há anos de mais.
Agora temos Paris à nossa frente, mas quem sabe depois Pequim? Neste momento era a única cidade do mundo onde,para mim, seria um desafio a sério viver. Decididamente vivo apaixonada pela aquela amálgama de betão, com uma língua quase incompreensível, com um dos últimos regimes comunistas do mundo, com uma das culturas mais antigas da humanidade. Digam lá,porque é que eu só gosto de coisas difíceis?????