Histórias de uma portuga em movimento.
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Ago 05
publicado por parislasvegas, às 02:57link do post | comentar
JACTANCIA DE QUIETUD

Escrituras de luz embisten la sombra, más prodigiosas que meteoros.
La alta ciudad inconocible arrecia sobre el campo.
Seguro de mi vida y de mi muerte, miro los ambiciosos y quisiera entenderlos.
Su día es ávido como el lazo en el aire.
Su noche es tregua de la ira en el hierro, pronto en acometer.
Hablan de humanidad.
Mi humanidad está en sentir que somos voces de una misma penuria.
Hablan de patria.Mi patria es un latido de guitarra, unos retratos y una vieja espada,la oración evidente del sauzal en los atardeceres.

El tiempo está viviendome.

Más silencioso que mi sombra, cruzo el tropel de su levantada codicia.Ellos son imprescindibles, únicos, merecedores del mañana.
Mi nombre es alguien y cualquiera.Su verso es un requerimiento de ajena admiración.

Yo solicito de mi verso que no me contradiga, y es mucho.
Que no sea persistencia de hermosura, pero sí de certeza espiritual.
Yo solicito de mi verso que los caminos y la soledad lo atestigüen.
Gustosamente ociosa la fe, paso bordeando mi vivir.Paso con lentitud, como quien viene de tan lejos que no espera llegar.

(Luna de enfrente, 1925)

Jorge Luis Borges

publicado por parislasvegas, às 02:08link do post | comentar
Lusíada Exilado


Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.

Há nevoeiro em mim. Dentro de abril dezembro.
Quem nunca fui é um grito na memória.
E há um naufrágio em mim se de quem fui me lembro
há uma história por contar na minha história.

Trago no rosto a marca do chicote.
Cicatrizes as minha condecorações.
Nas minhas mãos é que é verdade D. Quixote
trago na boca um verso de Camões.

Sou este camponês que foi ao mar
lavrou as ondas e mondou a espuma
e andou achando como a vindimar
terra plantada sobre o vento e a bruma.

Sou este marinheiro que ficou em terra
lavrando a mágoa como se lavrar
não fosse mais do que a perdida guerra
entre o não ser na terra e o ser no mar.

Eu que parti e que fiquei sempre presente
eu que tudo mandava e nunca fui senhor
eu que ficando estive sempre ausente
eu que fui marinheiro sendo lavrador.

Eu que fiz Portugal e que o perdi
em cada porto onde plantei o meu sinal.
Eu que fui descobrir e nunca descobri
que o porto por achar ficava em Portugal.

Eu que matei roubei eu que não minto
se vos disser que fui pirata e ladrão.
Eu que fui como Fernão Mendes Pinto
o diabo e o deus da minha peregrinação.

Eu que só tive restos e migalhas
e vi cobiça onde diziam haver fé.
Eu que reguei de sangue os campos das batalhas
onde morria sem saber porquê.

Eu que fundei Lisboa e ando a perdê-la em cada
viagem. (Pátria-Penélope bordando à espera.)
Eu que já fui Ulisses. (Ai do lusíada:roubaram-lhe Lisboa e a primavera.)

Eu que trago no corpo a marca do chicote
eu que trago na boca um verso de Camões
eu é que sou capaz de ser o D. Quixoteque
nunca mais confunda moinhos e ladrões.

Eu que fiz tudo e nunca tive nada
eu que trago nas mãos o meu país
eu que sou esta árvore arrancada
este lusíada sem pátria em Paris.

Eu que não tenho o mar nem Portugal.(E foi meu sangue o vinho meu suor o pão.)
Eu que só tenho as lágrimas de sal
que me deixou el-rei Sebastião.
Lusíada exilado. (E em Portugal: muralhas.)
Se eu agora morresse sabia por quê.
Venham tormentas e punhais. Quero batalhas.
Eu que sou Portugal quero viver de pé.

Manuel Alegre

publicado por parislasvegas, às 00:39link do post | comentar
...Dia 1 de Agosto e eu cá continuo no meu posto. Inabalável e sem férias. Espero mesmo ir daqui a 3 dias, porque:
1. Já não me aguento mais
2. Já não tenho pachorra
3. Já não posso com isto

Ainda por cima, este ano, Sol e Praia vão ser conceitos desconhecidos para mim. Como aliás já o são nos últimos dois anos. Das duas três: ou eu saio daqui e vou apanhar um solzinho, ou vou pró quintali da minha casa pôr o biquini, ou dá-me um ataque de nervos.
Acho que vai ser a última opção, porque não tenho outro remédio senão aguentar-me bravamente à bomboca e trabalhar.
Tá quase, vá lá, são só mais dois dias, vá lá. E é assim que eu tenho passado o meu tempo. A auto-convencer-me que isto vai correr bem e que não me vai dar nenhuma coisa antes de poder sair daqui.Isto dava direito a uma consulta gratuíta no Miguel Bombarda...

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