Histórias de uma portuga em movimento.
23
Ago 05
publicado por parislasvegas, às 07:52link do post | comentar
Esta agora fez-me rir valentemente. Aconselho a quem não perceber a posta a ir também aqui,aqui,aquie, finalmente, aqui. Apanharam???

publicado por parislasvegas, às 06:51link do post | comentar
Apesar de escrever quase sobre tudo neste berlogue (incluíndo a puta dos sapatos azuis-leopardo), devo informar-vos que a minha vida não está aqui escarrapachada. Há todo um sector envolvido em mistério que, basicamente, gira à volta de tudo o que são detalhes do meu trabalho, do meu relacionamento com o amor da minha vida e dos meus pensamentos mais profundos. Esta última parte, a dos meus pensamentos mais profundos, não consta do berlogue apenas para não adormecer o público. Não tem nada a ver com problemas meus de partilhar o que me vai na cabeça. Na realidade, se o pessoal já pensa que sou avariada da cornadura com postas relativamente "levezinhas" imaginem se me pusesse aqui a divagar em profundidades. Provavelmente tinham que me fazer um voo charter directo pró Miguel Bombarda.
Esta posta, embora não pareça até agora, tem a ver com a anterior. Esta coisa estranha de me sentir "Alien" em quase todo a parte. Como o título bem ilustra, esta posta tem a ver com a distância e com as mudanças que essa gaja tem operado em mim. É que o meu crescimento enquanto pessoa não tem apenas o contributo desse grande filho-da-puta que é o tempo, e dessa tresloucada que é a experiência. A estúpida da distância também tem dado o seu contributo. E bastante.
Esta distância não é apenas física, não se trata de estar há praticamente quatro anos longe do meu país. Basicamente, as saudades que eu tenho de Portugal poderiam ser resumidas num vídeo do ICEP: praias, os campos de golfe, o sol e a boa comida, Lisboa ao pôr do Sol, passear no Castelo, ir beber um copo ao Bairro. O sonho de qualquer turista, portanto.
A distância que me tem moldado a personalidade é a distância a que estou de todo e qualquer conforto emocional. Falta de colinho de mamã, falta de abracinho de amigos, essas coisas. A distância não me afecta laços de amor e amizade que já são perpétuos. Mas o que me custa é ver e ouvir a minha família e amigos com dificuldades e não poder fazer praticamente nada para ajudar. O que me custa é quando eu tenho problemas não poder agarrar no telefone e combinar um bom cafézinho com a minha mãe ou um/a amigo/a. Na fase da vida em que estou e,principalmente na minha profissão, já não se fazem amigos. Os que tenho estão à distância de um clique de rato, que é uma distância matemática e abstracta. Enquanto não nos olhamos nos olhos continuo com saudades. O telefone não substitui uma boa olhadela aos nossos amigos. Só assim é que consigo saber quem realmente está bem...
Outra filha-da-putice que a distância me vem fazendo há quatro anos é que faço sempre papel de corno. Sou sempre a última a saber das coisas. Tem a sua lógica, mas lixa-me na mesma. Até a minha família me faz isso. Já que não posso ajudar, para quê preocupar-me???Preocupem-me caraças, é pra isso que a família serve, é pra isso que os amigos servem.
Não me tenho sentido sozinha, não me tenho sentido "fora" do meu círculo habitual, mas sinto-me longe. Tenho pena de não acompanhar as grandes mudanças das vidas das pessoas que gosto. Tenho pena de quase não conhecer os filhos dos meus amigos.
Já aprendi a lidar com o tempo (rugas, venham daí à vontade, posso convosco e muito mais) e ando atarantada a aprender a lidar com a experiência (isto às vezes não é fácil...), a distância é uma coisa com a qual eu vou lidar mal pró resto da minha vida. Habituei-me, mas não gosto. E muito embora a distância não tenho exclusiva responsabilidade pelo meu ar estranho (cá está a ligação com a posta do "Alien"- Ha!ha!), a verdade é que quando se está longe de um determinado standard estético, é inevitável perder todo e qualquer "fashion sense". Portanto, mais uma filha-da-putice imputável à distância é o facto de me vestir como estrangeira em qualquer sítio do mundo. Dessa não tenho pena. Pelo que eu leio aqui, parece que a última moda é ser loira e usar encharpe...Já passei essa fase.

publicado por parislasvegas, às 02:23link do post | comentar
7:30 Pm. Saí do trabalho, chego ao meu bairro e resolvo ir ao gastronom (mini-mercado) comprar cigarros. Estaciono o Mustang à porta. Como sempre, o gastronom está cheio que nem um ovo. Vendem cerveja, vodka, cigarros e comida e fica a meio caminho entre a saída do Metro e o início do meu bairro-de-classe-média (se é que tal existe neste país). A esta hora estamos na hora de ponta. Toda a gente passa pela cervejinha/vodka primeiro. Maior parte do pessoal já acabou a garrafa quando chega a casa.Faço fila. Reparo que toda a gente olha pra mim com um ar estranho. A única que já está habituada ao meu visual deslocado é a dona do estabelecimento.
"Boa tarde. Então? Veio buscar os seus cigarrinhos? A minha colega bem me disse:Olha que é melhor encomendar os Kent que aquela senhora estrangeira fica-nos sempre com o stock todo. Ainda bem que encomendei!"
E eu:
"Boa tarde, por isso é que vocês são o meu gastronom favorito. São as únicas que vendem o meu tabaco! Dê-me 10 se faz favor"
A conversa amigável, e em russo, só fez pior. Quando saí já tinha toda uma vasta audiência de veteranos da União Soviética a olhar para mim, não como boi para palácio, mas como palácio pra boi - estão a ver??
Apercebi-me de que a culpa é minha, quando saí do gastronom e olhei pró meu reflexo na porta. Magríssima. De preto dos pés à cabeça. Sapatinho de leopardo azul-bébé e malinha Gucci (confesso....). Cara escondida atrás de óculos escuros enormes.

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Nesse instante, e reconhecendo que o meu ar de Alien é da minha exclusiva responsabilidade, apercebi-me de duas coisas que me podem ajudar bastante a melhorar a minha qualidade de vida:
1- A culpa não é da Ex-URSS
2- Se continuar com este "fashion sense" vou ser Alien em qualquer parte do mundo.
Também me apercebi que sou um bocado mais lenta de raciocínio do que pensava. Já deveria ter chegado à conclusão nº2 quando a primeira frase que toda a gente me dizia em Pequim era "Onde é que compraste esses sapatos????".

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