Histórias de uma portuga em movimento.
06
Set 05
publicado por parislasvegas, às 07:19link do post | comentar
Anda a compôr-se. Espero não ter que parafrasear o Jô (acho que era o Jô..) : "que mais me irá acontecer?????". Noc, noc, noc na madeira, porra....
Tá a correr melhor, também já não era sem tempo.

publicado por parislasvegas, às 06:25link do post | comentar
O Senhor M. nasceu em Cabinda, na época em que o enclave era uma possessão portuguesa, supostamente independente da província de Angola. A vida correu mal, o Senhor M. juntou-se ao movimento separatista. A vida correu ainda pior, e o senhor M. ficou sem lugar para fugir: apanhado num enredo que não escreveu e ainda hoje não compreende, M. não teve alternativa senão escapar-se em direcção à URSS.
Vinte anos passados, um curso superior tirado, uma família mista de nacionalidade e de raça, M. vive de engraxar sapatos aos homens de negócios num dos grandes hóteis da Capital." Da. É assim mesmo Dr.ª, a gente pensa uma coisa da vida e a seguir tudo corre mal. Estive com estatuto de refugiado, mas para registrar meus filhos precisei de passaporte. Agora sou Angolano mesmo. Eu no separatismo, com documento de Angola!".
Conheci o Sr.M. por um acaso, um recado que lhe pediram que fizesse: "Dr.ª desculpe aparecer assim, mas tinha um português no hotel que mandou esse envelope. Me disse para só largar na mão da Dr.ª, apareceu essa moça a dizer que com ela o recado ficava seguro, mas eu não trabalho assim. Desculpe, mas se era para entregar pra si, eu tinha que fazer, compreende???"
Tudo num português ferrugento de quem não pratica há 20 anos. Quando não lhe interessam as perguntas, responde sempre, num tom educadíssimo: "Vi zanete, meu português já não está correcto....Panimaete????"Eu não insisto. Há coisas que um homem guarda religiosamente, não são da minha conta..
Quando lhe pergunto se está satisfeito, se gosta de cá viver, os olhos enchem-se de sombras e responde: "Dois filhos". É esse o seu trabalho de vinte anos, vive preso a uma terra que não ama por uma família que adora e por, simplesmente, não ter para onde voltar.

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