
Laryssa Kvitka-Kosach, mais conhecida como Lesya Ukrainka (pseudónimo literário), foi uma das poetizas mais aclamadas da Ucrânia.
Mulher isolada e discreta, apenas sabemos da sua vida aquilo que ela própria quis e deixou escrito com autorização expressa de divulgação. Ou como dizia o seu marido "Lesya não tinha contacto com pessoas àquela escala necessária para tornar relevantes ou interessantes os pormenores da sua vida aos olhos do público".
No entanto e após ter lido algumas traduções para inglês, de alguns dos seus trabalhos, e após me ter apercebido da importância que esta mulher teve no reavivar da língua ucraniana e na resistência contra domínio do império Russo sobre esta terra, apercebi-me que a descrição dada pelo seu marido era apenas excesso de modéstia e recato.
Lesya nasceu em 23 de Fevereiro de 1871 em Novohrad-Volynsky, na Ucrânia ocupada pela Rússia. Os seus pais, Petro Antonovych Kosach e Olha Drahomanova-Kosach já circulavam no meio da escrita, Olha era escritora e editora, enquanto Petro dirigia a assembleia regional.Como é óbvio o pai de Lesya era russo, mas daqueles que o império não apreciava lá muito - fazia questão de educar os seus filhos na língua ucraniana e comprar tudo o que fosse publicado por escritores nacionais.
Assim como o pai Petro sempre se interessou pelas matemáticas, a pequena Lesya dedicou-se com o mesmo tipo de obcessão intelectual à língua e lieratura. Lesya aprendeu desde muito cedo que teria que falar uma língua em casa e outra na rua. Aos quatro anos começou a ler e ainda durante os seus primeiros anos aprendeu russo, polaco, búlgaro, grego, latin, francês, italiano, alemão e inglês.
Aos oito anos escreve o seu primeiro poema, dedicado à tia presa e depois exilada por se opôr à aristocracia czarista que dominava a Ucrânia de então.
A saúde de Lesya deteriora-se ao 13 anos quando lhe é diagnosticada uma tuberculose. Forçada a um confinamento na cama, Lesya vinga-se a escrever e publica o seu primeiro livro de poesia.
Mais tarde, aos 17 anos, funda com o seu irmão o primeiro círculo de literatura ucraniana "Pleyada", onde se discutia não apenas a literatura nacional, mas se tentava traduzir obras clássicas para ucraniano. Lesya continuou o seu desenvolvimento como escritora abarcando tudo, desde poesia épica a crítica literária, textos socio-políticos, peças de teatro etc..
Em 1897 apaixona-se por Serhiy Kostiantynovych Merzhynsky , também ele tuberculoso. A experiência desta paixão que culmina na morte de Serhiy, faz com que Lesya escreva os seus poemas mais fortes sobre temas que, até aí, ainda não tinha abordado:amor,paixão,morte,vazio. Lesya casa com Klyment Kvitka em 1907, mas a sua vida não se estende por muitos mais anos. Morre em 1913 aos 43 anos de idade, após 30 anos de luta com a tubercolose.
Uma vida típica do século XIX com o tempo todo passado na cama, tuberculosa a escrever. Por mais que a leia não consigo entender como é que esta mulher conseguiu traduzir para poemas o seu amor pelo país, pela língua, pelas paisagens infindáveis cheias de trigais. Tudo coisas que ela nunca viu. Há gente que nasce com um dom. Laryssa aproveitou-o ao máximo, nem a sua curta estadia neste mundo conseguiu apagar a chama que trazia com ela.