Já me tinha esquecido desta minha "qualidade", troco nomes às pessoas, não reconheço caras, não ligo caras a nomes, enfim, uma grande desgraça.
O esforço mental que me é necessário para decorar um nome em ligação com uma cara, faz com que, uma vez obtida essa proeza nunca mais me esqueça duma pessoa.
Trabalhei tantos anos num edifício com mil e tal pessoas, que já cumprimentava quase toda a gente pelo nome e fazia um brilharete!
Quatro anos a trabalhar num sítio extremamente pequeno, com uma dúzia de funcionários, fizeram com que perdesse a prática - e a idade só piora a tendência que tenho para trocar nomes e títulos.
Agora estou perdida: aqui somos milhentos, muitos dos quais Dr.s, Comandantes e Engenheiros. Só os títulos de cada um já me baralham: "Bom dia Sr(este é o quê??) Dr!" mas pelo menos safam-me de ter que aprender os nomes das pessoas. Agora os Senhores e as Donas, não há hipóteses, ou aprendo os nomes ou estou lixada!
Depois há os que gostam logo de ser tratados pelos nomes, é até por diminutivos, há os que se ofendem se não levarem o Senhor ou a Dona à frente - enfim, uma série de pormenores protocolares para memorizar, sob pena de ficar com fama de mal-educada.
O pior mesmo são as gaffes com o pessoal militar.Outro dos meus problemas cerebrais é que uma vez que conheço uma pessoa fardada, nunca a consigo reconher quando está à paisana. É terrível! Já me tinha acontecido várias vezes em Portugal passar por amigos sem lhes falar porque não os reconheci na farda e vice-versa.
Ontem reencontrei um dos militares que trabalha connosco. Foi a primeira vez que o vi à Civil. Atrapalhei-me tanto por não o ter reconhecido, que troquei-me toda e promovi o homem a Almirante (pior a emenda que o soneto).
Hoje fiz exactamente a mesma coisa com uma das funcionárias daqui a quem eu só tinha visto com óculos escuros. Hoje apareceu-me sem os óculos e eu voltei-me prá senhora e apresentei-me. Que manca.....
O que me vale é que temos aqui quem seja pior do que eu - o Grande Chefe. Deve ter a ver com o facto de ambos sermos sagitários.
E o Senhor tem o dobro da minha idade, logo está pior. As frases mais ouvidas são: "Bom dia hummmm" sendo que o "hummm" é o murmúrio lançado na impossibilidade de recordar o nome do saudado.
Sei que vou, inevitavelmente, ficar na mesma. Já ando a treinar o meu "hummmmm"