Histórias de uma portuga em movimento.
30
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 11:38link do post | comentar | ver comentários (3)

...ou então, não é nada do que leram ontem. Ou então, sou descendente de D. Ramiro II, Rei de Leão, cujo neto foi a primeira pessoa da Península Ibérica a usar o nosso apelido. D.Egas o Bravo fundou o Convento de Freixo e distinguiu-se na espadeirada ao Mouro, assim como todos os seus descendentes varões, durante as épocas de D. Sancho II a D. Afonso III. Senhores de uma Quinta em Lamego, acabaram por se espalhar a todo o território nacional, tendo chegado a contribuir para a humanidade com um Arcebispo de Braga e Bispos de Elvas, para além de terem participado alegremente na Santa Inquisição....

Ao estrangeiro só chegaram quando o primeiro membro da família entrou para o Corpo Diplomático, no final do século XIX.

Brasão da Família

Não sei porquê, mas cheira-me que a versão dos marranos fugidos à Inquisição para o Alentejo tem mais consistência. Pelo menos eu prefiro que o meu sangue tenha estado na fogueira do que sentado como juíz num tribunal tão reles...Mas fala a mulher que é casada com um descendente do Papa Bento XIV, todos nós temos as nossas ovelhas negras na família.

Se se quiserem divertir com estas coisas vão ao Genea no Sapo e boa pesquisa!


29
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 18:44link do post | comentar | ver comentários (4)

Fiquei a remoer numa conversa que tive na sexta-feira a propósito dos "que têm nome" e dos que "não têm nome". Isto com um amigo com um nome altamente sonante e várias vezes associado a feitos históricos e episódios heróicos portugueses. Agora que as adivinhas andam na moda no Alto Seixo, vejo, com uma certa piada, que conheço pessoalmente alguns descendentes das personagens de que falamos.

Mas dizia eu que fiquei a remoer nisto dos nomes. Nunca fui da opinião de que há "gente sem nome", aliás, isso até é proibido pelo nosso código civil, como tal a única importância que dou a um nome e, nomeadamente, ao meu é saber de onde ele veio. Sabendo as raízes do nosso nome de família, podemos saber algo da história dos nossos antepassados. Por vezes, uma curta investigação chega para destruir completamente uma ideia mítica que se formou ao longo dos anos.

Isso aconteceu comigo durante os últimos tempos que passei em Kiev.

Convencida, pela cor da minha pele e ascendência geográfica com raízes no Sul de Portugal, que descendia de Mouros (demasiado pobres para terem fugido para Marrocos ou Turquia, mas demasiado teimosos para se converterem ao catolicismo), nunca pensei duas vezes sobre a origem da minha família paterna. Nenhum dos meus familiares Alentejanos tinha muito apreço pela Igreja. As Igrejas são os sítios onde se entra para o baptismo das crianças (quando e se...) e para os funerais. Uma pessoa pode não casar na Igreja, mas, pelo sim, pelo não, convém ser enterrado com presença de padre, não vá  o Inferno existir mesmo...

De modo que a questão só voltou a aflorar-me o espírito quando, no final de uma conversa totalmente profissional com um colega, ele  me pergunta se eu não gostaria de conhecer Israel. Disse-lhe que sim, especialmente Jerusalém, mas quem não gostaria de ir a essa cidade tão magnética, tão simbólica??? Que não, que não falava em turismo. Se eu não gostaria de ir a Israel para ver a minha terra. Pois, mas a minha terra é Portugal e eu não sou judia. Pois, que talvez não de religião, mas de "sangue" sim. De certeza. Eu que fosse investigar e depois lhe dissesse alguma coisa.

Investiguei. Mas nunca mais lhe disse nada. O meu nome de família quer dizer "campo com árvores" em hebraico ( e em português também, por acaso). Não é um nome adoptado para disfarçar como "Pereira", já era esse o nome do braço judeu da família e calculo que não tenha mudado nunca. Maior parte dos judeus com este nome ficou em Portugal, não se mudaram para Constantinopla ou Amesterdão (aqui nada muda - pobres como só nós!), antes preferiram rumar a zonas periféricas onde a Santa Inquisição não tivesse tanto controlo. A migração veio mais tarde, por volta dos século XVI, quando grande parte dos judeus emigrou para o Brasil e, ainda mais tarde, para os Estados Unidos.

Em Nova Iorque, uma das grandes mulheres-rabi e Professora de interpretação da Torah tem o meu nome de família. No Brasil, algumas famílias com o nosso nome voltaram a professar o judaísmo . O que é isto quer dizer? Ainda não sei. Ainda ando a mastigar a surpresa de, afinal, não descender de nenhuma princesa moura....

Continuo a ter o desejo de ir a Jerusalém (ou neste caso, será voltar??), mas prometi a mim mesma: só vou no dia em que houver paz, no dia em que palestinianos e judeus se entenderem, no dia em que Israel seja um Estado sem ligação directa a nenhuma religião e quando a cidade poder assumir toda a espiritualidade das três religiões monoteístas sem guerras em nome de Deus. Isto é: dia de S.Nunca , de preferência à tarde.

Enquanto isso, tenho todo o tempo do mundo para investigar mais de onde venho, já que não sei para onde vou.

 


26
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 17:26link do post | comentar | ver comentários (4)

Rosto de Mulher, Eduardo Nogueira. Tinta da China sobre papel

 

Ele há dias assim. Hoje foi o dia dos encontros humanos.

Falei ao telefone com uma amiga de longa-data, cujo paradeiro ignorava teoricamente mas adivinhava de facto.

 Apesar dos pesares foi bom para mim "ver" que estás bem e t'aguentas como sempre. Gaija com tomates é o que dá. Quem não se sujeita é assim. O mundo não compreende lá muito os rebeldes, mas o melhor remédio é mesmo cagar pr'a isso.

À hora de almoço vi outra amiga, com quem já não conversava há muito tempo. Nunca tinha reparado na fragilidade desta mulher que me pareceu sempre tão forte. Por coincidência, hoje a capa exterior rachou e confirmei que, realmente, fiz bem em "apostar" naquela amizade. Dali nunca virão punhaladas nas costas, poderão sair alguns tabefes na venta, caso eu os mereça, mas filha-da-putice não.

Acabei o dia com uns dedos de conversa com a minha colega preferida. Uma mulher, 30 anos mais velha do que eu e espectacular, que para além de uma história de vida hipnotizante é uma das pessoas mais inteligentes, cultas e espirituosas que eu conheço (e ainda por cima bonita). Quando fôr grande quero ser assim.

Já viram isto??E eu que nem gosto de gajas....


24
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 14:12link do post | comentar | ver comentários (4)

Das coisas que eu mais sinto falta, desde 2001 é de comprar o "Chiclete com Banana". Aqui ficam algumas tiras dos meus avariados favoritos, "Los três amigos" hilariantes no seu portunhol, desenhados por essa quadrilha perigosa de cartonistas (ou cartunistas como se escreve no Brasil) Angeli, Adão Iturrusgara, Glauco e Laerte. O melhor da sub-cultura brasileira.

 

 

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publicado por parislasvegas, às 11:42link do post | comentar | ver comentários (3)

Leio no "Le Monde" que a República Popular da China decidiu leiloar o retrato do Mao que esteve dependurado na Porta Celestial da Cidade Proibida na década de 50. O que o governo chinês assumiu como natural (afinal é mau feng-shui guardar tralha velha) está a chocar várias gerações de chineses. O povo que se tem revoltado de uma forma bastante moderna - fóruns internet - tem como principal crítica a esta inciativa o facto de ser, concerteza, um estrangeiro a oferecer mais dinheiro pelo quadro. Ora os chineses não são burros, sabem que o valor do quadro para qualquer chinês é sentimental, que ninguém é parvo ao ponto de dar milhares de dólares por uma coisa que nem sequer nenhum museu quer. Mas também sabem que a cara do seu Timoneiro (aqui pintado pelo Warol) vale muito guito no estrangeiro, onde é utilizada como um dos ícones da cultura pop. O escândalo todo é que maior parte dos chineses não quer ver o Mao "gozado" no Ocidente. Se alguém tiver que o utlizar como ícone do que quer que seja, então que esse alguém terá que ser Chinês.

Segundo outras fontes, o Governo está também a pensar retirar a cara de Zedong das notas de Rimimbi. Para alguns analistas, o povo tem-se agarrado à imagem do primeiro Presidente por causa, precisamente, do grande valor que é dado actualmente ao dinheiro. Eu não acho. Penso que maior parte do povo chinês tem, sinceramente, uma admiração por Mao. Que pensa que, apesar dos erros (que nunca reconhecerão em frente a um estangeiro) é a esse homem que têm que agradecer o país em que vivem hoje - E acreditem que existe uma grande percentagem da população chinesa visivelmente satisfeita com as suas condições de vida - Embora já tenha sido divulgado publicamente que alguns actos de heroísmo foram pura propaganda e não exitiram, o povo, intoxicado por décadas de injecções mentais ainda acredita nesse chorrilho de mentiras.

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

 

 


23
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 16:32link do post | comentar | ver comentários (2)

Este fim de semana, dei por mim a ligar um dos canais da Tv cabo e a dar de caras com o talk show do Dr.Phil russo, que é tão famoso na ex-URSS que já nem me lembro do nome do tipo. Mas a sério: o gajo é mesmo famoso. Calculo que a TV portuguesa tenha comprado aquilo para fazer um gostinho aos nossos amigos vindos do Leste, que devem ficar todos contentes só de ouvir a língua. Indirectamente faz-me um gostinho a mim também, que me matei de riso com o programa.

Os russos têm muita coisa em comum com o bimbismo americano. Basta pensar nas afinidades dos dois povos: ambos vivem em territórios enormes, em casas standartizadas, com vidas igualmente dirigidas e controladas. Pouco saem dos seus países (os americanos porque não querem, os russos porque não têm dinheiro) e ainda têm uma vasta fatia da população que é inteiramente rural.  O resultado é explosivo, para grande benefício de gente como a Martha Stuart, o Dr. Phil ou a Oprah e seus equivalentes eslavos.

Este senhor é um autêntico Dr.Phil, meio psicólogo, meio jornalista, que entrevista vários convidados a propósito de temas pouco ortodoxos. No entanto, tenho que admitir que os programas russos acabam por ter mais espírito e mais qualidade do que os americanos, porque, apesar dos pesares, os russos têm um nível cultural muito superior.

Neste talk show, falava-se de fraudes de um tipo bem específico: as fraudes que as mulheres cometem em tudo o que diga respeito à sexualidade e reprodução. Passo a explicar: reconstruções de hímen, abortos clandestinos (quando o aborto não é sequer proibido na Rússia) e falsificação de diagnósticos de gravidez, troca de bébés à nascença (quando não nascem com a côr certa) e etc. Uma pândega. Principalmente para quem lá viveu e conhece bem os (poucos) tabus dos eslavos relativamente ao assunto.

 


publicado por parislasvegas, às 11:41link do post | comentar | ver comentários (5)

Ultimamente deixei de ler. Esta afirmação é incrível pois, para mim, é a mesma coisa do que dizer "deixei de respirar". Exagero quando digo que deixei de ler, porque, na prática, estou sempre a ler qualquer coisa. Todos os dias leio todos os jornais, franceses e portugueses. Leio milhares de documentos sobre coisas interessantíssimas como os progressos da regulamentação veterinária internacional ou os projectos de expansão da rede de satélites europeia.

Acompanho obrigatoriamente toda a intriga política deste país, e os avanços e recuos da situação internacioal (aquela dos israelitas terem apanhado o senhor do Hamas em plena Ramalah vai dar merda da grossa...) e papo milhares de relatórios todas as semanas. Acho que isso me anda a tirar a paciência para me dedicar à leitura recreativa.

Mas ando a reparar que isso me tornou uma pessoa incomparavelmente mais chata. Não penso que isto seja evidente para as pessoas que me rodeiam, falo do meu mundo interior e da minha imaginação. Até os meus sonhos restringiram os temas. Agora as minhas noites são passadas como os meus dias: em reuniões e assembleias a discutir não importa o quê. Antigamente ainda conseguia dar umas voltinhas a cenários fabulosos que, seio-o agora, eram alimentados por coisas que eu lia. O meu cérebro está com falta de alimento e prega-me com chatices na hora de dormir...

O mais grave é que, mal cá cheguei, comprei dezenas de livros que continuam à espera de ser abertos pela primeira vez. Eu que não conseguia ter um livro parado na estante. Que tinha que acabar de ler qualquer coisa nos 3 dias seguintes a tê-la comprado. Isto anda a preocupar-me seriamente.

Para me curar, vou passar os próximos dias ao século XV português com a "Casa do Pó" de Fernando Campos. Para grandes males, grandes remédios....

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19
Mai 06
publicado por parislasvegas, às 16:52link do post | comentar | ver comentários (4)
Preço do brinquedo aqui debaixo: um milhão e meio de dólares. Autch!
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publicado por parislasvegas, às 11:45link do post | comentar | ver comentários (2)

É australiano e talvez por isso tenha focinho de tubarão. É a homenagem mais fantástica que já vi ao estilo "retro" dos anos 50, tem um design fantástico que alia os elementos clássicos à tecnologia de ponta.

É um concept-car, o que quer dizer que foi todo feito à mão e cada peça é única. Não faço ideia do preço, mas não deve ser baratinho porque só há um e luxo é luxo.Em resumo, é uma obra de arte.

Se quiserem saber mais: espreitem isto.

Holden Efigy 2005

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publicado por parislasvegas, às 10:48link do post | comentar | ver comentários (4)

Como já disse, vivo num bairro de velhos e de "soccer mums". Tenho pena de não passar mais tempo em casa, toda a vida social do bairro me intigra e é estranha ao meu modo de viver. Pelas manhãs, as "soccer mums" saem à mesma hora do que eu, nos seus SUVs ou Mono-espaces carregadinhos de crianças em escadinha. Eu sigo pró escritório no meu targa de dois lugares, elas vão levar os putos à escola.

Nos dias em saio de casa mais tarde, apanho-as já de regresso a casa. E foi assim que percebi que sou das únicas mulheres do meu bairro a trabalhar fora de casa, e a única que não tem filharada.

As soccer mums representam uma raça à parte: tipo "donas de casa desesperadas".  Nunca percebo bem onde gastam o seu tempo, já que todas têm empregadas (de nacionalidades exóticas) a tempo inteiro. Saem de manhã para levar os miúdos, saem à tarde para ir buscar os miúdos. Ao fim do dia as várias empregadas filipinas, africanas, asiáticas e etc, brincam com os miúdos nos jardins. Mães, nem vê-las. Porquê???

Qual é a finalidade de não se trabalhar, se nem sequer se toma conta dos filhos, nem da casa? Não percebo. Dá-me a ideia que estas mulheres servem de motoristas dos filhos e pouco mais. Acompanham os miúdos às aulas de sei-lá-o-quê (que aqui todas as crianças têm actividades extra-escolares) e pronto. Sei que têm actividades várias nas associações de caridade do município e que pertencem ao Club onde se vai à piscina e se joga ténis.

O mais engraçado é que as vejo sempre desfazerem-se em sorrisos para o meu Xano (que para além de ser um gajo muito atraente, passa mais tempo em casa do que eu) enquanto comigo, quase não me falam (olha-me esta cabra, sem filhos, sai de manhã e entra à noite coitadinho do marido tão sozinho, nem sequer filhos vê tu bem, deve ser daquelas putas carreiristas). Acho que tenho que me pôr a pau....Afinal estas mulheres pertencem à parte da espécie que é mais perigosa: Desocupadas, entendiadas e à procura de alguma emoção nas suas vidas. A próxima que olhar para o meu homem fica sem dentes....

 

 


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