Histórias de uma portuga em movimento.
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Mai 06
publicado por parislasvegas, às 15:49link do post | comentar | ver comentários (5)

Já chega de dizer mal, porra! 'Tou um bocado farta da merda da conversa - é que já cansa! Estes cinco anos fora de Portugal têm-me feito muito bem em muitos aspectos, um deles é deixar de esperar que essa porcaria mude. Também já cheguei à conclusão de que não vale a pena espetar as pequenas manias e defeitos debaixo dos nossos próprios narizes. Sabemos que somos preguiçosos, invejosos, mesquinhos, irresponsáveis e chico-espertos. Que o governo nos rouba, ou se não fôr o governo, o grande capital, seja lá isso o que fôr. Ou então é uma questão de destino, de sina malvada de fado quinado.

Não vale mesmo a pena fazer como o MEC, crónicas sobre as maniazinhas portugas, porque a única coisa que se consegue é fazer rir o pessoal, enquanto pensam "é mesmo! é que é assim mesmo!". Isto vem a propósito da crónica MEC no último Expresso, onde o autor amaldiçoa a mania portuga de despejar em cima dos outros o relato daquilo que têm para fazer durante o dia. Irrita, pois claro. Mas o MEC anda a fazer crónicas destas há 20 anos e os portugueses continuam exactamente com as mesmas manias, ou ainda piores.

Mais vale encarar a realidade de frente: não mudamos porque não queremos, não nos apetece, não nos chateiem e pronto. A avaliar pelos grandes textos da blogosfera onde todos os autores são mais responsáveis, menos egoístas e mais trabalhadores do que todos os outros ( e aqui incluo-me, claro) Portugal não deveria andar na desgraça em que anda. Ao menos, poderia ser salvo por essa camada de gente inteligentíssima e trabalhadeira que são os blogueiros nacionais. Como nada disto acontece, parece-me mais lógico aceitar as coisas como elas são e deixarmo-nos de merdas e de sonhos de como tudo seria melhor se nos esforçássemos, se trabalhássemos, se tivéssemos melhor educação e etc. Não temos e ponto.

Já que toda a gente sabe identificar os problemas, mas ninguém é capaz de os resolver não vale a pena chafurdar em auto-comiseração. O Verão está à porta, meus caros compatriotas: façamos então o do costume: cagar prá crise e passar os dias na praia a mamar mines e a picar caracoles....

 

 


publicado por parislasvegas, às 09:12link do post | comentar | ver comentários (6)

Sou das primeiras pessoas que gozam com o encalhanço portuga da "saudade". Irrita-me quando ouço compatriotas nossos a dizerem que não conseguem viver fora e que têm sempre saudades, mesmo indo "à terra" quase todos os fins-de-semana. Irrita-me pronto.

Gabava-me eu de não ter saudades da pátria...E até certo ponto é verdade. Agora que não ponho os pés em Portugal há um ano, vejo que isto já não são saudades.

Saudades tenho eu de fazer a viagem de comboio nocturno Kiev-Odessa . Saudades tenho eu das viagens pelo terrenos pantanosos da Transnístria . Ou dos passeios de barco no Mekong. De Pequim e dos seus mercados caóticos. Dos passeios a pé por Roma, enquanto os condutores nos insultam por tentarmos passar nas passadeiras. Das tardes nas esplanadas de Veneza. Das noites nos clubes de Strip de Bangkok . Disto tudo posso ter saudades.

Mas a ausência de Lisboa dói-me. Dói-me de uma maneira que não podem ser saudades, como uma paixão que não é correspondida. Como se Portugal se tivesse esquecido de mim, dormisse comigo e nunca mais me telefonasse.

Tanto tempo de ausência e a privação de estar com amigos e família fazem com que eu já sinta uma espécie de raiva, despeito ou mágoa profunda por estar sempre "fora".

No entanto, estou muito optimista. Acho que uma semana em Portugal vai curar-me desta estupidez. Aposto que 8 dias no meio da confusão lisboeto /suburbana vão dar-me uma vontade irresistível de regressar a Paris ou de ir para o raio-que-me-parta .

O que quer dizer que não preciso de ir a Portugal regularmente apenas para ver os amigos e a família, também preciso de lá ir para me lembrar porque é que escolhi sair. Sem esse reality check " periódico perco-me e começo com o síndrome do regresso" comum a todos os migras portugas espalhados por esse mundo fora...

Por isso, a partir de amanhã, e quando nos encontrarmos, não se espantem por me ver com a lagrimazita ao canto do olho, não se espantem se vos parecer nervosinha , ou se eu fizer comentários parvos do estilo:" quem é a Barbara Guimarães??"Faz tudo parte... Acredito mesmo que as frases que vou utilizar mais vão ser "quem é esse?" e "ai é???". Tenham lá paciência...

 

 

 

 


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