Este fim de semana, dei por mim a ligar um dos canais da Tv cabo e a dar de caras com o talk show do Dr.Phil russo, que é tão famoso na ex-URSS que já nem me lembro do nome do tipo. Mas a sério: o gajo é mesmo famoso. Calculo que a TV portuguesa tenha comprado aquilo para fazer um gostinho aos nossos amigos vindos do Leste, que devem ficar todos contentes só de ouvir a língua. Indirectamente faz-me um gostinho a mim também, que me matei de riso com o programa.
Os russos têm muita coisa em comum com o bimbismo americano. Basta pensar nas afinidades dos dois povos: ambos vivem em territórios enormes, em casas standartizadas, com vidas igualmente dirigidas e controladas. Pouco saem dos seus países (os americanos porque não querem, os russos porque não têm dinheiro) e ainda têm uma vasta fatia da população que é inteiramente rural. O resultado é explosivo, para grande benefício de gente como a Martha Stuart, o Dr. Phil ou a Oprah e seus equivalentes eslavos.
Este senhor é um autêntico Dr.Phil, meio psicólogo, meio jornalista, que entrevista vários convidados a propósito de temas pouco ortodoxos. No entanto, tenho que admitir que os programas russos acabam por ter mais espírito e mais qualidade do que os americanos, porque, apesar dos pesares, os russos têm um nível cultural muito superior.
Neste talk show, falava-se de fraudes de um tipo bem específico: as fraudes que as mulheres cometem em tudo o que diga respeito à sexualidade e reprodução. Passo a explicar: reconstruções de hímen, abortos clandestinos (quando o aborto não é sequer proibido na Rússia) e falsificação de diagnósticos de gravidez, troca de bébés à nascença (quando não nascem com a côr certa) e etc. Uma pândega. Principalmente para quem lá viveu e conhece bem os (poucos) tabus dos eslavos relativamente ao assunto.