"Só queremos pão e circo" é a frase que eu mais tenho dito nos últimos dias.
Ressabianço puro e duro de quem está a bulir quando o resto da pátria come, bebe e delira futebol, claro está.
Se me dessem oportunidade, também eu estaria a baldar-me largamente aos compromissos profissionais para me colar ao plasma gigante da praça, ou ao écran no café (ou não??)
Sim, que isto de ver futebol mais vale mal acompanhado do que sózinho. Quem vai ouvir os nossos palavrões? quem vai partilhar os insultos à mãe do Senhor árbrito e as nossas teorias estratégicas para o plantel??Ver futebol, ou "assistir" como dizem os nossos irmãos brasileiros, é uma actividade gregária. É assim a modos como o sexo - sozinho não tem tanta piada, requer convívio.
O bicho do mundial é uma espécie de termite que se vem alojando lentamente na massa activa da população de todos os países participantes. Começou a ser mais visível há uns quinze dias, quando tudo o que é publicidade, escrita, ouvida e televisionada, inclui uma bola de futebol (ou o Ronaldinho). Esses quinze dias representaram o ataque do vírus. O período de incubação à séria foi ontem - meio mundo andava doente porque o mundial NUNCA MAIS COMEÇA.
A verdadeira epidemia começou hoje às 18.00 locais (daqui, portanto). TODOS os lugares e pessoas com que contactei a partir dessa hora, tinham como som de fundo uma televisão a berrar o jogo.
Só vos digo que mais vale fazer como fizeram os nossos deputados e fechar a loja durante os jogos. É uma vergonha uma pessoa atender um telefone com o futebol enquanto ruído de fundo.
Aqui na chafarica somos todos muito sérios. Não há cá televisão nem mundial para ninguém. O aparelho só se liga em caso de crise mundial, guerra, catástofres, etc.
Ou seja, devo ser das únicas portuguesas que não vai assistir a jogos porra nenhuma...
Pão e circo, meus amigos, pão e circo.