Histórias de uma portuga em movimento.
11
Jul 06
publicado por parislasvegas, às 21:13link do post | comentar | ver comentários (4)

Não, não tenho andado a descabelar-me pela derrota nacional com os franciús .

A minha ausência deve-se ao facto de estar de férias. Entre a exposição do Mustang em Le Mans e a nossa partida de novo para a Alemanha, para estarmos no 75º aniversário da Tante Marga , tenho apenas algumas horas para postar aqui o que fizemos na última semana:

Toda a gente sabe a paixão que nos move pelas máquinas, tanto a mim comó mê hôme . Já a D. me censurava de ter comprado um carrinho de merda em Portugal, mais caro do que a boa (excelente - agora vejo porque o meu Lótus tem um motor Toyota, simplesmente IMPECÁVEL e nunca avariam) máquina que ela tinha, novinha em folha. Já nessa altura eu lhe dizia que tinha comprado o carro porque  o achava lindo. Bem sabia eu que não valia o preço, mas aos meus olhos era fantástico porque o design italiano valia bem mais do que o ar condicionado e a direcção assistida. Estúpido, pouco prático. Mas toda a gente tem defeitos. A D., como boa amiga que sempre foi (que me desculpem as minhas outras amigas, mas a D. é mesmo a melhor - para me aturar há 20 anos, tem mesmo que ser...) bem tentou, mas nem assim deu resultado.

Em relação a todos os carros que se seguiram tenho sido assim -  Quando cheguei à Ucrânia e não tinha meios de locomoção , tentei tudo: experimentei Volgas , limusines checas, Ladas e o diabo-a-sete , mas acabei por comprar um Porche , dourado, com vinte anos de idade, cheio de manias que me derreteu a paciência até que tive que me desfazer dele porque a máquina tinha mais venetas do que eu...

Insistindo na necessidade de um veículo para me deslocar, o meu marido teve a ideia louca do: mas se gostas de carros antigos, compra-se um carro antigo. Bom, tudo bem, mas na Ucrânia não existiam carros ocidentais. O que havia eram os porches com 20 anos que tinham sido roubados na Alemanha e que andavam por ali a circular e já tínhamos tido a má experiência...

O mê Xano descobriu um site na net , dirigido por um Norueguês, que vendia carros em 13ª mão. Apaixonámo-nos pelas fotos do Mustang , baratin , baratin , lindin , lindin

O meu marido tinha a teoria que não haveria problemas em comprar um Mustang pela net , porque o estávamos a comprar a um Norueguês e todos os Norueguêses são honestos, não havia margem para dúvidas. Eu como alentejana que sou, duvido de tudo e de todos, achava que era perigoso e tal. Depois de muito pensar e analisar a coisa, muitas conversas ao telefone e tal, acabámos por comprar o carro, por internet, POR INTERNET caramba! E, passados três meses, lá nos chegou, vindo da Califórnia, transportado por uma companhia de navegação israelita, através do Atlântico  e entrando no Mar negro até desembarcar em Odessa, todo partidinho, porque os espertos dos israelitas botaram-lhe um Mercedes em cima que lhe partiu o vidro do pára-brisas. Apesar disto tudo, o meu Xano, que não sabia puto que o carro lhe iria chegar todo partidinho, porque tinha a maior das confianças no Norueguês (que se comportou como um Senhor e nos pagou o pára-brisas até ao último tostão) foi para Odessa preparado para fazer os 600 Km para Kiev, sem duvidar por um minuto que o motor lhe fosse falhar. E tinha razão: o motor nunca nos falhou, embora as partes originais já tenham 41 anos.

O carro lá chegou a Kiev, e a única coisa que era preciso fazer era reparar o pára-brisas . E isto, num clássico é um milagre. Precisam sempre de peças no motor de blábláblá e etc. Mas o nosso, comprado por foto na Califórnia e chegado a Kiev por artes mágicas da net , não precisava de quase nada. E foi aí que entrou o Serguei .

O Serguei era um pequeno mafioso que nós conhecíamos há uns anos porque nos arranjava o Jaguar (um XJR que mantivemos até chegar a Paris-grande máqina ) e que tinha ligações duvidosas à Mafia Lituana. A paixão do Serguei eram os FORD de três modelos: Shelby , Escort dos anos 70 e Mustang . O Serguei é um mecânico de primeira água: tem um conhecimento profundo dos fundamentos de um motor de da estética de um carro, mas, como é normal para a geração dele na ex-URSS (tem a minha idade) fazia uma série de serviços aos mafiosos russos e lituanos -tipo artilhar os carros com motores de cilindrada superior apenas por dinheiro. É a vida.

Quando o Serguei viu o nosso Mustang , apaixonou-se tal como nós, pelo carro. Costumam ver aqueles programas do "extreme make-over "????Tal e quale . O Serguei começou por sugerir que se pintasse o carro de preto, porque iria sobressair os cromados da máquina e as decorações das jantes. Já que íamos gastar papel a pintar o carro de novo, as duas pinturas ficavam ao mesmo preço, e nós decidimos que preto seria o ideal, em vez do branco original do carro. Uma vez que o carro era vermelho por dentro, ficou um bólide a três cores : Preto por fora, branco na capota e vermelho por dentro. Não há outro igual. Porque no fundo não é original: tem pintura nova (mudou de branco para preto, cromados de novo, e bancos da cor original mas em couro, e ainda partes do tablier que mandámos fazer em madeira, mas que os originais não têm).

Daí que o nosso objectivo de ir a Le Mans foi expor o Mustang : aqui estão as fotos damos alvíssaras a quem descobrir o nosso carro no meio da confusão. Aceitam-se comentários. Só vos digo que era o Mustang de 1965 mai uindo que lá estava -descontando os Shelbys , claro....

 

As fotos foram todas tiradas pela Carol, que é uma fotografa nata, ao contrário aqui da madastra que não se atina com uma máquina na mão a não ser que ela tenha acelerador e travão...

01
Jul 06
publicado por parislasvegas, às 23:47link do post | comentar | ver comentários (7)

Vitória de Portugal e passagem às meias finais. Saímos contentes para o centro de Paris, onde tínhamos que estar a determinadas horas por causa de  um jantar.

Nada nos preparou para a visão que tivemos quando chegámos ao Arco do Triunfo: O monumento em si tinha sido ocupado por milhares de portugas em festa. Verde e vermelho eram as cores do Arco, a rotunda estava paralisada pelos carros engalanados com as quinas.

Mais a baixo, os Campos Elísios estavam com a circulação cortada, centenas de polícias de choque tentavam conter a multidão de portugueses que muito pacificamente berravam POR TU GAL POR TU GAL , mas impediam a circulação na mesma...

Conseguimos ir avançando no meio da multidão. A polícia estava a tentar retirar-nos do meio do bordel, mas a malta agradeceu a amabilidade e que não, não queríamos sair, éramos portugas também..

Depois de sairmos do jantar, já a França tinha ganho o jogo aos Gordos, aí é a que a festa atingiu o auge: Franciús e Tugas circundavam a baixa de Paris, agitando bandeiras e dando abraços a cada encontro. Gritos de alegria e felicitações, cervejas partilhadas esquecendo que na próxima quarta jogamos uns contra os outros.

Agora, quando saímos de Paris (00h30) a fila para entrar estava pior do que às 7 da manhã de um dia de semana. Uma vez mais, bandeiras francesas e portuguesas se misturavam na festa.

Na próxima quarta-feira vamos ver o jogo com amigos franceses, claro e claro que todos vamos ser civilizados, como os milhares de portugas e franciús que vimos hoje e que estavam a ser super fair-play.

Mas eu, que sou humana com todos os defeitos, ao ver a festa dos franceses só pensava: aproveitem agora.....

 

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