Histórias de uma portuga em movimento.
18
Nov 06
publicado por parislasvegas, às 12:23link do post | comentar | ver comentários (2)

É isso mesmo. Desliguei-me. Que me desculpem todos os que procuraram entrar em contacto comigo desde quarta-feira. Mas tinha mesmo que ser.

Andamos bem, sem stresses (e sem telefonemas do escritório eheh) a descansar muito, a ler ainda mais, a ver muita TV e comer pipocas. Não tenho postado para não partir o computador, porque a ligação anda a sempre a falhar.

Assim que me sentir menos irritada pode ser que recomece a escrever.

 


10
Nov 06
publicado por parislasvegas, às 17:46link do post | comentar | ver comentários (10)

Participei hoje num encontro de comemoração dos 50 anos da marcha das mulheres pela igualdade na África do Sul (com algum descolamento " temporal, porque a efeméride foi a 9 de Agosto deste ano, mas pronto). Um colóquio muito interessante onde se debateu a condição feminina no mundo em geral e nos países em Desenvolvimento em particular.

É um orgulho (para elas, claro) ver que a nova democracia na África do Sul se encontra em terceiro lugar a nível de presença de mulheres nos órgãos de decisão política. As mulheres africanas são verdadeiras forças da natureza e a tradição, na África subsaariana é a da mulher enquanto chefe de família, da mulher que alimenta, educa e trabalha para melhorar a condição social e financeira da família.

Ao contrário de algumas de nós, europeias privilegiadas que gostam de fazer chantagem à conta dos filhos que temos para sacar uma pensão choruda ao ex-marido, as mulheres do Sul do Continente africano desunham-se em mil soluções criativas para aumentar o rendimento familiar em países que, seguindo a tradição anglo-saxónica, não têm nem saúde, nem educação gratuitas .

Ali sentada a ouvir mulheres de várias cores e feitios a falarem dos respectivos programas nacionais dirigidos às mulheres trabalhadoras, constatei que, até na Zâmbia, uma mãe que trabalhe tem melhores condições do que na Europa. Isto porque nós, as ocidentais, quisemos ser tão iguais, mas tão iguais aos homens que acabámos por estragar a nossa vida e aquele dos que nos rodeiam e, pior ainda, a dos nossos filhos. Gerações criadas sem acompanhamento, sem presença de mãe, sem tempo. Gerações largadas em frente à televisão ou na rua.

Por muito que a Ministra francesa da paridade se esforçasse a demonstrar com dados estatísticos o facto de França ser o melhor país da Europa para se ser mãe e trabalhar eu não consegui acreditar na Senhora. A taxa de natalidade aqui é mais elevada do que noutros países da Europa devido aos subsídios da Segurança Social e não devido ao acompanhamento real que as mães podem dar aos filhos, ou a facilidades com creches e amas.

A semana passada o país inteiro se chocava com mais um acontecimento à lá latino (à semelhança do que acontece em Portugal) - uma mãe de 19 anos que vivia sozinha com o seu filho de dois, resolveu estrangular o bebé quando a ama se despediu. Como é que ela ia poder continuar a sustentá-lo sem poder trabalhar? como ia poder tomar conta do miúdo e trabalhar ao mesmo tempo? Não conseguindo encontrar solução (e sendo produto da sociedade podre em que vivemos, acrescento eu) preferiu resolver o problema apertando o pescoço ao bebé

É esta a paridade que queremos? Será esta a sociedade em queremos viver?

Eu tenho a certeza que não e dispenso igualdades hipócritas que me obriguem a ser uma má mãe. Igualdade assim metam-na onde vos aprouver . Eu sou gaja porra . Sou diferente e gosto muito de o ser.


09
Nov 06
publicado por parislasvegas, às 14:41link do post | comentar | ver comentários (4)

No último mês, as tropas francesas e alemãs estacionadas na zona "no fly " do Líbano têm-se confrontado com uma série de provocações israelitas. Parece que o divertimento-mor da Força Aérea israelita é assustar as tropas alemãs, apontando as armas dos caças de guerra às tropas estacionadas na área, chegando ao ponto de quase terem abatido um helicóptero.

Eu estou a ver o filme: passados mais de cinquenta anos da segunda guerra mundial, os israelitas vêem o exército alemão como o "descendente" das tropas nazis e dizem uns prós outros: "bora lá pregar um susto a estes cabrões". Razão tinham os alemães de não se quererem meter ao barulho neste assunto. As vinganças históricas ultrapassam os limites do racional. Todos sabemos que os alemães expiaram duramente os crimes de uma meia-dúzia de homens lunáticos e que grande percentagem do povo alemão pouco  ou nada teve a ver com a insanidade da guerra. E são esses que hoje estão a tentar defender os civis libaneses das incursões israelitas e continuam a pagar por algo que já nem a geração dos seus pais tem responsabilidade .

O pior são os franceses. Esses é que não têm mesmo pachorra nenhuma para as brincadeiras dos israelitas. Para além disso, os franceses vêem com muitos maus olhos um Estado que se compromete num acordo internacional a não sobrevoar determinada zona, para depois andar a fazer isso mesmo e em formação de combate. A semana passada, os franceses perderam a paciência e alvejaram os israelitas. Veio a Ministra da Defesa (sim, que aqui neste país de machos latinos é uma mulher) avisar Israel que as tropas francesas tinham falhado o alvo de propósito: prá próxima é a sério. Estão lá para proteger civis e não para aturar traumas históricos.

Às vezes é preciso uma gaja com tomates para fazer aquilo que nenhum homem tem coragem.


06
Nov 06
publicado por parislasvegas, às 17:52link do post | comentar | ver comentários (5)

Desde muito pequena que adoro livros e filmes de ficção científica. Ainda hoje, o melhor que me podem dar é um bom Sci-Fi . Para além de me ajudar verdadeiramente a descontrair (afinal, as histórias não são deste mundo) grande parte das grandes obras deste género também me obrigam a reflectir em coisas como a essência do humano, a ordem do universo e outras tretas do género (principalmente o Asimov ).

Quando comecei a trabalhar  nesta área (o espaço, não a ficção científica) tudo me parecia tão irreal quanto os filmes do Star Wars - só os extraterrestres é que não tinham lugar na discussão. A trabalhar em projectos que seguiam os calendários de anos "marcianos" (687 dias) ou anos "venusianos" (225 dias), o que eu andava mesmo era a viajar na maionese. Durante mais de seis meses não percebi a ponta de corno do que se falava quando se descreviam as expedições a Marte, os projectos de exploração da órbita solar, ou (menos) ainda as experiências científicas que pretendem testar a teoria da relatividade. Todos os meus colegas falavam destes assuntos, profundamente esotéricos, com um à vontade que me deixava banzada. Cheguei a pensar que aquelas pessoas à minha volta eram actores, a representar deixas desgarradas de vários filmes Sci-Fi e que, na verdade, também eles não faziam ideia do que falavam. Mas não. Estas coisas já existem. Tudo o que eu vi nos filmes quando era miúda, se não se tornou ainda realidade, está lá perto.

Finalmente, começo a dominar os rudimentos disto e já dou por mim a discutir os componentes de um satélite ou de um launcher "  com uma naturalidade que até a mim me banza. Afinal, tantos anos a papar filmes, havia de servir prá alguma coisa.

Só me faltam os homenzinhos verdes e o Dr. Spock .

 


02
Nov 06
publicado por parislasvegas, às 17:34link do post | comentar | ver comentários (2)

O aeroporto de Roissy , Charles de Gaule , um dos maiores da Europa comunitária, despediu 10 funcionários de religião muçulmana invocando o "princípio da precaução".

Este absurdo surreal de, na Europa chamada "civilizada" e "democrática" onde se reivindicam os direitos dos trabalhadores e dos seres humanos em geral, se despedir alguém com base na religião só prova até onde chegou a merda da paranóia.

Para onde vamos a seguir? todos os cidadãos de religião islâmica vão ser proibidos de trabalhar? vamos formar guettos onde as famílias muçulmanas viverão fechadas sem permissão de sair? vamos obrigar  todos os muçulmanos a usar um sinal distintivo da sua religião?vamos expedi-los todos para campos de concentração e gazeá-los discretamente? Porra pá, este filme já nós vimos na Europa. Não só ninguém gostou do argumento, como ainda por cima foi essa merda toda que deu azo à criação de um certo e determinado Estado que, por acaso, até desestabilizou todo o Médio Oriente, e provocou parte deste estrelaio mundial.

Eu penso que uma discriminação como esta é inadmissível, intolerável, intragável na terra da "liberdade, igualdade e fraternidade". Se vamos passar a viver em ditadura e passar para o modo "segurança máxima, máximo controle " então que os políticos tenham a coragem de dizer isso ao povo que vota neles.

O "pormenor" verdadeiramente sádico nesta questão, é que aparentemente é legal despedir estes funcionários por razões de segurança, mesmo que eles nunca tenham tido sequer um comportamento suspeito. Mais ainda, alguns dos futuros desempregados em questão são dirigentes sindicais. Cheira-me que "alguém" se quis livrar deles por serem incómodos, não por serem muçulmanos ou representarem alguma ameaça à segurança do aeroporto.

Ainda vamos chegar ao dia em que, para nos metermos num avião vamos ter que fazer uma TAC de corpo inteiro. Já andou mais longe. A última vez que viajei a partir de Charles de Gaule , e para um país de maioria muçulmana, quase que tive de tirar as cuecas - foi o cinto, foram os sapatos, todos os casacos que tinha, as pulseiras e o relógio. Mesmo assim, nesta figura, ainda fui considerada "ameaçadora" o suficiente para ser revistada de alto a baixo por uma senhora-polícia . Uma pessoa até tolera e tal. Acho que não apetece a ninguém morrer numa explosão lá em cima porque uma besta qualquer acredita que vai pró paraíso encontrar-se com as onze mil virgens a que tem direito. Mas despedir seja quem for, sem provas materiais contra as pessoas, só com base nas suas convicções religiosas mete-me verdadeiramente nojo.

Vou passar uns tempos sem dizer mal de Portugal.


publicado por parislasvegas, às 15:36link do post | comentar | ver comentários (1)

E hoje acabou a visita do riki e da blimunda com a extraordinária Ginga. As cadelas apaixonaram-se, mas ainda não sei se foi pela Ginga mesmo ou se foi pelas bolachinhas de bébé que ela estava sempre a enfiar-lhes na boca...

Também simpatizaram muito com os graúdos, mas o riki levou com umas rosnadelas valentes da bulldog quando (muito delicadamente, aliás) se pôs a dar-lhe ordens...umas mal educadas pá.

Andámos por Versailles, comemos foi grás e bebemos bom tintol portuga. Com bons amigos e boa pinga, não há problema que não se resolva.

Estava mesmo a precisar de passar umas noites animadas, com conversa interessante e sem ter que me preocupar com merdas protocolares. Os amigos verdadeiros são melhor bálsamo da vida. Muito obrigado MESMO pela vossa visita.

E vocês? do que estão à espera?


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