Participei hoje num encontro de comemoração dos 50 anos da marcha das mulheres pela igualdade na África do Sul (com algum descolamento " temporal, porque a efeméride foi a 9 de Agosto deste ano, mas pronto). Um colóquio muito interessante onde se debateu a condição feminina no mundo em geral e nos países em Desenvolvimento em particular.
É um orgulho (para elas, claro) ver que a nova democracia na África do Sul se encontra em terceiro lugar a nível de presença de mulheres nos órgãos de decisão política. As mulheres africanas são verdadeiras forças da natureza e a tradição, na África subsaariana é a da mulher enquanto chefe de família, da mulher que alimenta, educa e trabalha para melhorar a condição social e financeira da família.
Ao contrário de algumas de nós, europeias privilegiadas que gostam de fazer chantagem à conta dos filhos que temos para sacar uma pensão choruda ao ex-marido, as mulheres do Sul do Continente africano desunham-se em mil soluções criativas para aumentar o rendimento familiar em países que, seguindo a tradição anglo-saxónica, não têm nem saúde, nem educação gratuitas .
Ali sentada a ouvir mulheres de várias cores e feitios a falarem dos respectivos programas nacionais dirigidos às mulheres trabalhadoras, constatei que, até na Zâmbia, uma mãe que trabalhe tem melhores condições do que na Europa. Isto porque nós, as ocidentais, quisemos ser tão iguais, mas tão iguais aos homens que acabámos por estragar a nossa vida e aquele dos que nos rodeiam e, pior ainda, a dos nossos filhos. Gerações criadas sem acompanhamento, sem presença de mãe, sem tempo. Gerações largadas em frente à televisão ou na rua.
Por muito que a Ministra francesa da paridade se esforçasse a demonstrar com dados estatísticos o facto de França ser o melhor país da Europa para se ser mãe e trabalhar eu não consegui acreditar na Senhora. A taxa de natalidade aqui é mais elevada do que noutros países da Europa devido aos subsídios da Segurança Social e não devido ao acompanhamento real que as mães podem dar aos filhos, ou a facilidades com creches e amas.
A semana passada o país inteiro se chocava com mais um acontecimento à lá latino (à semelhança do que acontece em Portugal) - uma mãe de 19 anos que vivia sozinha com o seu filho de dois, resolveu estrangular o bebé quando a ama se despediu. Como é que ela ia poder continuar a sustentá-lo sem poder trabalhar? como ia poder tomar conta do miúdo e trabalhar ao mesmo tempo? Não conseguindo encontrar solução (e sendo produto da sociedade podre em que vivemos, acrescento eu) preferiu resolver o problema apertando o pescoço ao bebé
É esta a paridade que queremos? Será esta a sociedade em queremos viver?
Eu tenho a certeza que não e dispenso igualdades hipócritas que me obriguem a ser uma má mãe. Igualdade assim metam-na onde vos aprouver . Eu sou gaja porra . Sou diferente e gosto muito de o ser.