O aeroporto de Roissy , Charles de Gaule , um dos maiores da Europa comunitária, despediu 10 funcionários de religião muçulmana invocando o "princípio da precaução".
Este absurdo surreal de, na Europa chamada "civilizada" e "democrática" onde se reivindicam os direitos dos trabalhadores e dos seres humanos em geral, se despedir alguém com base na religião só prova até onde chegou a merda da paranóia.
Para onde vamos a seguir? todos os cidadãos de religião islâmica vão ser proibidos de trabalhar? vamos formar guettos onde as famílias muçulmanas viverão fechadas sem permissão de sair? vamos obrigar todos os muçulmanos a usar um sinal distintivo da sua religião?vamos expedi-los todos para campos de concentração e gazeá-los discretamente? Porra pá, este filme já nós vimos na Europa. Não só ninguém gostou do argumento, como ainda por cima foi essa merda toda que deu azo à criação de um certo e determinado Estado que, por acaso, até desestabilizou todo o Médio Oriente, e provocou parte deste estrelaio mundial.
Eu penso que uma discriminação como esta é inadmissível, intolerável, intragável na terra da "liberdade, igualdade e fraternidade". Se vamos passar a viver em ditadura e passar para o modo "segurança máxima, máximo controle " então que os políticos tenham a coragem de dizer isso ao povo que vota neles.
O "pormenor" verdadeiramente sádico nesta questão, é que aparentemente é legal despedir estes funcionários por razões de segurança, mesmo que eles nunca tenham tido sequer um comportamento suspeito. Mais ainda, alguns dos futuros desempregados em questão são dirigentes sindicais. Cheira-me que "alguém" se quis livrar deles por serem incómodos, não por serem muçulmanos ou representarem alguma ameaça à segurança do aeroporto.
Ainda vamos chegar ao dia em que, para nos metermos num avião vamos ter que fazer uma TAC de corpo inteiro. Já andou mais longe. A última vez que viajei a partir de Charles de Gaule , e para um país de maioria muçulmana, quase que tive de tirar as cuecas - foi o cinto, foram os sapatos, todos os casacos que tinha, as pulseiras e o relógio. Mesmo assim, nesta figura, ainda fui considerada "ameaçadora" o suficiente para ser revistada de alto a baixo por uma senhora-polícia . Uma pessoa até tolera e tal. Acho que não apetece a ninguém morrer numa explosão lá em cima porque uma besta qualquer acredita que vai pró paraíso encontrar-se com as onze mil virgens a que tem direito. Mas despedir seja quem for, sem provas materiais contra as pessoas, só com base nas suas convicções religiosas mete-me verdadeiramente nojo.
Vou passar uns tempos sem dizer mal de Portugal.