Ontem, secando que nem um bacalhau, num salão de honra de um dos inúmeros palácios desta cidade, deu-me um ataque de nostalgia, uma saudade da Ucrânia, como eu nunca pensei que me pudesse acontecer. Se eu não estivesse neste estado, diria que enlouqueci definitivamente, mas como as hormonas agora são desculpa para tudo (abençoadas..) digamos que o ataque de saudade foi provocado pelo sentimentalismo subjacente à minha condição de futura mãe.
Também não era para menos: de um alto de um grande palanque, coberto com uma tapeçaria do séc. XVIII, miravam-me com ares protocolares de grandes Excelências, uma série de gentes misturadas entre eslavo e persa, trocando impressões entre si na língua do império - o russo.
A primeira dama, uma espécie de Yulia Timoshenko sem as tranças loiras, resplandecia silicones com um vestido lindíssimo, muito embora com excessos de brilhantes para a ocasião. Gaspadin President , ouvia o hino nacional, firme e hirto, numa postura militar tipicamente soviética.
E ainda queriam que eu resistisse ??? Ali, metida naquele Salão, eu própria fazendo o melhor ar de Excelência que se pode arranjar (e a mais não se é obrigado...) só pensava na falta que me faz viver naquele ritmo de dia-a-dia tão surreal, que se chega a duvidar se é real o que se vive, que se chega a temer pela nossa sanidade mental de ocidental aculturado no lixo televisivo americano.
Já vos tinha dito que a Europa me maça????