Há gente que adora rituais e salamaleques. Desde o "Como está Senhor Doutor??" dito em voz pomposa, às precedências de passagem, rituais de cumprimentos, lugares protocolares e fórmulas de circunstância.
O protocolo foi inventado para eliminar conflitos. Quando toda a gente sabe as regras e, à partida, sabe o seu próprio lugar na dança não há razões para reclamar. Eliminando os conflitos inerentes ao facto dos homens de poder terem egos desproporcionados , já se pode conversar sobre o que realmente importa. Conclusão: as regras protocolares contribuem para o bom entendimento geral. Seja num salão de alta sociedade, ou numa sala de reuniões das Nações Unidas.
Compreendo perfeitamente e dedico-me a defender com unhas e dentes que aos meus seja dado o seu devido lugar e, se puder ser mais ainda, melhor. Afinal de contas somos latinos, todos gostamos de nos fazer passar por mais do que aquilo que somos. Mas daí até gostar dos salamaleques vai uma grande distância.
Devo confessar que olho com o maior desdém os que à minha volta dão maior importância à forma do que à substância. Prisioneiros do próprio ego, adoram vestir-se de plumas imaginárias e desembainhar os brasões de família ao mais pequeno pretexto. Esses não consideram o cerimonial como parte do ofício, esses vivem para ele.
E enquanto se anda às voltas com quem é que é o mais importante e quantos minutos é que se aperta o bacalhau de Sua Majestade, que se lixem os desgraçados do Darfur , morra a malta de Mogadisciu , exploda o pessoal na Chechénia e etc. Mas pronto, já estou a descambar. Prometi que não escreveria mais sobre coisas sérias...