Vou andando por aí a vaguear o mais que posso. Tento aproveitar os últimos tempos desta cidade apesar da barriga de quase nove meses. Quero vivê-la como se fosse minha nestes últimos dias, como se eu não fosse estrangeira (como todos os outros parisienses, aliás).
Tenho andado sinceramente deprimida. Por deixar Paris, por ter chegado a uma encruzilhada na minha carreira, por ter que abandonar tanta coisa que gosto. Certamente o facto de estar quase a parir tem acentuado a sensação de finalização de algo, de encerramento de capítulo -de closure " como se diz em inglês.
Ao mesmo tempo é preciso reagir e preparar-me para a nova vida - acabar de arranjar os últimos detalhes para a chegada do bebé mostrar a casa a agências de aluguer, negociar preços de companhias de mudanças internacionais, enviar Cvs , etc. Tudo isto me custa horrores quando só me apetecia ir dormir e acordar no próximo destino, já de bebé nos braços e de nova casa montada.
Entretanto foi repetindo os meus mantras : é preciso é ter saúde,com calma tudo se faz, isto vai correr tudo bem, tudo tem solução, e outras banalidades do género a que recorro quando começo a ficar seriamente atrapalhada. É nestas horas que a minha portugalidade emerge - através da psicoterapia barata (em todos os sentidos) do zé-povinho.