Histórias de uma portuga em movimento.
16
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 10:05link do post | comentar | ver comentários (3)

Vocês bem sabem como são os expatriados por esse mundo fora: não importa qual a nacionalidade, um expatriado que se preze queixa-se sempre do seu país e do país de acolhimento.

Às vezes penso que é para isso que as pessoas deixam casa, amigos e família - para se poderem queixar daquilo que deixaram, ao mesmo tempo que se queixam daquilo que têm.

Eu digo isto, mas não pensem que me isento desta categoria, se eu não estivesse sempre a querer estar onde não estou, não teria escolhido esta vida de sobressaltos.

 

Em todos os novos poisos, as primeiras impressões são sempre as mais importantes. Há sítios onde o salta à vista são as desvantagens - língua difícil, mau clima, burocracia kafkiana, povo desconfiado ou racista, etc. Outros há em que, inicialmente, só vemos as maravilhas - é o meu caso com a  Ilha.

 

Ando à espera da pancada. Porque, como tudo na vida, há sempre inúmeros aspectos escondidos, coisas que não estão à superfície e que apenas se conhecem quando estamos integrados o suficiente para quebrar a camada das aparências. E aí, normalmente, é que temos os choques.

 

Mas por enquanto é curtir:

 

- o clima - em meados de Novembro ainda tenho 25 graus durante o dia. Há mais de um mês que me dizem que o Inverno vai chegar e que este ano vem com força. Tudo o que não seja -30º com nevão acoplado já não é Inverno para mim. Venha ele.

 

- a língua - extremamente difícil. Mas tão bonita. Macacos me mordam se não hei de aprender esta coisa. Os amigos gregos bem ligam cá para casa já na língua nativa, mas eu não consigo passar do "parakaló!" e do "né!"* (se bem que só essas duas palavras já lhes provocam ataques de riso. Devo ter uma pronúncia bonita....).

 

-a dimensão - sinal de que estou a ficar velha é estar a gostar da dimensão da Ilha. Venho eu  de jantares no Costes, copos no Budha e window shopping nos melhores estilistas do mundo, de 3 horas perdidas por dia no trânsito, de cotoveladas no povo para apanhar um taxi, seria de esperar que estivesse agora a deprimir e a dizer que isto é uma parvalheira.

Nada disso. Adoro o facto de isto ser pequeno. De se poder ir de uma ponta à outra em horas. Adoro o facto de toda a gente se conhecer, o facto das pessoas da nossa idade ter família, filhos e uma vida sossegada aos fins de semana.

Claro que não sobreviveremos muito tempo a isto. Acho que temos de ir passar uns dias fora de vez em quando para nos mantermos um pouco loucos. Mas também acho que, pelo menos eu precisava de assentar um pouco.

 

- a paisagem - quando se sai dos centros urbanos é um consolo. E as "grandes" cidades aqui também são engraçadas, com influências de inúmeros povos que por aqui passaram. As aldeolas empoleiradas nas montanhas são extraordinárias.  Bem sei que nem apenas de paisagem vive uma mulher. Mas ajuda.

 

 

Ainda não conheço o suficiente para escrever sobre pessoas. Tenham paciência que lá chegaremos.

 

 

 

 

* Parakaló - uma palavra giríssima que serve para imensa coisa -" se faz favor", "faça o favor de dizer", "atenção" etc.

Né -" sim". É estranho. Talvez alguém me saiba explicar porque "Não" começa por " N" em inúmeras línguas - NON, NO, NEIN, NIET e em grego é o "sim" que começa por "N" e, aos ouvidos dos outros  Europeus, acaba por soar a "não"... 

 


15
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 18:12link do post | comentar
O saborozito no Sapo. E com nova receita também!
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14
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 20:49link do post | comentar | ver comentários (2)

 

O Kiko a dormir com a Angie a montar guarda.

 

Lá muito atrás, ao canto da foto vêem-se as patas da Shar-pei. Essa não se stressa com o puto: a cria é minha, eu que lhe dê atenção.

Já a Bulldog fica feliz quando eu permito estas proximidades com o Kiko. Às vezes não sei quem anda com o instinto maternal mais exacerbado, se eu se a cadela.


publicado por parislasvegas, às 10:57link do post | comentar | ver comentários (2)

Aqui guia-se à direita.

 

Esta manhã dei por mim a dizer: "filhadaputa já estou fora de mão outra vez!" por duas vezes.

 

 Só que não era eu.

 

Como é suposto guiar-se do lado certo se os próprios locais se estão cagando para as regras da estrada??

 

Coisas em que ninguém pensa: se alguma vez tiverem que guiar "do lado errado" escolham um carro automático. Meter mudanças com a mão esquerda é lixado.


12
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 13:29link do post | comentar
receita do dia já sabem onde
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publicado por parislasvegas, às 13:16link do post | comentar

O tempo não sabe nada, o tempo não tem razão
O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção
Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós
Meu amor, o tempo somos nós

O espaço tem o volume da imaginação
Além do nosso horizonte existe outra dimensão
O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor, huuum , tu cabes dentro de mim

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar

A nossa história começa na total escuridão
Onde o mistério ultrapassa a nossa compreensão
A nossa história é o esforço para alcançar a luz
Meu amor, o impossível seduz

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Eternamente tu

Jorge Palma

Esta era a canção que eu ouvia repetidamente no Verão do ano 2000, dizendo para mim mesma que, por mais divergentes que os nossos passos fossem, haveríamos de nos querer encontrar um dia. Sete anos passaram e eu continuo a pensar que o meu tesouro és tu.

Parabéns amor.


11
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 15:29link do post | comentar | ver comentários (2)
Novo saborozito, nova receita: tofu frito com vegetais, da categoria "saudável que até enjoa"
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09
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 10:18link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Continua um bebé calmo e bem-disposto. Faz muitas gracinhas e palra muito, mas NUNCA se consegue apanhar a sorrir para a câmara...

 

É relativamente antipático para as pessoas que não conhece (tem a quem sair), e eu estou agora a apanhar as vergonhas que a minha mãe apanhava comigo, porque cada vez que se vão meter com ele na rua bilu , bilu , que bebé tão fofo!) ele vira a cara...Mas claro que mereço.

 

Tem uma adoração especial pela buldogue , e anda sempre a tentar levantar-se na cadeira para lhe fazer festas. A cadela vai ser a motivação para ele gatinhar, andar, etc. Eu acho que ele vai aprender a dizer angie " antes de dizer mamã mas isso é outra história.

 

Estamos em pleno drama de desmame. O meu leite já não é suficiente, e tive que lhe substituir uma refeição. Esta semana passei para duas refeições de biberão e é uma autêntica salganhada. Cuspidelas, gritos e choradeira antes de se conformar e começar a comer.

 

Não é por falta de hábito ao biberão : desde que nasceu que bebe biberões com o meu leite (supostamente para evitar estas fitas) e não é porque não gosta do sabor do leite: no outro dia resolvi fazer a experiência com um biberão de leite em pó e outro com o meu leite. O sacana só quis beber o leite da Nestlé e cuspiu o meu todinho. Então o que é?? Bom, tenho para mim que o meu filho é um junkie da mama. É vício só, mais nada.

 

E para mim??Isto do desmame está a ser quase tão traumático como para ele. Pelo menos sei que o bebé já não anda sempre esfomeado, o que me deixa mais descansada, mas ainda ando muito triste por não ser a fonte exclusiva de alimentação do principezinho. E porquê? perguntam vocês e muito bem. Sei lá. Necessidade de controlo (já alguma vez mencionei que sou control freak??não??) acho eu. Instinto maternal dizem os especialistas.

 

Por falar em mim, passados estes quatro meses, estou a começar a vislumbrar uma gaja parecida comigo ao espelho. A tipa ainda tem bem uns 10 quilos a mais no lombo (talvez 8, vá lá), mas já tem cintura e muito menos pança. Esta fase é uma chatice para quem gosta ou tem mesmo que andar bem arranjada. Eu com dois pares de calças faço a festa, o problema é que já me caem pelo rabo abaixo, mas não vou comprar nada enquanto não estabilizar o peso.

 

Estamos todos muito desejantes que chegue a altura do Kiko se sentar - principalmente ele, que tenta por tudo mexer-se mais e conseguir mais liberdade do que estar deitado ou amarrado a uma cadeira.

 

As brincadeiras favoritas do Kiko são os sopros na barriga com a mãe e o avião com o pai. Também gosta duma tartaruga-pulseira em peluche (para brincar e para comer) que os manos lhe ofereceram. Continua fã do miau e do elefante, se bem que eu desconfio que aquele elefante é muito descarado. Não sei o que ele diz ao Kiko , mas é o único brinquedo com que o miúdo apanha ataques de nervos....

 

Se ele pudesse (se eu o deixasse) a brincadeira favorita dele seria o puxa-orelha , com a angie ...

 

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08
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 14:10link do post | comentar | ver comentários (4)

Cada vez que mudamos de país, há uma série de pequenas coisas a que nos temos de habituar, coisas que ninguém pensa mas que podem seriamente transtornar qualquer ser humano, como animais de hábitos que somos.

 

Por exemplo, não sei se algum de vós gosta da manteiga sem sal, mas eu, pessoalmente, odeio. Pois bem, fiquem sabendo que na Europa só em Portugal, na Irlanda, Dinamarca e França (e nem sempre) se produzem manteigas salgadas. Ora isso obriga-nos sempre a ir descobrir o supermercado (ou o vão de escada) onde se e vendem coisas para uma das comunidades mencionadas. Já vivemos em sítios onde não havia manteiga salgada à venda e acreditem que isso transtorna o pequeno-almoço a uma pessoa.

 

Nem em todo o lado se encontram todas as frutas e legumes a que estamos habituados.  O que fazer? nada. Remar com a maré e começar a cozinhar com o que existe, desde que se possa comer, estamos bem. A única coisa que me faz realmente falta são as ervas aromáticas e, quando não as há, cultivo-as em vasos na bancada da cozinha com sementes trazidas de Portugal. Felizmente aqui não temos esse problema, o que há mais são coentros e salsa. É uma alegria.

 

Bacalhau. Pois. Aí está outro hábito exclusivamente português que não se encontra à venda em supermercados por esse mundo, com excepção da região de Paris, onde podíamos comprar o bacalhau na venda do Senhor Ferreira, ou ir ao hipermercado e vir de bacalhau debaixo do braço (belos tempos). 

 

Sabemos de experiência própria que existe um bacalhauzinho muito aceitável em Atenas, muito embora não tão seco, nem tão salgado como o nosso, mas que se come muito bem. Aqui o problema do bacalhau ficou resolvido com um carregamento trazido numa das malas de viagem (sem roupa à mistura, claro)e que aguarda os dias de festa já demolhado no congelador.

 

Vinho. Outro. Lamentavelmente em todo o lado se encontram vinhos chilenos, sul-africanos, californianos e o diabo-a-sete mas portugueses é mentira. Aqui, devido à comunidade inglesa residente, há Rosé português e vinho verde à fartazana , mas tintol que é bom, está quieto.

 

Chouriços. Há 7 anos que vivemos de enchidos e presuntos espanhóis e italianos. É triste, mas é verdade. Com a devida pausa dos dois anos em Paris, onde comprávamos alheiras e morcelas caseiras que era um regalo.

 

O que se come então nesta casa?? Ainda ontem se comeu muito bem um Tofu caseiro (arranjado através de uns contactos com a comunidade asiática, porque não se vende disso nas lojas daqui) com rebentos de bambu, feito à moda de Hong Kong. Também se come muito italiano, japonês (quanto mais cru melhor),filipino, tai , indiano, ucraniano, vietnamita, francês e português. Os livros de receitas ocupam meia-bancada desta cozinha.

 

Diversificámos para nunca sentirmos falta de nada. Assim, apesar da falta de sal na manteiga, sentimo-nos em casa em qualquer lugar do mundo.

 

 Vem este post a propósito de uma pesquisa que fiz para encontrar receitas de humus libanês, que se tornou a minha entrada (mezze) favorita. 

 

Bom apetite!

 

 

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06
Nov 07
publicado por parislasvegas, às 22:09link do post | comentar | ver comentários (3)

 

Por vezes é difícil chamar os bois pelo nome, é preciso coragem e muita desilusão com o mundo para o fazer.

 

Eu já tinha achado o Blood Diamond um excelente filme, embora com algum sentimentalismo estúpido pelo meio (não comprei a regenaração do mercenário rodésio) já nomeava bastantes bois e acabou por trazer para a ribalta os problemas dos diamantes de sangue e das crianças-soldado.

 

 Mas bom mesmo é o Lord of War, baseado na história verídica de Yuri Orlov um ucraniano que se tornou nos anos 90, um dos maiores traficantes de armas do mundo. Recomendamos.

 

 

 

Ps- grande desilusão em DVD deste ano: Babel - como se diz em estrangeiro: plain stupid.

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