Histórias de uma portuga em movimento.
31
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 09:02link do post | comentar
Acabei de chegar dos correios, onde fui levantar a minha última encomenda da Amazon, o Persépolis da Marjane Satrapi, o Caramel da Nadine Labaki e a segunda temporada da série Roma.

Quando vou a sacar do passaporte para provar a minha identidade, a senhora dos correios diz-me que não é preciso apresentar documentos, que só o aviso da encomenda chegava. E eu perguntei-lhe o que aconteceria se um dos meus vizinhos tivesse resolvido roubar os avisos para ficar à borla com os DVDs que eu já tinha pago. Resposta: Não sei. Nunca aconteceu.(!!!!)

De regresso a casa, passámos pela loja de conveniência onde costumamos comprar cigarros, e o dono da loja pergunta ao meu marido - Tu, por acaso, não perdeste 100 euros?
O Xano até tinha dado pela falta do dinheiro a semana passada, mas não consegue lembrar-se se o perdeu ou se até o gastou...
O dono da loja continua com as suas explicações: "Entrou cá um cliente que encontrou 100 euros em cima do balcão e foi dá-los à polícia (????!!!!!!!)" Entretanto estivémos a ver as cassetes de vigilância e achamos que o dinheiro é teu porque entraste imediamente antes do cliente que o encontrou""A chatice é que não se vê se foste mesmo tu que largaste o dinheiro ali, por isso te pergunto se é teu". No meio de tanta honestidade, o meu marido teve que admitir que não se conseguia lembrar se tinha mesmo perdido o dinheiro ou se o teria largado nos bolsos do outro par de jeans.

Esta honestidade de aldeia, possível apenas num sítio tão pequeno quanto este, onde as pessoas discutem com os polícias de trânsito a tratá-los por tu porque lhes conhecem a família toda (Passas a multa nada, depois de tanta fralda que te mudei!!!), contrasta com as pequenas aldrabices (de aldeia também) dos comerciantes cá do sítio. Por exemplo, cada vez que compro uma galinha, nunca sei se me vai trazer dois pescoços em vez de moelas, a última trazia-me dois fígados e não tinha coração.....


30
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 21:49link do post | comentar
Todas as mães de primeira água, especialmente as mães que trabalhavam mais de 10 horas por dia antes de terem crianças, escrevem nos respectivos blogs sobre as resmas de livros de lêem, ou sobre as horas de televisão que vêem.

Eu consegui resistir até agora.

A verdade é que os últimos 9 meses têm sido passados a papar filmes, séries e livros, num ritmo inimaginável.

Eu que já conseguia ler uma média de 2 livros por semana, agora tenho que parar de ler porque o orçamento não dá para tanto. São os aspectos positivos da maternidade, para além de conseguir acompanhar os nossos pequenos.

Estou aqui à frente da TV a ver " The spy who loved me" de 1977, pela primeira vez.

Apesar do Roger Moore não ser o meu 007 favorito, e das Bond Girls serem mais gordas do que eu (meu Deus, como o conceito de mulher sexy mudou em 30 anos!!!) o filme safa-se pelas cenas lindas de perseguição no espectacular Lotus Esprit ( eu e a minha paixão por Lotus), o cenário fantástico do Egipto e a quantidade de pancadaria corpo a corpo em hotéis de luxo, filmadas com os protagonistas em smoking e em vestido de noite. Chamem-me snob, mas por isto é que eu gosto de Bond, James Bond.
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29
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 12:09link do post | comentar

Os meus duches transformaram-se em experiências desagradáveis. Isto é só um dos muitos exemplos de como as coisas estão a piorar globalmente. Um dia virá em que nem água para beber teremos, muito menos água para duches...

A nossa casa é meio verde. Meio porque funciona a electricidade, gasóleo e energia solar. Por um lado, foi inteligente fazer a coisa assim, porque vivendo numa ilha, existem inúmeras coisas    que podem falhar, mas o sol, esse, brilha aqui todos os dias. O único senão é que o sistema de painel solar é bastante arcaíco e é preciso esperar uns bons 10 minutos para a água sair quente da torneira.

Ora nesta crise de água, eu não tenho 10 minutos de depósito para desperdiçar, de maneira que os meus dias começam com um duche gelado, coisa que me deixa com humor de cão nas 3 ou 4 horas seguintes. Não tenho outro remédio senão habituar-me.

Isto tem-me feito lembrar uma vez que fomos para uma ilha daquelas que ninguém sabe o nome e é preciso não-se-quantos barcos para lá chegar. Era uma ilhota linda à beira do Pacífico e tínhamos reservado o melhor hotel lá do sítio (a 60 dólares a noite, ou coisa que o valha). Na internet dizia que os bangalows tinham ar condicionado, frigorifico e outros luxos da vida moderna, como secador de cabelo. Quando lá chegámos vimos um cartaz que dizia "Dear tourists: Sorry. No electricity from 10 a.m to 2 p.m and from 5 p.m. from 5 a.m. We are living in an island. That's life!"* e lá se foram os luxos modernos...

É importante tentarmos reduzir o nosso impacto ecológico no mundo. Muito em breve, todos viveremos assim.




*Caros turistas: Desculpem. Não há electrcidade das 10 da manhã às 2 da tarde e das 5 da tarde às 5 da manhã. Vivemos numa ilha. É a vida!

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27
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 14:05link do post | comentar | ver comentários (2)
Ironia: está a chover. À velocidade de quatro pingos por minuto, mas sim é chover que eu ainda me lembro como é que a coisa se processa.

O jardim agradece, o resto da casa vai ficar um nojo. Uns pingos de água na poeira das tempestades de areia dos últimos dia vão formar uma meleca nojenta. Paciência, vamos ter que esperar que a esfregona consiga arrancar a trampa porque,como é óbvio, é proibido limpar o chão  à mangueira.

De qualquer modo não vale a pena limpar porque amanhã vamos ser novamente visitados pelas areias egípcias.

Aliás é da seca e das tempestades de areia que vem a alcunha "afectuosa" que os locais dão à Ilha. "Dusty rock". "Rochedo" porque não tem água e a paisagem é despida de verde quase o ano todo. "Poeirento" bem, nem é preciso explicar, não é??

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publicado por parislasvegas, às 13:06link do post | comentar
A partir de amanhã deixa de haver água corrente.

Choveu um único dia em todo o Inverno, a Ilha não tem rios, de modo que é totalmente dependente de uma única barragem, que recolhe água das chuvas e das neves derretidas que escorrem da única montanha cá do sítio.

Essa barragem encontra-se totalmente vazia já há alguns meses. O que quer dizer que andámos a gastar reservas, sem nenhum tipo de poupança até chegar agora a esta situação extrema.

O problema é que ninguém tem planos de emergência para estas ocasiões que se vão tornar a regra em todo o Sul da Europa e no Médio Oriente.

O que se tem visto até ao presente são exemplos de como não gerir recursos naturais e de populações inteiras mal formadas para lidar com a escassez de água.

Enquanto nós, estrangeiros nesta terra, já tínhamos percebido que a seca nos iria afectar directamente, já tínhamos desligado a rega do jardim, já não lavávamos carros, não deixávamos a água do chuveiro a correr enquanto nos ensaboávamos, os nossos vizinhos continuavam descaradamente a lavar carros na rua e a ostentar as mangueiras nos seus canteiros, num desperdício estúpido de água.

A mentalidade deve ser:  já que vamos ficar todos lixados, pelo menos desperdiço até poder.

Entretanto à conta da parvoíce alheia, vou ter que fazer vida de dona de casa do século XIX, com alguidares por todo o lado, com as roupas e louças lavadas em água que vai depois servir para regar o jardim, Vamos depender de um depósito que sabe Deus o que lá vai dentro, porque só é desinfectado uma vez por ano. Voltamos aos tempos de tomar duche de boca muito bem fechada e de esterilizar tudo para o Kiko.Uma verdadeira seca...
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25
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 18:25link do post | comentar
É oficial: na última semana o Kiko, que fala um bosquimano cheio de estalidos de língua e outros sons estranhos, começou a dizer uma palavra.

 Até agora, conseguia repetir sons que lhe fazíamos mas não conseguia ligar as palavras às coisas ou pessoas, até começar a usar correctamente o MNHAMMNHAN.

Mnhamnhan quando tem fome, mnhamnhan quando mostra orgulhosamente uma bolacha, mnhamnhan quando me vê chegar com o prato na mão.

E nós feitos parvos a pensar que seria mãmã ou papá....
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publicado por parislasvegas, às 11:51link do post | comentar
Bem vindo  a este mundo pequenote!!!*



*Nasceu ontem, em Milão, o segundo bisneto dos meus avós. E nós aqui espalhados pela Europa todos cheios de vontade de o ver....
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23
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 19:28link do post | comentar | ver comentários (1)
Cá vivemos num ambiente de não páscoa .
Regidos pelo calendário ortodoxo , ainda andamos na quarentena de jejum mais quinze dias até celebrar a ressurreição .
Nós os estranhos, que andamos nas calendas gregorianas, temos aproveitado como podemos estes dias de feriado oficial nos nossos países para festejar à grande, enquanto os locais jejuam e trabalham.
Sexta-feira Santa foi passada no meio da minha primeira tempestade de areia (é sempre uma excitação!) nuns sufocantes 26 graus. A óbvia solução foi fugir para a costa e ir molhar os pezinhos , que é o que esta terra tem de bom.
Noite santa tivemos nós no sábado, festejando a ressurreição entre católicos, ortodoxos e protestantes, no meio de muita caipiroska acompanhada de rena fumada. Juro que nunca tinha ouvido conversa tão alucinante como a que teve lugar entre a suiça e a americana que estavam à minha frente no buffet: "Do you want Rudolph's balls ???" This poor thing had an early retirement . Surelly Santa was pissed with it this Christmas "
O Domingo de Páscoa começou com o regresso a casa às 5 da manhã, para fechar os olhos duas horas antes que o bebé acordasse. Tudo tem um preço nesta vida, não é???
A festa pascoal continuou em nossa casa, com um jantar tuga de queijos e vinho tinto, a que metade da malta não compareceu por problemas que se prendem com os efeitos das caipiroskas consumidas na noite anterior.  E nem sequer têm filhos de colo a acordar às sete da manhã. Cambada de fraquinhos....
Espera-se a continuação da desgraça, daqui a quinze dias, quando festejaremos com o mesmo afinco a Páscoa ortodoxa. Afinal de contas, um dos valores primordiais da Europa é a não discriminação de crença...







21
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 16:48link do post | comentar
Ouvem-se foguetes à distância, ou talvez rajadas de metralhadora, mas de qualquer forma,  são tiros festivos. Talvez pelas conversações de hoje, adiadas por mais três meses, ou pela promessa de abrir, finalmente, a rua principal da Capital, cortada à livre circulação há mais de trinta anos. De qualquer forma, dizem que a rua vai ser aberta logo que seja "tecnicamente possível" o que, para mim, atira a coisa lá para as calendas...

Há pequenos pormenores que nos fazem aperceber que estamos em pleno Médio Oriente, apesar de, lá está, tecnicamente, estarmos em plena UE.

Hoje na bomba de gasolina estava um gabirú a atestar o depósito de cigarro ao canto da boca e de motor ligado (só lhe faltava o telemóvel). A hora de ponta é uma salganhada oriental de carros atravessados na estrada, apitadelas e peões que passam sem olhar e na maior das calmas. Estacionamento em contramão, crianças sem cinto de segurança, eu sei lá. Parece Portugal há vinte anos, com a diferença da paisagem que me faz lembrar uma faixa de gaza sem os buracos dos rockets .

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16
Mar 08
publicado por parislasvegas, às 21:16link do post | comentar

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