Ouvem-se foguetes à distância, ou talvez rajadas de metralhadora, mas de qualquer forma, são tiros festivos. Talvez pelas conversações de hoje, adiadas por mais três meses, ou pela promessa de abrir, finalmente, a rua principal da Capital, cortada à livre circulação há mais de trinta anos. De qualquer forma, dizem que a rua vai ser aberta logo que seja "tecnicamente possível" o que, para mim, atira a coisa lá para as calendas...
Há pequenos pormenores que nos fazem aperceber que estamos em pleno Médio Oriente, apesar de, lá está, tecnicamente, estarmos em plena UE.
Hoje na bomba de gasolina estava um gabirú a atestar o depósito de cigarro ao canto da boca e de motor ligado (só lhe faltava o telemóvel). A hora de ponta é uma salganhada oriental de carros atravessados na estrada, apitadelas e peões que passam sem olhar e na maior das calmas. Estacionamento em contramão, crianças sem cinto de segurança, eu sei lá. Parece Portugal há vinte anos, com a diferença da paisagem que me faz lembrar uma faixa de gaza sem os buracos dos rockets .