A partir de amanhã deixa de haver água corrente.
Choveu um único dia em todo o Inverno, a Ilha não tem rios, de modo que é totalmente dependente de uma única barragem, que recolhe água das chuvas e das neves derretidas que escorrem da única montanha cá do sítio.
Essa barragem encontra-se totalmente vazia já há alguns meses. O que quer dizer que andámos a gastar reservas, sem nenhum tipo de poupança até chegar agora a esta situação extrema.
O problema é que ninguém tem planos de emergência para estas ocasiões que se vão tornar a regra em todo o Sul da Europa e no Médio Oriente.
O que se tem visto até ao presente são exemplos de como não gerir recursos naturais e de populações inteiras mal formadas para lidar com a escassez de água.
Enquanto nós, estrangeiros nesta terra, já tínhamos percebido que a seca nos iria afectar directamente, já tínhamos desligado a rega do jardim, já não lavávamos carros, não deixávamos a água do chuveiro a correr enquanto nos ensaboávamos, os nossos vizinhos continuavam descaradamente a lavar carros na rua e a ostentar as mangueiras nos seus canteiros, num desperdício estúpido de água.
A mentalidade deve ser: já que vamos ficar todos lixados, pelo menos desperdiço até poder.
Entretanto à conta da parvoíce alheia, vou ter que fazer vida de dona de casa do século XIX, com alguidares por todo o lado, com as roupas e louças lavadas em água que vai depois servir para regar o jardim, Vamos depender de um depósito que sabe Deus o que lá vai dentro, porque só é desinfectado uma vez por ano. Voltamos aos tempos de tomar duche de boca muito bem fechada e de esterilizar tudo para o Kiko.Uma verdadeira seca...