Sim, o amor é vão No sopro do coração... Mas nisto o vento sopra doido Corto em dois limão No sangue do coração No sopro do coração... Letra: Sérgio Godinho O Português é a minha língua favorita: pelas óbvias razões - das seis línguas que falo e escrevo, é nesta que penso, sonho e faço amor. É a língua que falo em casa, em que me exprimo com o marido e filhos, é a minha língua de berço, a minha casa. O Diário de Notícias faz uma homenagem à Sophia de Mello Breyner, pelos cinco anos da sua morte. Num dos textos, o filho Xavier diz: "já ninguém lê poesia". Se é assim, eu sou ninguém. A poesia em português é essencial ao meu equilíbrio psicológico, seja um poema cantado do Sérgio, ou um dos fenomenais poemas da Sophia (que ainda sabem melhor quando lidos à beira do Mediterrâneo). Esta língua são as raízes que eu vou transmitir ao meu filho. Espero que ele também escolha o português como sua casa.
É certo e sabido
Mas então (porque não) porque sopra ao ouvido
O sopro do coração
Se o amor é vão
Mera dor
Mero gozo
Sorvedouro caprichoso
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas,
Raras
Raras
Raras
Chego ao ouvido
Ao frescor
Ao barulho
Á acidez do mergulho
Pulsar em vão
É bem dele
É bem isso
E apesar disso eriça a pele