Histórias de uma portuga em movimento.
20
Out 10
publicado por parislasvegas, às 11:41link do post | comentar

 

 

Ainda os cabrões dos anos 80.

 

No fim de semana passado a tentar explicar à Matilde, 8 anos, como se fazia uma face do Rubik (UMA!):

 

E vês, vais assim e depois tens que posicionar as peças (e ela - olhava para outra coisa)

(e eu) Mau! queres que te explique ou não?

(e ela) Sim tia, mas tem que ser mais rápido.

(e eu explicava rápido)

(e ela) Agora não percebi nada

(e eu) Pois claro, há coisas que têm que ser com calma

(e ela) isto é muito aborrecido. Vocês brincavam mesmo com isto quando eram crianças??

 

Medo...

 

 


publicado por parislasvegas, às 11:18link do post | comentar

Como eu já disse neste blogue, eu tenho uma memória muito semelhante a um queijo suiço.

 

Comecei a reparar nisso muito cedo e, temendo um alzheimer precoce, faço milhentos exercícios para a memória, puzzles, palavras cruzadas, enfim  tudo o que está ao meu alcance para melhorar o estado da musculatura da matéria cinzenta.

 

Noto que sou bastante ágil a fazer cálculos ou a tirar conclusões (o chamado "penso rápido"), mas que continuo um desastre nas memórias de médio prazo.

 

As de longo prazo estão óptimas, desde o que eu estava a fazer no exacto momento em que soube da morte do Primeiro-Ministro Sá Carneiro em 1983 até aos sapatos que a minha madrinha usava em 1979.

 

Ultimamente ando a ter inúmeros exemplos de que a situação está a piorar. Hoje de manhã tive um deles:fui a uma Conferência onde uma das minhas colegas de Universidade (da mesma turma!!) era oradora e não a reconheci (ela também não deve estar melhor do que eu porque também não me reconheceu, já não me sinto isolada).

 

Inversamente, e deve ser de tanta conversa de orçamento e de crise, ando a lembrar-me de imensas rábulas da TV dos anos 80. Quem não se lembra da Ivone Silva a fazer de Olívia Patroa e Olívia Costureira? Ou quem não se lembra do Agostinho e da Agostinha em plena desgraça etílica em crítica ao sistema (isto é que vai uma crise, para esquerda, isto é que vai uma crise, para direita!).

 

Com a continuação do apertão de cinto, o mais certo é eu voltar a usar camisolas de nylon e começar a comprar vinho ao garrafão. Por enquanto, vou-me rindo (ainda) com as memórias que esta situação de caca me tem despertado.

 

 Infelizmente, não posso fazer isto render, porque a concorrência é feroz. Se eu tivesse a memória no sítio, quem teria criado a "caderneta de cromos" teria sido eu.

 

 

 

 

 

 

 


13
Out 10
publicado por parislasvegas, às 12:55link do post | comentar

A minha lista de compras de supermercado está marcada no Iphone. Todos os meses me faz um cálculo daquilo que estou a gastar e daquilo que já tenho em casa.

 

Na net tenho listas nos supermercados virtuais e encomendo tudo para entrega ao domicílio, vou controlando stocks com o cruzamento de dados entre Iphone e listas virtuais.

 

Estas listas articulam-se com softwares de receitas onde, finda a minha imaginação de fada-do-lar-de-cinco-pessoas, posso encontrar ideias que se adaptem aos ingredientes que tenho em casa.

 

As finanças lá de casa são controladas por Iphone com uma aplicação especial para o efeito.

 

Muito longe do sistema dos envelopes, mas igualmente eficiente e útil.

 

A única diferença é que comprar meia dúzia de envelopes fica bem mais barato do que comprar um Iphone e manter o bicho com ligação à net.

 

Modernices....


12
Out 10
publicado por parislasvegas, às 15:14link do post | comentar | ver comentários (1)

Do chorrilho de asneiras que se disseram ontem no "prós e contras" da RTP1 (a sério - aquilo é uma jornalista??) o que mais me impressionou foram as declarações de um tal rapaz que lá andava no público e que era Secretário-Geral de uma coisa qualquer dos alunos da Universidade de Lisboa e tinha feito uma tese sobre a "geração à rasca". Eu nem fixei o nome da criatura porque não estava a prestar a devida atenção, confesso, mas fiquei siderada quando o rapaz em causa, barbado e com certeza mais perto dos 30 do que dos 20 afirmou com um ar de inocente que a nova geração não podia encontrar soluções para os problemas nacionais, porque nem os "adultos" tinham conseguido fazê-lo.

 

Assim mesmo: "adultos", o que quer dizer, que o rapaz, tese e tudo, doutorando, mestrando o raio que o parta, considera-se uma criança desprotegida. Que maior parte do povo português esteja infantilizado e espere que "os outros" encontrem uma solução "para isto" não me admira. São pessoas que cresceram em ditadura, são pessoas que não têm educação, pessoas que nunca foram ensinadas a ter iniciativa e nunca foram encorajadas a pensar. A culpa é sempre "da situação" e cabe sempre aos "lá de cima" a resolução de seja do que for, desde o mau tempo que se faz sentir à falta de produtividade. Mas que a nova geração seja igual, crescendo em democracia consolidada, tendo muito mais oportunidades de desenvolvimento do que a anterior, com os sacrifícios todos dos paizinhos e depois continuar à espera que "alguém" resolva a crise, quando já nem votam, nem têm consciência política nem envolvimento de cidadania, é obra!

 

Eu sou da geração rasca. Sou daqueles que andaram nas manifestações contra coisas várias. Reconheço que não teve efeito nenhum andar a mostrar o rabo à Ministra da Educação, reconheço que poderia ter ser feito de uma forma mais civilizada e mais simpática.

 

Sou da geração que andou sempre a refilar e hoje, gordos e alguns já carecas, nós as gajas de cintura mais quadrada e já a pintar o cabelo, hoje só queremos que os tostões sejam suficientes para pagar os ATLs aos miúdos e a gasolina para ir trabalhar.

 

A geração rasca que, metida em fraldas a tarde e a más horas (consequência de se tirarem cursos superiores e se querer fazer uma carreira de jeito para dar o melhor aos filhos), já quase quarentões e pais de miúdos pequenos,  nos vamos reformar aos 70 anos sem direito a pensões do Estado e aos 60 ainda vamos estar a pagar propinas às crianças. Não podemos educar os nossos filhos neste rame-rame.

 

Se não educarmos os miúdos para serem activos, para se desenrascarem, enfim, para pensarem e agirem pela própria cabeça, estamos tramados. Nós, eles e o país. Porque temos que ser nós a formar uma próxima geração de jeito, uma vez que estes, os que deveriam agora estar a entrar no mercado de trabalho (e não entram porque não há mercado) vão ficar infantilizados e dependentes para todo o sempre.

 

Não deve ser fácil ir tirar um curso superior para se ficar desempregado, não deve ser fácil viver na casa dos pais até aos 35 anos, querer independência e não ter recursos financeiros para isso, mas a vida não é só fado. A vida é, acima de tudo, acção. E, sobretudo quando estamos "à rasca" não se pode ficar à espera que "os adultos" resolvam "isto".


04
Out 10
publicado por parislasvegas, às 16:01link do post | comentar

 

 

 

Em Grego, a palavra para "chantagem" é a mesma que para "extorção". A ideia subjacente é a mesma, utilizar uma violência física ou psicológica, ou mesmo a ameaça disso para obter o que se quer. Eu estou com os gregos e acho que são duas palavras que carregam o mesmo conceito vergonhoso.

Mais vergonhoso ainda quando se aplica a seres humanos que ainda não têm personalidade formada. Ainda mais nojento quando se faz depender disso a vida de um animal indefeso. Se eu estivesse a escrever um romance não teria conseguido criar um personagem tão asqueroso, mas, por vezes, a realidade é muito mais estranha do que a ficção. Desta vez, passaste as marcas todas da decência.

Shame on you.


01
Out 10
publicado por parislasvegas, às 14:57link do post | comentar

When you set out for Ithaka
ask that your way be long,
full of adventure, full of instruction.
The Laistrygonians and the Cyclops,
angry Poseidon - do not fear them:
such as these you will never find
as long as your thought is lofty, as long as a rare
emotion touch your spirit and your body.
The Laistrygonians and the Cyclops,
angry Poseidon - you will not meet them
unless you carry them in your soul,
unless your soul raise them up before you.

Ask that your way be long.
At many a Summer dawn to enter
with what gratitude, what joy -
ports seen for the first time;
to stop at Phoenician trading centres,
and to buy good merchandise,
mother of pearl and coral, amber and ebony,
and sensuous perfumes of every kind,
sensuous perfumes as lavishly as you can;
to visit many Egyptian cities,
to gather stores of knowledge from the learned.

Have Ithaka always in your mind.
Your arrival there is what you are destined for.
But don't in the least hurry the journey.
Better it last for years,
so that when you reach the island you are old,
rich with all you have gained on the way,
not expecting Ithaka to give you wealth.
Ithaka gave you a splendid journey.
Without her you would not have set out.
She hasn't anything else to give you.

And if you find her poor, Ithaka hasn't deceived you.
So wise you have become, of such experience,
that already you'll have understood what these Ithakas mean.

 

 

Constatino Cavafis

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publicado por parislasvegas, às 13:14link do post | comentar

 

Hoje consegui uma foto de pombos esvoaçando em contra-luz e descobri que vive uma colónia de periquitos selvagens numa palmeira de um jardim da vizinhança, hoje olhei para coisas pequenas que me fizeram feliz.

O mundo até pode desmoronar em redor, mas a visão do Tejo em pleno Sol de Inverno ameniza tudo.


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