Como eu já disse neste blogue, eu tenho uma memória muito semelhante a um queijo suiço.
Comecei a reparar nisso muito cedo e, temendo um alzheimer precoce, faço milhentos exercícios para a memória, puzzles, palavras cruzadas, enfim tudo o que está ao meu alcance para melhorar o estado da musculatura da matéria cinzenta.
Noto que sou bastante ágil a fazer cálculos ou a tirar conclusões (o chamado "penso rápido"), mas que continuo um desastre nas memórias de médio prazo.
As de longo prazo estão óptimas, desde o que eu estava a fazer no exacto momento em que soube da morte do Primeiro-Ministro Sá Carneiro em 1983 até aos sapatos que a minha madrinha usava em 1979.
Ultimamente ando a ter inúmeros exemplos de que a situação está a piorar. Hoje de manhã tive um deles:fui a uma Conferência onde uma das minhas colegas de Universidade (da mesma turma!!) era oradora e não a reconheci (ela também não deve estar melhor do que eu porque também não me reconheceu, já não me sinto isolada).
Inversamente, e deve ser de tanta conversa de orçamento e de crise, ando a lembrar-me de imensas rábulas da TV dos anos 80. Quem não se lembra da Ivone Silva a fazer de Olívia Patroa e Olívia Costureira? Ou quem não se lembra do Agostinho e da Agostinha em plena desgraça etílica em crítica ao sistema (isto é que vai uma crise, para esquerda, isto é que vai uma crise, para direita!).
Com a continuação do apertão de cinto, o mais certo é eu voltar a usar camisolas de nylon e começar a comprar vinho ao garrafão. Por enquanto, vou-me rindo (ainda) com as memórias que esta situação de caca me tem despertado.
Infelizmente, não posso fazer isto render, porque a concorrência é feroz. Se eu tivesse a memória no sítio, quem teria criado a "caderneta de cromos" teria sido eu.