Histórias de uma portuga em movimento.
30
Ago 05
publicado por parislasvegas, às 02:13link do post
Felizmente, nos tempos que correm, contacto com poucas pessoas. Para dizer a verdade, cheguei ao ponto em que as pessoas, em geral, me irritam - tipo "quanto mais conheço a humanidade mais gosto dos meus cães" - sempre achei piada à frase, nunca pensei que se fosse aplicar a mim. Eu gostava de pessoas, gostava de meter conversa, de conhecer gente nova. A minha falta de pachorra para gente em geral, advém de factores externos e internos: externos porque o raio do meio onde me movimento é bastante chatinho. Toda a gente que se conhece tem que exibir, logo no primeiro encontro, o poder, dinheiro, influência e operações plásticas que têm. Internos, porque reconheço que a culpa também é minha, porque há uns anos atrás esta gente em vez de me chagar, divertia-me. E reconheço que a abordagem divertida é bastante mais saudável do que a que tenho agora.
Isto a propósito de um cromo que conheci este fim-de-semana. Ou uma croma, para ser mais exacta. A típica-eslava-com-namorado-estrangeiro-20-anos-mais-velho-e-podre-de-rico. Passei-me. Tive que me controlar valentemente durante uma noite inteira para não lhe ir ao focinho. Juro! Fiquei mais consolada, quando me apercebi que a outra fêmea da mesa (uma tipa gira e com cérebro) também lhe teria aviado um tabefe com a melhor das boas vontades.Uf, pelo menos não sou caso único.
A noite começou logo bem. A rapariginha em causa, deixou 5 pessoas à espera durante meia hora porque precisava de secar o cabelo, atrasou o jantar todo e, quando finalmente, nos deu a honra da sua companhia lá apareceu, altíssima, loiríssima, magríssima e com ar de quem tem merda alojada no lábio superior (sabem, aquela expressão de nariz e testa enrugados como se estivessem a cheirar merda o tempo todo...).Nem uma frase de desculpas por ter deixado 5 otários na seca. Logo de seguida, fez-me passar a maior vergonha da minha vida num restaurante.
Para entender esta parte é preciso conhecer os preconceitos que os russos têm relativamente aos ucranianos, portanto digo apenas que a tipa se comportou como uma verdadeira negreira, tratou os empregados a baixo de escravo, só faltou puxar de um chicote. Foi desagradável, mal educada e racista. E começava as frases todas com: "aqui o meu marido italiano diz que..." para demonstrar que era melhor do que qualquer empregadinha de restaurante só à conta de ter um gajo estrangeiro ao lado. Quando eu já estava quase a aviar-lhe um tabefe no focinho, com o devido raspanete por ser estúpida e mal educada, a outra fêmea da mesa lança a frase-pesadelo da noite: "Então Anna, conta-nos quais são os teus interesses". Essa deu-nos direito a uma hora e meia de chorrilho de asneiras pegadas. Toda a conversa girou em torno da possibilidade de obter um visto permanente para a Europa, viver com o dinheiro do tipo estrangeiro e ter as coisas que as amiguinhas dela que-também-casaram-com-gajos-ricos têm. Isto incluí uma casa enorme com jardim, um mercedes descapotável e um personal trainer para não perder o corpinho que lhe trouxe o-gajo-rico-que-me-vai-sustentar-a-peso-de-ouro. NÃO HÁ PACHORRA......
Claro, que como eu não sou boa, volto-me para a outra-fêmea da mesa e faço exactamente a mesma pergunta. Lá consegui desviar a conversa e fiquei a saber que a minha-nova-amiga acabou agora um doutoramento numa área interessante do direito, que está a trabalhar numa instituição europeia e a tentar especializar-se profissionalmente no seu campo de estudo. Claro que a outra fez novamente aquele ar-de-merda-no-lábio-superior. Quando o assunto não é moda, exercício, jóias e etc, a tipa perde-se.
A noite acabou, para grande alívio geral (penso eu) quando a menininha se começou a queixar (mais a choramingar, para dizer a verdade) que estava muito frio na rua e que estava cansada, que lhe doiam os pés, que queria ir pró hotel, etc...O mais estúpido, no meio disto tudo, é que o tipo com quem ela estava até é um homem bastante simpático, inteligente e com interesses variados. Fiquei com a ideia de que aquela mulher é uma boneca que o tipo comprou. Talvez a gaja não seja sequer de carne-e-osso. Pode ser um silicone falante, quem sabe...
Três dias depois, encontro um dos participantes nesse bem-dito jantar. Agradeci-lhe a companhia e a simpatia de nos ter convidado. Não sei se o meu sorriso deixou transparecer algum amarelado da alma, a verdade é que ele resolveu acrescentar " As minhas mais sinceras desculpas, em nome do meu amigo. É terrível, mas aquele homem tem uma atracção fatal por mulheres estúpidas". Eu não poderia ter fraseado melhor....

De
( )Anónimo- este blog não permite a publicação de comentários anónimos.
(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



O dono deste Blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

mais sobre mim
Agosto 2005
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
19
20

21
24
27

28


arquivos
2014:

 J F M A M J J A S O N D


2013:

 J F M A M J J A S O N D


2012:

 J F M A M J J A S O N D


2011:

 J F M A M J J A S O N D


2010:

 J F M A M J J A S O N D


2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


2007:

 J F M A M J J A S O N D


2006:

 J F M A M J J A S O N D


2005:

 J F M A M J J A S O N D


2004:

 J F M A M J J A S O N D


pesquisar neste blog
 
subscrever feeds
blogs SAPO