Não percebo porque é que um livro tem que ser mau só porque já vendeu 160 mil exemplares. Se assim é, também não percebo porque é que o Saramago é tão bom se as primeiras edições esgotam quase imediatamente. A diferença é que malta deve ter comprado o Sousa Tavares para ler, enquanto o Saramago é só para decorar a estante.
Na minha opinião o livro é bom. Fora do que se faz em Portugal, muito anglo-saxónico e muito recomendável como leitura de férias. Um romance levezinho, portanto, mas sem a incrível estupidez de um "Sei lá" ou obras do género, que eu nem usaria para limpar o rabo, quanto mais para ler.
Para mais, a história do Senhor Governador de São Tomé e Princípe agradou-me sobremaneira. Mais um caso trágico-cómico de um Alto Funcionário da Nação que, tentando desempenhar as suas funções correctamente e vendo que a Pátria se estava bem a cagar d'alto para ele, em particular, e para S.Tomé em geral, resolve o caso "à la Camilo" com um tiro de revólver bem assente na cornadura. Fantástico!
O mais engraçado é que a história se passa em 1903 e, eu pessoalmente, não vejo grandes mudanças nem na mentalidade portuga descrita, muito menos administração "do Reino". Mas para isso basta ler o Eça!
Daqui se pode concluir que o nosso país é um dos únicos coerentes no mundo: insiste em fazer merda, mesmo quando tem vários séculos de experiência demonstrando os maus resultados! E viva Portugal!